Fundação da Misericórdia do Soito
Porque as fontes de informação acerca da SCMS eram
escassas ou se encontravam dispersas por locais inacessíveis, vários
historiadores situaram a sua fundação por alturas de fins do século dezanove o
que não passa de um acto de puro metacronismo.
O reconhecido historiador Pinharanda Gomes, em História da
Diocese da Guarda página 387 diz, citando Origens e Formação das Misericórdias
Portuguesas de Fernando da Silva Correia, que a Misericórdia do Soito seria de
fundação posterior a 1897.
Também Costa Goodolphim no seu livro As Misericórdias,
editado nesse mesmo ano de 1897, não se refere à Misericórdia do Soito, embora
mencione outras com menor valor de receita e de capital mutuado na Junta de
Crédito Publico, como as de Melo e Gouveia. Não queremos retirar mérito a estes
grandes historiadores, altamente conceituados, que escreveram certamente
baseados nos dados que possuíam, o certo é que a história faz-se todos os dias,
nunca está completa, há sempre novas verdades que surgem e que trazem luz a
situações até então obscuras.
Até hoje, que se saiba, essas informações não foram
contestadas, por falta de argumentos validos e credíveis, porém aconteceu que
recentemente, alguém, ao abrir uma velha arca a que pouca atenção era prestada,
verificou que no seu interior se encontravam vários livros já bastante
deteriorados e que estiveram quase em risco de serem queimados, valeu a chamada
de atenção ao Sr Padre António Domingos para o achado, este verificou a sua
origem, a qualidade do seu conteúdo, e tentou recuperar e conservar o possível
deste espólio.
Estes documentos agora encontrados, que despoletaram o meu
interesse por saber mais acerca do Soito e da sua Misericórdia, podem não ser
para a maioria dos cidadãos, mais que simples papel, mas a verdade é que neles
podemos recordar muitos nomes dos nossos antepassados, talvez até saber quais
as funções que em determinada época, da vida exerceram, como viveram, como
escreveram, e qual o contributo pessoal que deram á Sociedade do seu tempo,
muito em especial á causa da Misericórdia.
Foram também esses documentos que despoletaram a minha
vontade de recuar no tempo e investigar o possível do existente sobre o Soito e
a sua Misericórdia, quer ao nível do Arquivo Paroquial, do Arquivo Distrital e
do próprio Instituto dos Arquivos Nacionais.
Também podemos apreciar, em tais documentos, vários tipos
de caligrafia, como se fossem desenhos, tal a maneira primorosa, talvez
artística com que foram executados o que nos deixa na incerteza de saber se
acaso os seus autores não teriam frequentado alguma escola semelhante ou
precursora das Escolas das Belas Artes de hoje. Estes exemplos devem servir de
lição a todos nós, hoje, que apenas usamos as maquinas e caminhamos para o
esquecimento da escrita pessoal.
Entre estes documentos encontram-se Actas, Compromissos e
Contas da SCMS, estávamos perante um pedaço da história do Soito que embora
relativamente recente, pode trazer um pouco de luz a todo este processo.
Tenho em meu poder a cópia de um Alvará régio escrito por
Miguel Vieira e mandado escrever por Luís Sanches de Baena, datado de 4 de Maio
de 1671, em que refere que a Casa da Misericórdia do Lugar do Souto, termo da
villa do Sabugal, comarca de Castelo Branco, já existia. (Livro XLV da Chancelaria,
folha 178)
Os documentos mais antigos existentes no Arquivo Paroquial
datam de 1846, é nesta data: 15 de Julho de 1847 que, referentes a 1846/47,
Manuel Vaz de Carvalho dá contas a Manuel Martins Furriel, ambos tesoureiros,
um que sai e outro que entra em funções, num total de 37.490 e 36.500 reis,
respectivamente receita e despesa.
Também existem documentos comprovando que o edifício do
Hospital sofreu reparações consecutivas desde 1856 que foi no valor de1400
reis, 1861 6.440 em 1867 4.240 em 1873 20.000 mas nesta data refere-se “à
compostura da casa onde vivem os pobres denominada hospital” o que significa
que à época já não existia como tal. Que o Calvário, os Nichos, a capela da
Misericórdia e porventura outras obras de vulto eram sua propriedade, e se
tanto quanto sabemos o Calvário e a capela da Misericórdia já existiam em
meados do século XVIII, pois já nesta data o Padre Hipólito Tavares referia que
a Misericórdia do Soito tinha capela própria e como renda a quantia de 20.000
reis, enquanto à do Sabugal, na mesma altura, eram atribuídos 100.000 reis e
estava sediada na Igreja de São Miguel.
Sabemos por consulta nos documentos paroquiais da época,
existentes no Arquivo Distrital da Guarda, que os mortos eram sepultados dentro
das Igrejas, Capelas e respectivos adros e havia corpos sepultados na Igreja
Matriz, na capela de Santa Barbara, na Capela de Santo Amaro e na do Espirito
Santo, também a Capela, ou Igreja, como varias vezes é referida, da Santa Casa
da Misericórdia, acolhia os restos mortais dos Soitenses.
O registo do primeiro enterro nessa capela, de que
tenhamos documentos, data de 14 de Fevereiro de 1695, o que não quer dizer que
os não haja anteriores, porém, devido a um vazio documental referente a algumas
décadas anteriores, é impossível saber qual a data exacta em que tal pratica
terá sido iniciada.
Os cemitérios foram criados pelos Decretos de 21 de
Setembro e 8 de Outubro de 1835, embora já em 1787 o Intendente Pina Manique
tivesse projectado a sua construção o que esbarrou na oposição do governo,
tendo o do Soito começado a funcionar dois anos e meio depois, já que o
primeiro funeral ali realizado data de 5 de Fevereiro de 1838, (mais de seis
anos antes da entrada em vigor da lei que proibia a realização de funerais nas
Igrejas; 29 de Setembro de 1844) a falecida era Maria e foi oficiante o Padre
António Gomes Costa e considerado um dos melhores párocos da Diocese.
O facto de entre 18 de Maio e 18 de Junho de 1858 terem
sido feitos 38 funerais na Capela de Santa Barbara, (certamente capela e adro)
já depois da proibição governamental, só pode ser entendido pela razão de falta
de espaço na Igreja e no cemitério que não seria grande, face ao elevado número
de óbitos que se verificavam, basta dizer que no mês de Maio de 1858 morreram
no Soito 80 pessoas dum total anual de 154, houve mais mortes neste mês do que
nos restantes 11.
Sabemos também que o Soito foi durante alguns séculos, a
única aldeia da região a ter, implantada e a funcionar, uma Irmandade da Santa
Casa da Misericórdia, pois o Sabugal, Sortelha, Alfaiates, Vilar Maior, Vila do
Touro, Alverca da Beira, Linhares e Melo, são ou já foram vilas e sedes de
concelho.
É de realçar ainda o facto de a Misericórdia ser em 1846
já possuidora de um Património razoável, visto ter recebido nesse ano, rendas
de centeio, (cento e catorze alqueires) de castanheiros e de palheiros num
total de 37.490 reis, como se refere acima, e ainda porque tinha á sua
responsabilidade a conservação do Hospital, então situado no local onde hoje se
encontra a Casa Mortuária..
Não se adquire um património assim valioso de um dia para
o outro, e se beneméritos tão importantes como Baltazar da Costa e sua esposa
Dona Leonor se dignavam legar-lhe os seus avultados bens em finais do século
XVII, princípios do século XVIII, é porque a SCMS estava já bem assente,
enraizada, considerada e respeitada, tanto a nível local como regional.
A propósito, sabemos por transmissão verbal de geração
para geração, que Dona Leonor para além de abastada proprietária era uma
senhora de extrema bondade, que para além de doar todos os seus bens á Santa
Casa quis como sinal da sua humildade, que fosse sepultada junto ao altar da
Igreja Matriz onde todos os fieis lhe passassem por cima.
Dizem ainda os mais velhos que sabedora da miséria da
amante do marido lhe mandou entregar lençóis, cobertores e outra roupa
indispensável.
Compromisso de 1858
.
Este Compromisso, que seria certamente uma reformulação do
anterior, foi manuscrito num Livro destinado a esse fim e aberto pelo
Administrador do concelho do Sabugal, Cassiano Maximino da Silva Azevedo em 29
de Junho de 1858 e a sua aprovação foi efectuada em reunião da Mesa presidida
pelo Provedor Padre João Carvalho em 30 de Julho do mesmo ano.
Para além do referido administrador, ainda encontramos na
aprovação dos relatórios de contas as assinaturas dos seguintes: anterior
aquele, Francisco Ignaçio da Costa Quintella, sucessores; Simão da Rocha
Fortunato, Cavaleiro da Ordem de Cristo e Bacharel formado em Direito, António
Vicente Bigotte, Joaquim Carvalhido de Faria e Vasconcelos, Joaquim António de
Almeida e Albertino Carlos da
Costa.
A titulo de curiosidade refira-se que nesse mesmo dia (29
de Junho de 1858) tomava posse como Bispo da Guarda D. Manuel Martins Manso
após um vazio da cadeira episcopal de cerca de 25 anos em que a Diocese foi
administrada por 11 cónegos ou governadores interinos, resultado da fuga do
anterior Bispo D. Joaquim José Pacheco e Sousa simpatizante com a causa
espanhola.
Por julgarmos interessantes e úteis alguns Capítulos deste
Compromisso, passamos a referir alguns artigos onde se expressam as obrigações,
deveres e direitos conferidos aos irmãos, assim:
Capitulo 2º
(Admissão de Irmãos)
As pessoas que
buscarem ser admitidas á nossa Irmandade, depois de o Secretário lhes ler o
Capitulo 3º deste Compromisso, devem comparecer perante o Irmão Provedor, que
lhes dirá para se retirarem e reflectirem muito seriamente se lhes convém
observar as obrigações que o tal capitulo prescreve e que se a Mesa os quiser
admitidos os mandará chamar pelo Andador quando se reunir outra vez. A Mesa em
voto secreto, para evitar queixas, decidirá a admissão por maioria sem atenção
á qualidade do vogal. Decidindo-se a Mesa pela exclusão, a tal pessoa não
poderá ser admitida, nem seu novo requerimento, se o fizer, será consultado
naquele ano, se porém se decidir pela aceitação, o Andador lhe fará saber o dia
em que há Cabido, para que se apresente nele a prestar o seu juramento, o qual
será dado de mãos postas sobre o Missal. Quando porém aconteça que venha pedir
sua admissão na Irmandade, alguma pessoa de probidade muito notória, poderá ser
admitida e prestar juramento logo depois de se lhe ler o Capitulo terceiro.
Capitulo 3.º
No capitulo 3º.
diz: devem reunir-se todos os irmãos o dia da festa de Santa Isabel,
assim como nas funções dos Passos, quando os houver. E ainda que todo o irmão
pertencente a esta irmandade tem
obrigação restrita de rezar uma coroa por alma
dos Irmãos que forem morrendo.
Capitulo 4º
(Obrigações da Mesa anual)
Primeira obrigação:
Zelar com todo o cuidado o bem espiritual e temporal da Santa Casa, e
verificar se se disseram as trinta
Missas por alma se D. Balthazar da Costa
e sua mulher Dona Leonor pela doação de seus bens que fizeram á Santa Casa, se
se fez a função da Visitação de Santa Isabel, segundo o costume e a decência
devida
Mas mais adiante no capitulo 11º. Diz; “ordenamos que
daqui em diante se digam não trinta missas como já ficou dito no Capitulo
quarto, mas sim cincoenta, como em tempos se disseram, estas aplicadas por alma
de Balthazar da Costa e sua mulher Dona Leonor pela doação que fizeram de seus
bens á Santa Casa, o que deverá constar por certidão”.
Ainda neste Capitulo ...
as contas devem ser tomadas infalivelmente até ao dia ultimo de
Setembro, e será multado em dez tostões o Tesoureiro que no dito dia não as
apresentar liquidas, ou que queira entregar roes de dividas, que ele devia ter
cobrado como se prescreve no Capitulo 7º.
Era ainda obrigação da Mesa anual assistir em pessoa a
todo e qualquer enterro em que ouvir tocar o sino da Santa Casa, na ocasião da
morte de qualquer Irmão, deixando mesmo de sair da terra quando souberem que
têm de cumprir esta obra de misericórdia, em caso que a jornada seja forçosa
por causa de interesse publico ou particular, primeiro darão parte ao Irmão
Provedor, ou a quem as suas vezes fizer, afim de que este mande avisar outro
irmão que supra as vezes do ausente, isto mesmo deverá fazer o Irmão do ano que
tiver qualquer impedimento, ou se achar fora, devendo a família dar parte, não
o fazendo ficará sujeito á multa de 200 reis.
Nas procissões dos defuntos e outras fúnebres, devem os
dez Irmãos do ano levar a cabeça coberta com os capuzes.
Capitulo
4º
Continua e conclui com a sexta obrigação: A Mesa reunirá
pelo menos uma vez por mês e este Compromisso estará sobre a mesa até ao fim da
sessão e o Irmão Secretário á ordem do Irmão Provedor lerá alguns capítulos
pondo registo onde o Irmão Provedor lhe mandar fazer pausa, para continuar da hi por diante na outra secção. Nenhum
Irmão se levantará se não no fim do auto capitular, e o sinal de que este está
findo é levantar-se o Irmão Provedor e dizer: rezemos um Pai Nosso e uma Avé
Maria pelos nossos defuntos, rezado isto por todos em pé, poderão retirar-se
aonde lhes convier.
Capitulo 5.º
Atribuições do Provedor
O Provedor desta Santa Casa será sempre uma pessoa de
virtude, prudência, autoridade e reputação tal, que os demais Irmãos muito
facilmente o possam conhecer como superior.
Deve ter de idade de trinta anos para cima, excepto se for
formado em qualquer faculdade ou que tenha ordens sacras, e tenha pelo menos um ano de Irmão nesta Santa
Casa, para que aprenda a obedecer antes de mandar, e saiba perfeitamente aquilo
que tem de ensinar aos outros com exemplos e palavras.
A este Irmão, sendo eleito como se dispõe no capitulo
duodécimo, avisado pelo Andador, virá á Santa Casa na tarde do dia em que se
fizer a festa da vizitação, ou noutro dia se nesse houver impedimento, e ali se
lhe dirá como ele foi eleito, e logo prestará juramento sobre o Missal nas mãos
do seu antecessor pela maneira seguinte: Eu.... juro por estes Santos
Evangelhos de cumprir bem e fielmente os deveres que se me prescrevem neste
Compromisso e de fazer observar a cada um dos Irmãos o que prometeram no seu
juramento para serviço de Deus e de Nossa Senhora da Misericórdia. Dado este
juramento, o novo Provedor se assentará ao lado direito do antigo e
o Irmão Secretario lerá todo este capitulo, e em se lendo, sem tratar de
algum outro negocio, o Provedor antigo
levantará a sessão como das mais vezes, e logo todos os Mesários
juntamente com ele, irão acompanhar a casa o novo Provedor e ao mesmo tempo se
dará um repique no sino as Santa Casa.
A primeira função do novo Provedor é tomar o juramento dos
irmãos que formam a Mesa do ano, o que ele os mandará avisar pelo Andador, e
logo que estiverem juntos na Santa Casa, ou Sacristia da mesma, lhes dirá como
foram eleitos, depois de ser-lhe lido no
capitulo 4º a Sexta e sétima obrigação segue-se o juramento começando pelo
Secretário, Tesoureiro e depois seguindo a ordem de maior idade que sobre o
Missal é feito da seguinte forma.
Eu..... juro por estes Santos
Evangelhos de guardar com a maior pontualidade que me for possível os deveres
do meu ofício em todo o ano para serviço de Deus e de Nossa Senhora da
Misericórdia. Se tiver lugar algum enterro de um nosso Irmão, nesses dias que
só está juramentado o novo Provedor, este irá com todos os mesários antigos.
Também pertence ao Provedor, mandar que se dê a esmola que
for possível aos passageiros que trazem carta de guia das Misericórdias do
Reino, sem ser preciso para isto consultar a mesa, se porém mandar fazer mais
alguma coisa além da do Capelão, Andador e pobres que trazem guia, o Tesoureiro
não cumprirá tal ordem, e se a cumprir não se lhe levará em conta pela Mesa, e ambos serão obrigados a repor o que tiverem
despendido contra esta ordenação.
Fica ainda incumbido o Provedor de levar a vara nas
Procissões, e caso por qualquer impedimento não o poder fazer, será substituído
nessa função pelo Irmão do mês.
Se o lugar do Provedor vagar até ao fim do ano, a Mesa
mandará nova nomeação ao Irmão que foi o ultimo Provedor, se ele não aceitar,
irá a Mesa retrocedendo até achar alguém que aceite o cargo, quando porém
nenhum dos que já foram Provedores aceitar a Mesa promoverá nova eleição e o
Irmão eleito será obrigado a aceitar o cargo.
Capitulo 7.º
Do Tesoureiro
É-lhe exigido, faça todas as cobranças devidas desse ano e
é-lhe impedido apresentar rois de dividas que ele devera cobrar dentro do seu
ano, estes não lhe serão aceites no ajuste de contas, antes será logo obrigado
a pagar tudo aquilo que não recebeu ainda, ou por seu descuido, ou por fazer
favor ás partes, daquilo que não era seu, outrossim ficará também sujeito á
multa de dez tostões.
Tendo satisfeito a norma, poderá da hi em diante recair
nele a eleição para Provedor, assim como também ordenamos que os eleitores não
o tornem a eleger para Tesoureiro sem que se passem pelo menos cinco anos, nem
mesmo depois será reeleito se houver outros Irmãos hábeis para o desempenho
deste importante ofício.
É de antiquíssimo costume, levar o Irmão Tesoureiro a
bandeira nos enterros, na Procissão de
Sexta feira Santa e na dos Passos, ou querendo ele cede-la a outro também será
admissível.
Do capitulo 8º
Do Irmão do Mês:
Cada vez que o Irmão Provedor esteja impossibilitado de presidir ao
Cabido ou qualquer outra função em que se juntam os Mesários, presidirá este
Irmão e todos lhe obedecerão como ao mesmo Provedor. Também é sua obrigação,
convocar a Irmandade para o enterro de qualquer dos nosso Irmãos e das mais
pessoas que têm o privilegio de Irmãos sem o serem , os quais são a mulher e os
filhos se ainda estiverem debaixo do pátrio poder, é ainda de sua obrigação,
logo que ouça dar o sinal nos sinos da
freguesia, dirigir-se a casa do Irmão Secretário a informar-se se o defunto é
Irmão, e se for tem obrigação de mandar dar sinal no sino da Santa Casa para
que deste modo a Irmandade fique de prevenção.
Do capitulo 9º
Do Capelão
Este Capelão dirá sempre Missa na Santa Casa e deverá ser
um Clérigo probo, sério e sem nota que deslustre a pureza do seu estado, também
deverá ser morador nesta terra e convém que seja Irmão da Santa Casa para
melhor zelar por ela,
É também de nossa vontade, que o mesmo Capelão diga mais
três Missas por qualquer que morrer no
espaço de um ano nesta terra, em tal
miséria que nenhum bem de alma tenha.
Do capitulo 18º
retiramos o seguinte:
Dos Imprazamentos
Como na nossa Santa Casa existem alguns prédios
imprazados, estes, a maior parte deles feitos em antiquíssimos tempos e como
deles não existe documento algum para a sua legalidade, havemos por bem o
aprová-los e os damos por bem feitos de hoje em diante; assim como alguns mais
que há pouco se fizeram e todos aqueles que de hoje em diante se fizerem, logo
que a Mesa o julgue conveniente, isto é, de utilidade para a Santa Casa.
Soito 30 de Julho de 1858
Termina com a assinatura de todos os dez membros da Mesa
que foram os seguintes:
Padre João Carvalho
Manuel Nunes de Marcos
Manuel Fernandes Ruço
Manuel Nunes Dias
José Nunes de Gabriel (Sénior) nascido em 1816 e falecido em 25/8/1897
Bernardo Gomes
Paulino Roballo
João Garcia Marques
Bernardo Antunes
José Martins Nicolau
Compromisso de
1868
Encontrámos um outro Compromisso composto por 49 artigos,
manuscrito em papel selado de 30 e 60 reis com data de 12 de Dezembro de 1868,
o que nos leva a crer que seja mais
uma actualização para substituir o
anterior, á semelhança do que aconteceu com outras Misericórdias.
Nas contas referentes a 1869/70 aparece uma parcela nas
despesas com a quantia de “14.400 reis, gastos com a aprovação dos Estatutos.”
Transcrevemos, alguns artigos, os possíveis, já que o
estado degradado dos documentos originais não permite a sua transcrição total:
Escusado será lembrar que para melhor entendermos estas e
outras obrigações, devemos transportar-nos a esse tempo, que é o mesmo que
recuar século e meio.
Artigo 12º. A mesa
terá uma secção por semana.
Artigo 13º. É nula
qualquer deliberação tomada pela Mesa sem que esteja presente metade e mais um
dos Mesários.
Artigo 15º. Na falta ou impedimento do Provedor, presidirá
ás secções e fará as suas vezes o Secretário, e na falta de ambos será chamado
para os substituir o Provedor do ano anterior.
Artigo 17º: A Mesa
Pertence à Mesa
1º: Tomar contas ao
Provedor e Tesoureiro.
2º: Assistir
pessoalmente aos enterros.
3º: Nomear o
Capelão e mais empregados necessários ao serviço da Santa Casa.
4º: Arbitrar a
esmola que devem dar os herdeiros dos defuntos
que não pertenceram a esta Irmandade e queiram as honras fúnebres dela,
não podendo ser superior a dois mil reis nem inferior a quinhentos reis.
5º: Arbitrar e
pagar ordenados a todos os empregados da Santa Casa.
6º: Fazer o
orçamento da receita e despesa da Irmandade anualmente sob proposta do
Provedor.
7º: Mandar celebrar
duas Missas semanais por alma dos Irmãos, vivos e defuntos.
Artigo 42º: Todas as transações sobre propriedades de
imóveis carecem de autorização régia para poderem levar-se a efeito.
Artigo 43º: A Mesa da Irmandade de que trata o presente
Compromisso fica sendo a única administradora de todos os bens moveis ou
imóveis que pertenciam á antiga Santa Casa e á Irmandade da Misericórdia deste
lugar do Soito.
Artigo 44º: O presente Compromisso só poderá ser alterado
por proposta de qualquer dos Irmãos, discutida em Assembleia Geral sendo
presentes pelo menos metade e mais um dos Irmãos e com a competente aprovação.
Artigo 45º: Os Irmãos que por mais de uma vez deixarem de
observar alguma das disposições do presente Compromisso serão riscados por um
ano e pagarão de multa mil reis.
Artigo 46º: Os Irmãos Mesários que deixarem de satisfazer
suas obrigações pagarão de multa dois mil e quatrocentos reis e se se mostrarem
contumazes serão riscados perpetuamente.
Artigo 47º: O Irmão que sem causa legítima recusar o cargo
para que foi eleito, será riscado por dois anos e pagará de multa mil e
duzentos reis. Na mesma pena incorrem os que abandonarem o seu cargo.
Artigo 48º: Os Irmãos que não concorrerem nas ocasiões e
para os fins marcados no artigo 6º pagarão unicamente um Quilograma de cera
amarela fabricada ou o seu valor.
Artigo 49º: Nenhuma das penas estabelecidas terá aplicação
se as faltas provierem de justa causa devidamente comprovadas.
Único. As penas estabelecidas nos artigos 45º, 46º e 47º
só podem ser impostas pela Mesa ouvido o arguido e com recurso para a
Assembleia Geral.
Soito 12 de Dezembro de 1868
Assinado:
Bernardo Garcia de Carvalho
José Robalo
Bernardo Pereira
José Fernandes Sancho
Bernardo Antunes
Manuel Martins
Manuel Gomes
Manuel Fernandes Ruço
Luís Pereira
José Nunes de Gabriel
Compromisso de 1914
Este Compromisso, ou melhor, Reforma dos Estatutos como
diz a capa do texto, foi assinado em 12 de Julho de 1914, era Provedor Narciso
Martins Nicolau, Secretário: José Alfredo Garcia da Fonseca e Tesoureiro:
Manuel Cesário.
A propósito destes Estatutos compostos por 12 capítulos e
54 artigos, lembro que o processo foi iniciado em 5 de Setembro de 1911 por
força do Decreto de 20 de Abril o qual determinava no seu artigo 38 que as
Irmandades não podiam gastar com despesas de culto mais do que um terço do valor
das receitas, o que não estava a acontecer.
O texto em triplicado é enviado ao Governador Civil em 9
de Novembro de 1912 pelo Administrador do Sabugal, de novo reenviado em 6 de
Abril de 1914, era Administrador David Mendes Leitão Serra, de novo reenviado
em 5 de Maio do mesmo ano e de novo, porventura com mais alterações impostas
por lei, em 8 de Junho de 1914 sendo Administrador do Concelho o Dr. António
Manuel Garcia da Fonseca, natural do Soito e que viria a ser Conselheiro do
Tribunal de Contas, tendo falecido no dia 18 de Dezembro de 1974.
Destacamos nestes Estatutos e no artigo 50 número 2, a
renovação da imposição de mandar dizer anualmente 50 missas por alma de
Baltazar da Costa e sua esposa Dona Leonor, visto que fizeram doação de seus
bens a esta Irmandade.
A aprovação data de 26 de Agosto de 1914, alvará numero
67.
É suposto ter havido um outro Compromisso com data de 18
de Abril de 1916, aprovado por D. José Alves Mattoso, Bispo da Guarda, porém, o
manuscrito não se acha entre os poucos documentos que sobreviveram e chegaram
até aos nossos dias.
Compromisso de 1982:
Foi aprovado em Assembleia Geral efectuada em 28 de
Fevereiro de 1982 e superiormente confirmado por D. António dos Santos, Bispo
da Guarda em 6 de Maio de 1982.
Composto por 67 artigos, deles salientamos apenas a alínea
b) do artigo 13.º que diz expressamente que na sua Igreja ou Capela se
realizará, sempre que possível, a festa anual da Visitação em honra da
Padroeira da Misericórdia.
Esta sugestão do Compromisso, reforça a postura que vem do
Compromisso de 30 de Julho de 1858 e que diz no Capitulo 4.º, (Obrigações da
Mesa) Primeira obrigação: verificar se se fez a função da Visitação da
Padroeira da Misericórdia, segundo o costume e a decência devida, indicações
que emanam do Compromisso primitivo da Misericórdia de Lisboa
De referir também do artigo 25, alínea 2: Todos os corpos
gerentes são eleitos por período de três anos civis e no artigo 26 diz que
podem ser eleitos consecutivamente mais que uma vez, legislação bastante
diferente dos Compromissos anteriores que proibia a reeleição consecutiva,
principalmente do Tesoureiro.
Festas de Santa Isabel ou da Vizitação
É impossível datar com exactidão o começo das festas a
Santa Isabel, mas sabemos que a sua
realização era imposta pelo Compromisso que obrigava: “ a procissão de Nossa Senhora da Visitação, de cuja invocação é a
confraria, e por seu dia se soleniza a dita festa por todos estes reinos com
procissão solene que fazem os oficiais da dita confraria.” e que tinha uma
importância considerável na vida da Instituição, já que era na tarde desse dia,
habitualmente o primeiro Domingo de Julho, e anualmente, que se reuniam os
irmãos para a eleição da Mesa do ano seguinte: “dia de nosa Señora da Visytaçam pera se elegerem os oficiaes que ajam
de servir e governar aquelle anno as obras de misericórdia na maneira que será
dito”
Também Cristóvão de Oliveira em 1551 no Sumário de Lisboa refere que “ a Raynha especialmente ordenou a procissão
de Nossa Senhora da Visitação, de cuja invocação é a confraria”
Segundo documentação existente, a SCMS gastou na festa de Santa Isabel ou da Visitação de 1848 a
importância de 13.200 reis, o que numa receita anual de 37.490 reis, era
bastante significativo, em 1852 a festa custou 10.510 reis, em 1853 subiu a
14.600 reis, em 1855 a despesa foi de 13.540 reis, mais 27.910 em dois vestidos
para Santa Isabel, um de chita outro de seda, dois mantos, feitio e utensílios
para a sua confecção. Em 1857 subiu a 25.190, mais 6.380 para a compostura de vesteas e duas novas, em
1873 a missa da festa de Santa Isabel foi concelebrada por cinco sacerdotes: o
Padre Joaquim Monteiro que cobrou 550 reis, o Padre da Rebolosa Manuel Garcia o
Padre Vasco da Bismula, o Padre António de Aldeia Velha e o Padre Bernardo de
Vilar Maior que cobraram 200 reis para cada um, em 1890 a despesa total da
festa foi de 30.490 reis, em 1903 foram gastos 32.000 e mais 11.250 num
vestido, no ano de 1910 foi igualmente de 32.000 reis, em 1922 a despesa somou
10 escudos e cinquenta centavos, e aqui terminam as referências acerca desta
festa, ignorando-se se a sua extinção foi livre e expontânea por vontade do
povo, se por desleixo dos Mesários, ou se foi extinta por pressão e força do
Poder vigente.
A cargo da Misericórdia, e de acordo com as suas
capacidades financeiras, esta festa
teve, algumas vezes, direito a
banda de musica; em 1860 os honorários despendidos na sua contratação foram
4.640 reis, em 1862 a actuação de 4 musicos custou 4.800 reis:1.200 a cada, em
1909 o custo subiu a 9.000 reis. Noutros anos de maior contenção orçamental
apenas desfilavam os tambores; em 1855 estes custaram 400 reis á Misericórdia
conforme referido no resumo das contas que em documentos da época.
Também não faltava o fogo de artificio, e a titulo de
curiosidade refira-se que na festa de 1860
foram gastos 2.600 reis em fogo e em1885 2.100 reis.
A imagem desta Santa, a quem a Misericórdia prestou tantos
louvores ainda existe, em madeira talhada e propriedade de particulares que graciosamente
a cederam para fotografar e da qual damos conta aos nossos leitores.
Seria conveniente e de elevado interesse histórico que a
Santa Casa negociasse com os actuais proprietários a devolução dessa imagem e
dar-lhe o lugar que merece conforme o relevo histórico que em tempos tiveram.
Igreja ou Capela da Misericórdia
Ao longo dos vários escritos a que acedemos, encontramos o
designativo Igreja da Misericórdia com que era referida a Sede religiosa da
Misericórdia do Soito, outros porém referem simplesmente Capela, de qualquer
modo, um ou outro termo significa obviamente o mesmo edifício.
Não se sabe a data da construção da primeira Capela que já
existia em 1695, sabe-se sim que estava
situada junto á entrada do actual cemitério, que a teria envolvido
posteriormente aquando da sua construção por volta de 1830, que um altar em madeira artisticamente
trabalhada, óbviamente não o original, data de 1862 conforme peças
existentes e que posteriormente, talvez
em 1944, foi demolida e construída a
actual, do lado nascente, hoje quase ao
centro devido a dois acrescentos feitos ao cemitério, um em 1934 outro em
1977, por necessidade de mais espaço.
Devido á falta de espaço na Igreja Matriz e em algumas Capelas
onde eram sepultados os corpos dos falecidos, foi a Capela da Santa Casa usada
para esse fim, conforme registo datado de 1695 como já atrás dissemos, também
existe documentação que atesta terem sido nela sepultados 198 corpos desde 15
de Setembro de 1824 até 10 de Agosto de 1831 para além de muitos outros, antes
e depois dessa data.
Para além de outros que eventualmente ali pudessem ser
realizados, sabemos que em 6 de Junho de 1814 foi nela celebrado o casamento de
José Alves, de Alfaiates e Luísa Jorge do Soito, sendo padrinho o capitão-mór
Narciso Fernandes Botelho.
Desde a construção da dita capela e até hoje que o toque
do seu sino todas as manhãs pelo romper da aurora, vem chamando a atenção dos
devotos para a oração pelos defuntos. Alguns fieis continuam ainda a manter
esta tradição para que se possa transmitir aos vindouros. Era também pelo toque
deste sino que se tomava conhecimento da morte de algum irmão da Misericórdia,
hábito este hoje em desuso e que se chamava a atenção dos irmãos, no dia da
festa de Santa Isabel, para a eleição da Mesa da Misericórdia e demais
empregados.
Em 2 de Março de 1991 e devido á degradação do edifício, a
Mesa Administrativa, sob orientação do Provedor Sr. Manuel Rito, decide fazer
importantes obras de reparação: cobertura nova, reboco, pintura e demais
benefícios interiores, que foram realizadas de seguida.
Calvário e Nichos
São propriedade da Misericórdia que os terá mandado
construir e reparar ao longo dos tempos.
O Calvário possivelmente em princípios do século XVIII,
conforme a inscrição existente no Cruzeiro que se encontrava junto á coluna
Noroeste, (agora ao centro) e os nichos no último quartel do mesmo século,
destes apenas cerca de metade chegaram até nós, talvez devido a que os
restantes fossem absorvidos pelas construções, numa época em que o respeito
pelo património ou pelas coisas do passado, era bastante descurado ou mesmo
inexistente.
O Calvário sofreu várias modificações desde a sua
construção e tem sido objecto de variadas obras até chegar aos nossos dias,
Desde 1857, segundo a rubrica despesas que a Santa Casa
vem fazendo sucessivas reparações: nesse ano gastou 5.180 reis em
“composturas”.
Em 1856/57 “compostura do Calvário 5.180 reis” e em 1873
foram ali gastos 40.000 reis
Em 1874 e 1875 gastaram-se nesta obra mais 24.460 reis, em
1881 mais 20.000 e em 1882 mais 820 reis, em 1903 mais 49.500 reis e em 1939 foi gasta no
Calvário, nos Nichos e no Cruzeiro de Santo António a importância de 2.433$71
referente a materiais e a mais de 111 dias de trabalho de pedreiros, serventes,
carpinteiros, serradores, caiadores e ferreiros, para além de vinho, tabaco e
comida aos lavradores do carreto, conforme atesta documento em que são
discriminadas todas as despesas.
A cobertura original seria provavelmente de palha,
revestida a barro, depois terá sido colocada telha clássica, posteriormente foi
revestida de folhas de Zinco, e há poucos anos recebeu telha nova tipo capa e
caleira, que diga-se, desvirtua um pouco o conjunto. Os sete nichos existentes,
em pedra cinzelada, cujas imagens em pintura sobre madeira se deterioraram,
(haviam sido pintadas por um membro da familia Garçia da Fonseca e restauradas
quando era Provedor o Sr Dr. Alfredo Lopes, por um artista de arte sacra
residente em Pousafoles) também sofreram obras de restauro em 199? e as
pinturas, por impossibilidade de recuperação, foram substituídas por imagens em
painéis de azulejo. A recuperação deste património foi decidida por reunião da
Mesa efectuada em 18 de Dezembro de 1981.
A participação dos Irmãos
Ontem e hoje
Até pouco depois de 1900 e aquando da eleição da
Mesa, era eleito, ou nomeado, um grupo
de aproximadamente dez irmãos, para que levassem as insígnias nas procissões e funerais, e era também escalado um
mesário para Irmão do Mês com atribuições especificas conforme o capitulo
8.º do Compromisso de 1858 e que elevava para cerca de três dezenas o
numero total de membros.
Isto numa época em que a SCMS vivia os seus dias
mais áureos, no que concerne á participação dos irmãos que eram mais
diligentes, responsáveis, e se interessavam pelo seu bom funcionamento tomando
vivamente parte nas tarefas que lhe eram distribuídas, outras houve porém de um
quase vazio devido ao alheamento dos Irmãos que a deixaram à beira da extinção
e não fosse o empenho de alguns Soitenses isso certamente teria acontecido.
Durante algumas décadas (1900-1979) a Instituição
funcionou apenas como simples e vulgar Irmandade cuja missão era mais virada ao
domínio espiritual através da celebração de Missas pelos Irmãos nas quais
gastava quase metade do escasso orçamento obtido graças aos “assentos dos
irmãos” e ao produto das inscrições na Junta de Crédito Publico que era como
que um depósito bancário que levou sumiço, relegando para segundo plano ou
mesmo ignorando o principio que levou à sua fundação que era o apoio aos mais
pobres. Daí a razão que levou a maioria dos Irmãos ao afastamento progressivo e
à quase extinção da Misericórdia.
No espaço que medeia entre 1971 e 1979 a
Misericórdia funcionou de modo provisório, apenas com alguns elementos que
asseguravam os serviços mínimos. Faziam parte desse elenco o Sr Padre João
Domingos, João dos Santos Martins; Maximino da Josefa Russo e João Carrilho Martins.
Nestas quase oito décadas, apenas na Provedoria do
Dr. Alfredo Viriato Lopes (1935/41) se vislumbra um bom desempenho e actuação
da Santa Casa quer a nível social quer a nível da recuperação do património e
rigor para com os arrendatários que se abstraíam dos compromissos assumidos em
tempos remotos e dos quais se julgavam já isentos.
As obras nascem, as Instituições formam-se, mas se é
relativamente fácil dar-lhe início, já a sua manutenção e administração exige a
participação de todos, e todos se devem sentir responsáveis pelo bom
funcionamento das mesmas.
Os nossos antepassados legaram-nos, algumas das suas
mais importantes criações, compete a cada um de nós zelar por esse legado e
transmitir aos nossos descendentes, a mais-valia e a experiência crescente de
que dispomos.
Gerir, ou colaborar na gerência de uma Instituição,
neste caso a SCMS, é um dever a que nenhum cidadão responsável se pode furtar,
pois a responsabilidade pela virtual decadência de qualquer Instituição será
sempre colectiva, e todo um povo pode ser penalizado pela inércia de alguns dos
seus cidadãos, assim, não devem ser cometidos os erros do passado assacando
responsabilidades a outrem, mas sim aproveitar esses erros para aprender e não
voltar a cair neles, aquilo que é nosso, deve ser gerido por nós, e não seria
propriamente de elogiar deixar cair as instituições nas mãos de estranhos.
A história encarregar-se-á de julgar as nossas
omissões e erros e fazer a respectiva condenação ou de valorizar o que de
positivo possa ser feito e eternizá-lo.
A disponibilidade dos cidadãos para participar nas
coisas colectivas nem sempre é a melhor, e a Santa Casa não fugiu á regra, ao
confrontar-se em alguns espaços da sua história com o absentismo de grande
parte dos Irmãos, houve durante alguns anos um alheamento ou desinteresse que
prejudicou de algum modo a Santa Casa e por várias vezes os Irmãos foram
advertidos para esse defeito. Ontem, mais do que hoje, eram necessários vários
Irmãos para cumprirem as várias tarefas atribuídas à Irmandade, desde o
transporte das insígnias da Misericórdia por ocasião dos enterros e de algumas
procissões e aos nomeados (entre seis e dez elementos) devido à sua falta de
comparência, diversas vezes lhes era lembrada tal obrigação e em 1945 foi mesmo
emitido pela Mesa um Edital em que para além de nomear os Irmãos a quem cabia
tal tarefa, lhe recordava que em caso de falta, pagariam a multa ou seriam
riscados de Irmãos.
Hoje, a Instituição funciona, as Assembleias são
efectuadas, mas os irmãos alheiam-se das suas responsabilidades, dos seus
deveres dos seus direitos, e delegam nos órgãos dirigentes toda a pesada
responsabilidade de decisão.
Raramente são presentes às Assembleias mais de 10%
dos irmãos, quase só os irmãos que compõem os órgãos directivos e por vezes nem
todos.
A Santa Casa da Misericórdia do Soito é sem dúvida a
maior Instituição da Vila, é aquela que presta mais serviços á população,
oferece mais postos de trabalho e tem um orçamento superior a qualquer das
outras, para além da valorização crescente e efectiva do seu património
Se, e o se tem que ser dito, esta Casa estivesse
sediada em uma outra qualquer aldeia vizinha, talvez os Soitenses a
valorizassem mais do que o fazem sendo sua.
Faço votos para que os Soitenses não precisem no
futuro de imposições de Administrações por nomeação superior, mas saibam gerir
com responsabilidade e orgulho esta valiosa herança que é sua.
Rendas de hoje e de outros tempos
Em 1847, a Santa Casa recebeu cento e catorze
alqueires de centeio no valor de 27.360 reis pela renda dos prédios rústicos,
recebeu ainda 2.180 reis de castanheiros e 6.250 reis referentes a rendas de
palheiros.
Em 1858 recebeu de renda de um lameiro nas Alagoas o
valor de 5.820 reis, tendo gasto no ano anterior a quantia de 13.980 com a sua
vedação, recebia também a renda de um prédio que possuía em Quadrazais e que em
1858 se cifrou em 2.000 reis, essa renda deixa de aparecer contabilizada a
partir de 1871 e no ano anterior o seu valor foi de apenas1.280 reis.
Em 1860 a SCMS recebeu 168 alqueires de centeio de
rendas e distribuiu 41 pelos pobres, o que equivale a cerca de 25%.
Em 1874 a renda atingiu o máximo: 239,5 alqueires e
o estranho é que passados quatro anos, em 1878, essas rendas desceram para
níveis cinco a seis vezes menores, sem que para tal fosse dada qualquer
justificação e jamais recuperaram da queda.
Hoje as rendas dos prédios são apenas de valor
simbólico: umas poucas dezenas ou escassas centenas de euros.
Património
Inscrições
As inscrições seriam entendidas hoje como Títulos do
Tesouro, artifícios de que o Estado se servia para sacar ao povo (ás
Instituições) o capital que estas tinham obrigação de investir nos seus
próprios limites de intevenção.
Foi por Lei de 22 de Junho de 1886, que o Governo
aliciou as entidades publicas, ou de utilidade publica, a utilizar os seus
recursos em títulos, cujo capital ele usaria em seu proveito próprio:
Misericórdias, Juntas de Paróquia, Câmaras Municipais, todas se renderam à Lei
e da mingua do povo tiravam para dar aos que já tinham.
Entendem-se, ou entendiam-se aqui por inscrições, os
depósitos em capital, detidos pela SCMS numa entidade bancaria, concretamente a
Junta de Crédito Publico.
Em 15 de Junho de 1881 foi elaborado um inventario
dos depósitos da Misericórdia, chamados inscrições e que rendiam ao juro de 3%.
Eram 16 inscrições numeradas e datadas, cujo valor
totalizava 3.100.000 reis, (exactamente três contos e cem mil reis) o que para
a época era já uma pequena fortuna.
Inscrições da SCMS na Junta de Crédito Publico em 15
de Junho de 1881
Inscrição N. 17.359 no valor de 100.000 reis ao juro de 3% ao ano
“ 17.360 “ 100.000 “
“ “
“ 17.357 “ 100.000 “
“ “
“ 172.715 “ 100.000 “
“ “
“ 178.716 “ 100.000 “
“ “
“ 178.935 “ 100.000 “
“ “
“ 180.685 “ 100.000 “
“ “
“ 180.686 “ 100.000 “
“ “
“ 182.465 “ 100.000 “
“ “
“ 46.324 “ 500.000 “
“ “
“ 64.581 “ 500.000 “
“ “
“ 81.497 “ 1.000.000 “
“ “
“ 8.882 “ 50.000 “
“ “
“ 9.976 “ 50.000 “
“ “
“ 10.625 “ 50.000 “
“ “
“ 10.923 “ 50.000 “
“ “
Total…………………………
3.100.000 reis
Assinaram este inventário o Provedor José Fernandes
Farinha e o Secretário Bernardo Robalo Nunes
Em 1891 os juros recebidos pela Santa Casa
totalizavam 79.000 reis, tais juros aparecem contabilizados até 1917 no valor
de 97$650.
Em 1947 aparece o valor de 41$01 nas receitas
provenientes dos juros referentes ao 1º trimestre e correspondentes ao
certificado de Renda Perpetua numero 873 da Junta de Credito Publico, em 1960 o
juro das inscrições foi contabilizado em 164$00, não aparece contudo qualquer
documento relativo á possível movimentação ou uso desse capital.
Por essa época e segundo Costa Goodolphim em As
Misericórdias, o rendimento da Misericórdia do Sabugal situava-se nos 204.000
reis, Linhares 174.000, Gouveia 75.000 e Melo 44.000.
A Misericórdia do Soito, embora não conste na
referida obra, teve: em 1857 um redimento de 156.000 reis, em 1875: 135.405, em
1886: 197.920 e em 1894: 105.100 reis.
Ainda e segundo o mesmo autor, a Misericórdia do
Sabugal tinha um capital de 3.400.000 reis e Seia 3.750.000 no entanto a
Misericórdia do Soito apesar de ter um capital de 3.100.000 reis é simplesmente
ignorada
Prédios rústicos e
arrendatários.
É difícil, senão totalmente impossível inventariar
os bens que foram pertença da Misericórdia, uns talvez vendidos, outros
absorvidos por terceiros ou votados ao desleixo, não deixaram rasto nem
documentação que ateste a Misericórdia como proprietária. É de admitir que numa
época em que a terra era a única fonte de sustento para o povo, não só do Soito
mas de toda a região, esses terrenos fossem disputados e vendidos, ou mudassem
de arrendatário sem o conhecimento da Santa Casa e hoje nem os hipotéticos
proprietários, se é que existem, saberão a verdade, sabe-se sim que alguns
arrendatários, sub arrendavam esses prédios como se seus fossem, deles faziam
partilhas pelos filhos conforme o seu numero divivindo-os, isto porém aconteceu
devido ao desinteresse de sucessivas direcções das Mesas da Misericórdia,
principalmente após a implantação da Republica.
Segundo uma lista datada de 1921 eram 21 os prédios
pertencentes á Santa Casa, e entre 1936 e 1945 os arrendatários eram, em media,
cerca de quatro dezenas mas nem todos pagavam a renda que era devida pelo
usufruto de terreno alheio, alguns, considerados abastados, julgavam-se
autênticos proprietários, outros, pobres e carentes de recursos, viam-se
impossibilitados de pagar devido à escassez das colheitas ou outras
dificuldades insanáveis.
Por essa altura as rendas devidas de dois em dois
anos rondavam os 100 alqueires, mas quase nunca eram recebidas na totalidade.
As rendas foram durante algumas décadas a maior e
mais importante parcela das receitas; até 1877 as rendas em centeio e dos
palheiros elevava-se a mais de metade do orçamento da Santa Casa, nesse ano o
total arrecadado foi de 80.720 reis, o que num total de 100.635 de receita
total, mostra bem o peso que significava para o equilíbrio das finanças da
Misericórdia, no ano seguinte esse valor caiu para 11.350 e daí em diante foi
decrescendo até hoje se tornar quase insignificante.
Escritura
Notarial dos prédios rusticos
O Provedor Sr. João dos Santos Oliveira foi
incansável na elaboração do processo de legalização dos bens da Misericórdia
junto da Repartição de Finanças e Registo Predial embora não tenha sido
possível afirmá-la como verdadeira proprietária de todos os prédios que a voz
popular lhe atribuía mas que nas mãos de arrendatários pouco escrupulosos há
algumas décadas, se desconhecia até a sua exacta localização.
Por escritura notarial de 4 de Dezembro de 1980 a
Misericórdia tornou-se legalmente proprietária de 15 prédios rústicos mas
outros ficaram no desconhecido e jamais será possível reavê-los. Há, numa lista
ou relação de cobrança referente a 1920/21, uma anotação a um arrendatário que
pagava 3 alqueires por um prédio mas não declarava qual a localização, outro no
limite de Quadrazais não dizia onde nem a quem estava arrendado, Porquê?
A actual Mesa presidida pelo Sr Manuel Joaquim
Fogeiro Rito tem levado a cabo uma sensibilização geral no sentido de demarcar
os prédios rústicos sua pertença, afim de no futuro não acontecer o que
aconteceu no passado e se possa ter um conhecimento real do património, assim,
delegou no Mesário Sr. Albano Neves da Conceição a tarefa do seu reconhecimento
e demarcação o que tem vindo a ser feito.
Evolução dos
valores orçamentais
O primeiro de que há documentação refere-se a
1847/48 e atinge os valores de 37.490 e 36.500 reis respectivamente receita e
despesa.
Um dos ultimos orçamentos conhecidos antes da
renovação da Santa Casa, data de 1934/35 e o valor da receita da Misericórdia
acendeu a 1.995$675 incluído um peditório que rendeu a quantia de 910$725.
O último orçamento data de 1938 e prevê uma receita
de 564$04 para igual despesa.
O último relatório de contas data de 9 de Fevereiro
de 1961 e refere-se ao exercício do ano anterior, cuja receita ascende a
4.032$30 e a despesa totaliza 3.996$50.
Um ano após a abertura do Lar (1988) o orçamento
rondou os 20.000.000$00
Em 2003 a Santa Casa movimenta anualmente mais de
600 mil euros e despende em salários com o pessoal quase metade dessa verba
(300 mil euros).
Em 2015 o orçamento previsto ronda o milhão e cem
mil Euros.
Beneficência
A razão primeira que levou á criação das Misericórdias
foi o combate á pobreza que reinava entre as classes mais desfavorecidas,
embora o bem de alma pelos Irmãos, também constasse dos Compromissos, assim,
podemos verificar que a SCMS, distribuía pelos pobres uma fatia significativa
das receitas, ainda que esta ficasse muito aquém das necessidades reais da
população.
Para além das quotas regulares e obrigatórias para a
beneficência distrital, a Santa Casa distribuiu entre outros o seguinte:
Em 1862; pelos pobres 41 alqueires de centeio, em
1910 foi distribuída pelos pobres a importância de 10$875, em 1912 foram
distribuídos 27$87 mais 5$00 para livros ás crianças pobres, em 1922 e numa receita de 115$00 foram dados
aos pobres donativos no valor de 45$00, em 1923 90$00, em 1924 125$00 o que
correspondia a 1/3 da receita e em 1927 a Misericórdia distribuiu 142$67 pelos
pobres e 50$00 para livros de crianças necessitadas.
Em 1938; esmolas aos pobres 150$00, material escolar
ás crianças pobres; 50$00.
Em 1960, e numa receita de 4.032$30, forma despendidos
2.919$00 em esmolas a pobres, inválidos, doentes, e ainda remédios para quem
não podia suportar esses encargos.
Estes números são bem a prova evidente de que a SCMS
não era simplesmente uma Irmandade religiosa, tendo como objectivo apenas o bem
espiritual dos Irmãos, mas que se preocupava também com a sua situação temporal
e tentava dentro das limitações próprias do meio rural em que estava inserida,
atender ás necessidades mais prementes dos cidadãos necessitados.
Actualmente, ainda que as necessidades dos
habitantes do Soito não sejam notórias nem preocupantes há a referir que a
Santa Casa distribui regularmente géneros alimentícios de primeira necessidade,
os bastantes e suficientes, por cerca de uma dezena de famílias das mais
carenciadas a residir na freguesia.
Lista de Provedores e
Tesoureiros
Por falta de dados não é possível fazer uma listagem
completa de todos os cidadãos que exerceram estes dois cargos, os documentos
mais antigos que consultamos datam de 1847 e é desde aí que os damos a conhecer:
numa primeira lista que vai até ao início da
revitalização da Misericórdia por alturas de 1979.
No período que decorre desde 1846 a 1857 apenas
dispomos dos nomes dos Tesoureiros de que damos conta a seguir:
1846/47
Manuel Carvalho
1847/48
Manuel Martins Furriel
1851/52
João Manuel Dias Antão
1852/53
João António Monteiro
1853/54
José Garcia de Carvalho
1854/55
José Carrilho Quinteiro
1856/57
Manuel Gomes Quicho
Provedores e Tesoureiros
1857/58
Padre João Carvalho e Paulino Roballo
1858/59
Padre João Carvalho e Manuel Nunes de Marcos
1859/60
Padre João Carvalho e Manuel Nunes de Marcos
1860/61
Manuel Francisco Ruço e Augusto de Oliveira
1861/62
José Carrilho Quinteiro e Manuel Gonçalves Filipe
1862/63
José Carrilho Quinteiro e José Garcia
1863/64
Augusto de Oliveira e Luís Pereira
1864/65
Luís Pereira e Manuel Nunes
Grencho
1865/66
Luís Pereira e Bernardo Pereira Junior
1866/67
Manuel Gomes Quicho e Manuel Martins
1867/68
Bernardo Pereira e José Fernandes Sancho
1868/69
Padre Bernardo Garcia de Carvalho e José Roballo da Teresa
1869/70
Padre Bernardo Garçia de Carvalho e José Roballo da Teresa
1870/71
José Roballo da Teresa falecido a 5/2/1911 com 70 anos e Narciso Dias
1871/72
José Nunes de Gabriel faleceu a
25/8/1897 com 81 anos
e Padre João Antunes
Refira-se, por curiosidade, que José Nunes de Gabriel pertenceu á Mesa desde 1857 a 1873, num total
de dezassete anos
1872/73
Padre João Antunes e Manuel Martins Corceiro
1873/74
Manuel Martins Corceiro e Manuel José de Carvalho
1874/75
Manuel José de Carvalho e José Viriato Sorried Pompeo
1875/76
Manuel José de Carvalho e Manuel Roballo
1876/77
Manuel Roballo e Manuel Carrilho Esteves
1877/78
Manuel Carrilho Esteves e Joaquim Faustino
1878/79
Joaquim Faustino falecido a 14/1/1915 e Manuel Gonçalves Filipe
1879/80
Manuel Gonçalves Filipe e José Fernandes Farinha
1880/81
José Fernandes Farinha falecido a 12/11/1915 e João Nunes Dias
1881/82
João Nunes Dias e António Fernandes
Monteiro
1882/83
António Fernandes Monteiro e José Martins Garcia
1883/84
José Martins Garcia e José Alves
1884/85
Manuel Marins Corceiro e José
Pereira Ferrador
1885/86
José Pereira Ferrador falecido a 8/5/1915 e Manuel Vaz da Furriela
1886/87
Manuel Vaz da Furriela e João Pereira
1887/88
João Pereira e João Dias Antão
1888/89
João Dias Antão e Manuel António da Fonseca falecido a 29/4/1933
1889/90
Manuel António da Fonseca e Manuel Garcia Pedro
1890/91
Manuel Garcia Pedro e Narciso Carrilho
1891/92
Narciso Carrilho e Manuel Fernandes Farinha
1892/93
Manuel Fernandes Farinha, falecido a 5/3/1908 com 64 anos
e José de
Carvalho
1893/94
José de Carvalho e Manuel Lopes Pereira
1894/95
Manuel Lopes Pereira e João Pereira Garcia
1895/96
João Pereira Garcia, falecido a 28/8/1910 com 59 anos
e Manuel Fernandes Monteiro
1896/97
Manuel Fernandes Monteiro e Manuel Alves
1897/98
Manuel Alves e Bernardo Martins Ferrador
1898/99
Bernardo Martins Ferrador, faleceu a 22/12/1917 e Manuel Gomes Ruço
1899/00
Bernardo Martins Ferrador e João Garcia da Roseira
1900/01
João Garcia da Roseira que faleceu a 25/4/1939 com 80 anos
e José de
Carvalho
1901/02
José de Carvalho e José Alves
1902/03
José Alves e Narciso Nunes Corracha
1903/04
Narciso Nunes Corracha e António José Gomes da Leonor
1904/05
António José Gomes da Leonor e José Carrilho falecido em16/12/1940 com
69 anos
1905/06
José Carrilho e João Martins Garcia
1906/07
João Martins Garcia falecido a 28/11/1916 e Manuel António Martins
1907/08 Manuel António Martins falecido a
21/12/1956 com 81 anos e José Pereira Carrilho
1908/09
José Pereira Carrilho falecido a 27 de Fevereiro de 1931 com 73 anos e Manuel Martins André falecido a
31/10/1929 com 67 anos
1909/10
Manuel Martins André e José Nobre
1910/11
José Nobre e José Gomes de Carvalho falecido a 12/5/1960 com 83 anos
1911/12
José Gomes de Carvalho e Narciso Martins Nicolau falecido a 25/4/1956
com 79 anos
1912/13
José Gomes de Carvalho e Narciso Martins Nicolau
1913/14
Narciso Martins Nicolau e Manuel
Cezario
1914/15 Manuel Cesario falecido a
16/12/1961 com 86 anos e Lourenço Antunes Lousa
1915/16
Lourenço Antunes Lousa e Manuel Lourenço da Inês (Vil) falecido em
7/5/1924
1916/17
José Augusto Dias falecido a 25/9/1949 com 66 anos e José Goncalves Gaião falecido a 13/3/1953 com
76 anos
1917/18
José Augusto Dias e José Gonçalves Gaião
1918/19
José Gonçalves Gaião e José Augusto de Carvalho
1919/20
José Augusto de Carvalho e Lourenço Robalo
1920/21
Lourenço Robalo e Manuel Martins Grencho
1921/22
Manuel Martins Grencho falecido a 7/11/1933 com 42 anos e Manuel Joaquim
Pereira
1922/23
Manuel Joaquim Pereira falecido a 1/10/1943 com 64 anos e Luís Gonçalves
Garrido
1923/24
Luís Gonçalves Garrido e Manuel Martins Grencho
1924/25
Manuel Martins Grencho e Carlos Carrilho
1924/25
Carlos Carrilho falecido a 4/9/1950 e João Maria Carrilho
1925/26
João Maria Carrilho, falecido a 15 de Setembro de 1967 e José Augusto
Alves
1926/27
Manuel António Martins, falecido a 21 de Dezembro de 1956 e Manuel Nobre
Martins, falecido em 20 de Dezembro de 1971
1927/28
Manuel Nobre Martins e Manuel Lourenço da Inês
1928/29
Manuel Nobre Martins e Manuel António Martins
1932
João Baptista Carrilho (Julho a Setembro) falecido a 17 de Fevereiro de
1981 e Manuel Lourenço da Inês
1932/33 José Augusto Nunes de Carvalho,
falecido a 21 de Outubro de 1939 e Manuel Lourenço da Inês (Vil)
1934/35 José Augusto Nunes de Carvalho e José
Pereira
1935/41 Dr.
Alfredo Viriato Lopes, faleceu a 27/9/1961 e João Maria Carrilho
1941/43
As actas são assinadas apenas pelo Secretário José Pereira Morgado
1943/44
Manuel Nobre Martins e João Maria Carrilho
1944/1958
José Martins Garcia, falecido a 29/3/79, e João Maria Carrilho
1948/58
João Maria Carrilho e Manuel Nobre Martins
1958/67
Manuel Nobre Martins e José Martins Garcia
1968/71
Manuel Nobre Martins, que nasceu a 24 de Janeiro de 1902, tendo falecido
a 20/12/71
Corpos gerentes pós 1982
Na eleição verificada em 1982 foram eleitos os seguintes
elementos para os órgãos directivos:
João dos Santos Oliveira
José Augusto Aristides
Luís Carlos Lousa Nicolau
João Maria de Marcos Gandaio
Amadeu Rito Alves
José Arnaldo Lousa Nicolaau
José Augusto da Teresa Dias
Maximino da Josefa Russo
Isabel Maria Lousa Nicolau
João Martins Carrilho
Jeremias Lousa Gomes
José Nabais Alfaiate Falecido a 4 de Setembro de 1999
Artur Martelo Pereira Falecido a 8 de Outubro de 2002
Manuel Joaquim Fogeiro Rito
A estes dirigentes, e por Acta lavrada em 4 de Maio
de 1980, juntaram-se para efeitos de apoio e força jurídica, os membros da
Junta de Freguesia ,
Amadeu Palinhos Pereira............Presidente
Fausto Carrilho Emidio................Secretário
João Martins Carrilho..................Tesoureiro,
este ocupando em simultâneo o cargo de Mesário da Santa Casa.
Para o triénio 1986/88 foram eleitos os seguintes elementos
João dos Santos Oliveira
Luís Carlos Lousa Nicolau
Amadeu Rito Alves
José Augusto Tereza Dias
Isabel Maria Lousa Nicolau
Jeremias Lousa Gomes
Maximino da Josefa Russo
Artur Augusto Martelo
Pereira
José Arnaldo Lousa Nicolau
João Martins Carrilho
Para 1989/91
Mesa Administrativa
Provedor: Manuel Joaquim
Fogeiro Rito
Vice Provedor: Amadeu Rito Alves
Secretário:
Rui Meirinho Monteiro
Tesoureiro:
José Manuel Nicolau Rito
Vogal:
José Augusto Teresa Dias
Suplentes:
Carlos Alberto da Conceição
António José Dias Lopes
Fernando Paulo da
Fonseca falecido a 3 de Setembro de
1995
Assembleia Geral:
João Maria de Marcos Gandaio
Amilcar Carrilho Pereira
Manuel Carlos Carrilho Rito
João Carlos Rito Alves faleceu a 20 de Fevereiro de 1998
Manuel Adónis Barata
José Santo Freire
Conselho Fiscal
Maria Soares (a) faleceu a 19 de Maio de 1991
João Manso Tolda (a) faleceu
a 29 de Junho de 1991
Mário Martins Antunes
Suplentes Manuel Neves da
Conceição
Manuel José Lopes
José Manuel Alves Gomes
(a) Por ausência e impossibilidade de exercer o
cargo, foram substituídos pelos suplentes Carlos Alberto da Conceição e Manuel
Neves da Conceição, conforme acta n.º 16 de 28/3/ 1991.
Para o triénio 1992/94
Mesa Administrativa:
Provedor: Manuel Joaquim
Fogeiro Rito
Amadeu Rito Alves
Rui Meirinho Monteiro
José Manuel Nicolau Rito
José Augusto da Teresa Dias
António José Dias Lopes
Aurora da Conceição Leitão
Assembleia Geral:
João Maria de Marcos Gandaio
Amilcar Carrilho Pereira
Manuel Carlos Carrilho Rito
Manuel Augusto de Oliveira Perloiro
José Manuel Lopes Alfaiate
João Carlos Rito Alves
Conselho Fiscal:
Mário Martins Antunes
Manuel Antonio Lousa Martins
Manuel Pereira de Oliveira
José Manuel Alves Gomes
Manuel Adónis Barata
Rui Manuel Nicolau Carrilho
Para 1995/97
Mesa Administrativa
Provedor:
Manuel Joaquim Fogeiro Rito
Vice Provedor:
Rui Meirinho Monteiro
Secretario:
José Orlando da Carmo Roque
Tesoureiro:
Aurora da Conceição Teixeira Leitão (a)
Vogal:
Jaime Gomes Frade
Suplentes:
Ricardo Lopes Palinhos
Antonio José Dias
Lopes
Artur Ventura Pereira
(a) Devido a ausência por questões profissionais,
pediu a suspensão do cargo por carta de 28/5/1996 e aceite pela Mesa em reunião
de 1/7/1996 nomeando para sua substituição o mesário Ricardo Lopes Palinhos
Assembleia Geral:
Amadeu Rito Alves
Manuel Neves da Conceição
Manuel Augusto de Oliveira
Perloiro
José Manuel Lopes Alfaiate
Manuel Pereira Oliveira
Albano Neves da Conceição
Conselho Fiscal
José Manuel Nicolau Rito
João Maria de Marcos Gandaio
Mário Martins Antunes
José Manuel Alves Gomes
Manuel Adónis Barata
Rui Manuel Nicolau Carrilho
Para o triénio 1998/2000
Mesa Administrativa
Provedor:
Manuel Joaquim Fogeiro Rito
Vice Provedor:
Maria Rosa Gomes Furriel Portas
Tesoureiro:
Carlos Alberto da Conceição
Secretário:
Ricardo Palinhos Pereira
Vogal:
Albano Neves da Conceição
Suplentes:
José Orlando Carmo Roque
Manuel Augusto de
Oliveira Perloiro
João Artur Robalo da
Teresa
Assembleia Geral:
Amadeu Rito Alves
Rui Meirinho
Monteiro
Manuel Neves da
Conceição
Amilcar Carrilho
Pereira
Jaime Gomes Frade
Artur Ventura Pereira
Conselho Fiscal:
José Manuel Nicolau
Rito
João Maria de Marcos
Gandaio
Mário Martins
Antunes
Rui Manuel Nicolau
Carrilho
Manuel Adónis Barata
2001/2003
Mesa Administrativa
Provedor:
Manuel Joaquim Fogeiro Rito
Vice Provedor:
Maria Rosa Gomes Furriel Portas
Tesoureiro:
Carlos Alberto da Conceição
Secretário:
Ricardo Lopes Palinhos
Vogal:
Álvaro Neves da Conceição
Suplentes:
José Orlando Lousa do Carmo Roque
Manuel Augusto de
Oliveira Perloiro
Assembleia Geral:
Amadeu Rito Alves
Rui Meirinho Monteiro
Manuel Neves da
Conceição
Amilcar Carrilho
Pereira
Jaime Gomes Frade
Artur Ventura Pereira
Conselho Fiscal
José Manuel Nicolau Rito
João Maria de Marcos
Gandaio
Mário Martins
Antunes
Rui Manuel Nicolau
Carrilho
Manuel Adónis Barata
2004-2006
Mesa Administrativa:
Manuel
Joaquim Fogeiro Rito
Maria
Rosa Gomes Furriel Portas
Carlos
Alberto da Conceição
Ricardo
Lopes Palinhos
Albano
Neves da Conceição
José
Orlando Carmo Roque
Manuel
Augusto de Oliveira Perloiro.
Assembleia Geral:
Amadeu
Rito Alves
Rui
Meirinho Monteiro
Manuel
Neves da Conceição
Amílcar
Carrilho Pereira
Jaime
Gomes Frade
Conselho Fiscal:
José
Manuel Nicolau Rito
João
Maria de Marcos Gandaio
Mário
Martins Antunes
Rui
Manuel Nicolau Carrilho
Manuel
Adónis Barata
Triénio 2007-2009
Mesa administrativa:
Manuel
Joaquim Fogeiro Rito
Rui
Manuel Nicolau Carrilho
Carlos Alberto da Conceição
Maria
Rosa Gomes Furriel Portas
Ricardo
Lopes Palinhos
José
Orlando Lousa do Carmo Roque
Suplentes:
Amílcar
Carrilho Pereira
Manuel
Augusto de Oliveira Perloiro
Jaime
Gomes Frade
Assembleia Geral:
Amadeu
Rito Alves
Rui
Meirinho Monteiro
Manuel
Neves da Conceição
Albano
Neves da Conceição
Conselho Fiscal:
José
Manuel Nicolau Rito
João
maria de Marcos Gandaio
Mário
Martins Antunes
Manuel
Adónis Barata
Triénio 2010-2012
Mesa Administrativa:
Rui
Manuel Nicolau Carrilho
Maria
Rosa Gomes Furriel Portas
Ricardo
Lopes Palinhos
Rui
José Rito Martins
Estela
da Ascenção Alves Fogeiro
José
Orlando Lousa do Carmo Roque
Teresa
Maria Peres Monteiro
Assembleia Geral:
Manuel
Joaquim Fogeiro Rito
Amadeu
Rito Alves
Carlos
Alberto da Conceição
Conselho Fiscal ou Definitório:
José
Manuel Nicolau Rito
Manuel
Adónis Barata
José
Alberto Freire Martins
Suplentes:
Manuel
Neves da Conceição
Albano
Neves da Conceição
Jaime
Gomes Frade
Triénio 2013-2015
Mesa Administrativa:
Rui
Manuel Nicolau Carrilho
Maria
Rosa Gomes Furriel Portas
Teresa
Maria Peres Monteiro
Estela
da Ascenção Alves Fogeiro
João
José Garrido Furriel
José
Orlando Lousa do Carmo Roque
Ricardo
Lopes Palinhos
Assembleia Geral:
Manuel
Joaquim Fogeiro Rito
Amadeu
Rito Alves
Manuel
Neves da Conceição
Conselho Fiscal:
José
Manuel Nicolau Rito
Manuel
Adónis Barata
José
Alberto Freire
Albano
Neves da Conceição
Quadriénio 2016-2019
Mesa Administrativa:
Rui
Manuel Nicolau Carrilho
Maria
Rosa Gomes Furriel Portas
João
José Garrido Furriel
Estela
da Ascensão Alves Fogeiro
Tiago
José Carrilho Martins Pereira
Suplentes:
Ricardo
Lopes Palinhos
Teresa
Maria Peres Monteiro
José
Orlando Lousa Carmo Roque
Assembleia Geral:
Manuel
Joaquim Fogeiro Rito
Manuel
Rito Alves (faleceu no dia 4 de Maio de 2016)
Amadeu
Rito Alves
Conselho Fiscal:
José
Manuel Nicolau Rito
José
Alberto Freire
Manuel
Adónis Barata
Suplentes:
Manuel Neves da Conceição
Albano
Neves da Conceição
Manuel
Augusto Perloiro.
Comissões Administrativas
Nas épocas ou lapsos de tempo em que por desleixo
dos Irmãos, a eleição da Mesa não se verificava normalmente, ou não se
apresentavam candidatos, eram nomeadas pelo Governador Civil da Guarda as
Comissões Administrativas encarregadas de guiar os destinos da Misericórdia, e
em 1935, a 25 de Fevereiro no Alvará n.º 28 constam os seguintes nomes aos
quais foi entregue a missão de zelar pela Santa Casa e que tomaram posse em 9
de Março de do mesmo ano: Dr. Alfredo
Lopes, médico, José Nobre, Diogo Lopes Gomes Freire, João Carrilho, José
Augusto Nunes de Carvalho, Padre Francisco Pereira da Cruz, Manuel António
Martins e José Pereira Morgado, que tomaram posse em 9 de Março seguinte.
Também em 1943 no dia 1 de Novembro, o Governo Civil
pelo Alvará N.º 55 se viu obrigado a fazer nova nomeação desta vez
recaindo sobre João Maria Carrilho, Manuel Nobre Martins, José Martins
Garcia e José Pereira Morgado a responsabilidade de dar continuidade á Misericórdia.
O nome do Secretário aparece somente em 1863, e foi
Manoel Nunes Dias até ao ano de 1865. Desde 1865 a 1868 foi Antonio Antunes e a partir de 1868
é Bernardo Robalo Nunes que exerce essas
funções, talvez das mais distintas de toda a vida da SCMS, pois para além de
possuir uma caligrafia que hoje pode ser considerada uma obra de arte, face ao
estilo e desenvolvimento harmonioso,
este cidadão ocupou o lugar de Secretário durante quinze anos,
porventura o mais longo da história da Misericórdia já que se prolongou até 1/9/1884, data da sua
morte, ás duas da tarde na casa Nº 326 da Rua do Curro, tinha 42 anos e estava
casado com Maria Pereira, foi professor no Soito.
Foram ainda Secretários os seguintes Irmãos:
Manuel Roballo desde 1885 até 1900
João Maria Robalo 1901/1904
José Joaquim Tolda 1905/ 1909 faleceu a
3/3/1962 com 77 anos
José Alfredo Garcia da Fonseca 1910/1920, falecido a 24 de Outubro de 1946
com 61 anos.
Manuel Fernandes Monteiro 1921 /1934
José Pereira Morgado 1935/ 1948
Joaquim Augusto da Inês desde 15 de Fevereiro 1948/ 1958
Albano Neves da Conceição 1958/ 1960
José Augusto de Oliveira Rata 1966/
Maximino da Josefa Russo 1979 faleceu a 5/7/1990
É de salientar o nome de José Pereira Morgado, um
dos Secretários mais activos deste período, que para além da inegável
competência, assegurou, quase a titulo individual e durante alguns anos, o funcionamento
da Misericórdia
Na época em que José Pereira Morgado foi Secretário
a Mesa reunia invariavelmente todos os meses, o mesmo acontecendo quando foi
substituído por Joaquim Pereira da Inês, conforme o atestam as actas
existentes, pena que não existam os resumos das contas da sua época, pois que
deviam ser interessantes, face á entrega e pontualidade com que exercia as
suas obrigações e ao modo ordenado com
que escrevia.
Entre 1940 e
1943 houve como que um vazio administrativo, já que as actas aparecem apenas
assinadas, ou só pelo Secretário José Pereira Morgado, ou por este e mais
Manuel Antonio Martins, José Nobre e
João Augusto Dias.
Andadores
Felix Martinho 1863/1890, faleceu em
21/10/1891 com 68 anos
Manuel Fernandes Russo 1896
Narciso Corracha 1902
Antonio Gomes 1903
Manuel Antonio Carrilho 1905/1908
Manuel Nabais Junior 1909
José Augusto Vaz da Furriela 1925/27
José Augusto Aristides 1932/34
Narciso Fernandes Russo 1944/47
Maximino da Josefa Russo 1948/1971 faleceu em 5/7/1990
Salários
Porque os outros cargos desempenhados ao serviço da
Santa Casa não eram remunerados, apresentamos os salários, ou prémios,
atribuídos ao Secretario e ao Andador nas épocas ou anos seguintes:
Salários do Secretario
De 1860 a 1876 1000 reis
De 1877 a 1880 4000
De 1881 a 1886 4100
De 1887 a 1910 4500
1922/1923 15$00
1924/1925 20$00
1926/1931 100$00
1932/1935 120$00
1960 240$00
Salário do Andador
O Andador recebia uma pequena remuneração anual que
era a seguinte:
Em 1858 no valor de 1.440 reis
Em 1859 1.500
1872 2.000
1883
2.500
1887
2.750
1922
3$00
1924 5$00
1932
40$00
1944 80$00
1960 80$00
Aqui fica encerrado um capítulo da história da SCMS,
que nos últimos tempos, ou devido á inércia dos dirigentes, ou a falta de
credibilidade da Instituição, decaiu nos seus propósitos, não teve a projecção
que devia, nem estava cumprindo cabalmente as atribuições que lhe estavam
remetidas.
A Santa Casa da Misericórdia do Soito, dos novos
tempos...
A partir de 1958 as funções administrativas da
Misericórdia entraram em declínio e as reuniões demasiado espaçadas; um ano, ou
por vezes um espaço ainda mais dilatado, não correspondiam ás exigências
constantes nos Estatutos, nem ao bom funcionamento da Instituição.
Não há,
efectivamente, documentação referente ao espaço que medeia entre 1971 e 1979,
altura em que o Sr. Padre João Domingos perante a ameaça de extinção da
Misericórdia ou da eminente absorção por outra qualquer Misericórdia, face ao
Decreto 618/75 que previa a nacionalização da Misericórdias com a possível integração nos hospitais concelhios, viu-se obrigado a convidar algumas pessoas
desta terra capazes de lhe dar novo alento e vigor.
Assim, por ocasião da festa da criança, organizada no
Soito, (Ano Internacional da Criança em 17 de Junho de 1979) um punhado de
Soitenses, tendo á cabeça o industrial Sr. João dos Santos Oliveira, tomou a
iniciativa de chamar a si a responsabilidade de dar um sopro de vida a esta
Santa Casa quase moribunda e sonhando
mais alto, com os 81.000$00 de saldo positivo resultante dessas festas,
decidiu-se pela construção de um Lar para idosos.
Porque a obra herdada, não podia ser simplesmente
ignorada, foram estes homens, os percursores e o fermento da nova
Misericórdia, os co-responsáveis pela
vitalidade que a Santa Casa tem no presente, e para que os vindouros os não
esqueçam aqui deixamos os seus nomes por ordem alfabética:
Alberto Gomes de
Carvalho falecido a 23 de Novembro 1996
Amadeu Rito Alves
João Correia Cruz
João dos Santos Oliveira
João Manso Tolda
João Maria de Marcos Gandaio
João Maria Gomes faleceu a 17 de Novembro de 1989
João Martins Carrilho
José Aires Carvalho Meirinho
José Manuel Alves Gomes
José Arnaldo Lousa Nicolau
José Augusto da Tereza Dias
José Augusto Martins Nicolau
José Martins da Tereza
José Martins Gaião
Manuel de Oliveira
Russo faleceu a 3 de Agosto de 1986
Maximino da Josefa
Russo, faleceu a 5 de Julho de 1990
A partir desta Comissão foram eleitos os corpos
gerentes que iriam gerir a Santa
Casa, e que movidos pelo amor á terra e
ás suas Instituições, iniciaram uma serie de contactos com vista a obter apoios
para a construção de um edifício onde pudessem instalar os nossos idosos e
prestar-lhe as condições que os filhos emigrados estavam impossibilitados de
prestar condignamente, pelas condicionantes próprias da distancia a que se
encontravam em busca de um futuro melhor para si e para os seus filhos.
.
A nova Mesa da Misericórdia
Da Comissão que
promoveu o acto eleitoral, que se realizou no dia 30 de Dezembro de
1979 foram eleitos os dirigentes para os
vários órgãos, que agora nomeamos e são os seguintes:
Provedor João dos Santos Oliveira
Secretário Luís Carlos
Lousa Nicolau
Pró Secretário
Maximino da Josefa Russo
Tezoureiro
Amadeu Rito Alves
Vogais João Manso Tolda
José Aires Carvalho
Meirinho
Antonio Manuel
Soares Garcia da Fonseca
Mesários
João Maria de Marcos Gandaio
José Augusto Tereza
Dias
Manuel Joaquim
Fogeiro Rito
João Martins
Carrilho
José Alfredo Inês Manso.
De entre os elementos da Mesa é de salientar o
esforço do Provedor Sr. João dos Santos Oliveira, a quem podemos chamar de o
revitalizador da Santa Casa e “o Pai do Lar”, pelo seu empenho na busca de
contribuições oficiais que viabilizassem o projecto e daquele a quem podemos
apelidar de seu braço direito o Sr. Luís Carlos Lousa Nicolau que foi
incansável mais do que compreendido e reconhecido pelo seu trabalho, o certo é
que cientes de que o apoio não faltaria, lançaram mãos á obra e eis que ela
nasceu.
Encomendado o projecto á Firma Ensaio L.da., representada
pelo Eng. António Manuel Garcia da Fonseca, foi aprovada em 18 de Janeiro de
1981 a forma de pagamento das suas várias fases num total de 60.000$00.
Depois dos inevitáveis atrasos na feitura do
projecto e da sua aprovação oficial (25 de Maio de 1982), situações próprias da
burocracia, a obra foi iniciada a 5 de Julho de 1982 mas a primeira pedra só
foi assente no dia 20 de Setembro demorando a sua construção pouco mais de
quatro anos até 31 de Dezembro de 1986.
O custo total da obra somou o valor de 53.525.252,10
escudos e teve o apoio do Ministro dos Assuntos Sociais Dr. Luís Barbosa e do
Centro Regional da Guarda da SS, na Presidência do Dr. António Fernandes Louro
e Dr. Carlos Andrade,
Câmara Municipal do Sabugal enquanto Presidente o
nosso conterrâneo Jeremias Amaral Dias, falecido num trágico acidente de viação
em 7 de Janeiro de 1988
Câmara Municipal do Sabugal na Presidência do Dr.
Joaquim Portas, com máquinas de remoção de terras, transporte de materiais, uma
carrinha para o transporte de utentes e varias verbas para calcetamento,
bancos, iluminação, etc.
Fundação Gulbenkian com 1.500.000$00
Alberto Fernandes, do Cardeal com 1.000.000$00 e
alguns televisores.
Povo do Soito, cujo peditório realizado em 19 e 20
de Agosto de 1979 rendeu a importância de 1.862.950$00
O subsídio total concedido pelo CRSS atingiu os
46.652.600$00.
Abertura do Lar
Com uma capacidade para receber cerca de setenta
utentes, o Lar Nossa Senhora da Conceição, como passou a ser chamado, abriu as
suas portas no dia 10 de Janeiro de 1987,
e nesse dia, para além da neve suave que quis tomar parte neste
importante e histórico evento como que a querer dar o seu apoio, entraram os
seguintes utentes que foram os primeiros:
Maria José Afonso Parada
João Vaz Lavrador
Luisa Martins de Paulo
João Maria Gomes
José Gomes de Carvalho
Isabel Augusta Antão Filipe
Manuel Afonso
Maria Luisa Afonso do Bréu
Manuel Pereira João
Nazaré da Glória Ruano
Fortunato Palinhos Castelhano
José Simão
Maria da Ascenção
António Luis Nascimento
José Joaquim Carvalhinha
Manuel José Nunes de Marcos
Inauguração
A inauguração oficial teve lugar em 11 de Março de
1989, e contou com a presença de altas individualidades com destaque para os
Srs.
Ministro: Silva Peneda
Governador Civil: Marilia Raimundo
Presidente da Câmara: José Joaquim Nunes Portas
Outras individualidades e alguns órgãos de
comunicação social.
Os utentes em 2004
Com dezassete utentes em regime interno, no dia da
abertura, conta hoje passados que são quinze anos, com setenta e seis, sendo já
362 os que por aqui passaram e desfrutaram, ou desfrutam, dos seus prestimosos
serviços.
A qualidade das instalações e dos serviços que este
Lar presta aos seus utentes tem como resultado uma lista de espera sempre
crescente raramente havendo vagas por preencher.
São estes os que hoje residem no Lar, sendo certo
que a maioria são vindos de outras terras; quarenta e quatro, enquanto do Soito
são apenas trinta e dois.
Maria Carmelinda Galhano Nave
Florindo Salgueira Vinhas Aldeia Velha
Luisa Corceira Lopes Soito
António José Antunes Marcos Soito
Manuel Francisco Rei Ruivós
Maria da Felicidade Nunes Soito
José Santos Alves Valongo
Domingos Marques Janela Baraçal
Isabel Dias Jorge Soito
Felisbela Pina Nave
Isabel Augusta de Almeida Nave
João Rito Parada Soito
Adélia Amaral Dias Soito
Antónia Lourenço Correia Seixo do Côa
Maria das Dores
Caminha
Encarnação de Jesus Moimentinha
José Manuel Dias Robalo Soito
Maria Augusta de Jesus Covilhã
Leonor dos Anjos Borrega Quadrazais
Maria Joaquina Alves Soito
Maria José Candeias Torre
Maria Silveira Jesus Santos Guarda
Manuel dos Santos Gonçalvez Ruivós
Josefina Vaz Vale da
Éguas
Ana Bernarda Afonso Torre
Maria Rosa Rodrigues Aldeia da Ribeira
Albertina Augusta Fernandes Bismula
Maria Ribeiro da Cunha Carvalho Guarda
Manuel Carreto Lages Rapoula do Côa
Joaquim Freire Jorge Capelo Baraçal
Belmira Afonsa Baraçal
Maria Luisa Fernandes Bismula
Maria Rosa Tomé Nave
Emilia Alves Nave
Isabel Augusta Lourenço Inês Soito
Isabel Augusta Pereira Grencho Soito
Laurinda dos Anjos Malcato Nave
Abel Afonso Alves Carvalhal
António Joaquim Sanches Bismula
Maria dos Anjos Corracha Filipe Soito
Maria dos Prazeres Corracha Filipe Soito
Bernardino Nunes Rodrigues Soito
Justino Gonçalves Nave
Maria dos Anjos Fernandes de Paulo Soito
António Maria Pina Nave
Isabel Augusta Nunes Emidio Soito
Margarida Maria Fernandes Quintas de S. Bartolomeu
Natividade de Jesus Ramos Quintas de S. Bartolomeu
Julieta Carvalho Soares Soito
Firmino Martins Pouca Farinha
Adélia Quitéria Pinto Mirandela
Lisdalia dos Santos Pega
Maria Judite Antunes Pereira Nave
Isabel Maria Martinho Garcia Soito
Isabel Maria Gonçalves Soito
Jeremias Martelo Pereira Soito
Isabel Maria Martelo Pereira Soito
Belmira Martelo Pereira Soito
Isabel Augusta Inês Lopes Soito
Manuel Martins Neves Soito
Isabel Augusta Pereira Feliçia Soito
Maria Augusta Antunes Pereira Soito
António Joaquim Fernandes Rapoula do Côa
Isabel Augusta Pereira Russo Soito
Ana Teresa Pirão Soito
Isabel Nobre Valente Vilar Maior
Conceição Martins Tomé Vila Boa
Laurentina Carvalhal Vila Boa
Maria dos Anjos Fortuna Garcia Soito
Justina Pereira Soito
Luisa Sousa Pires Rapoula do Côa
Elidoro Augusto Sanches Nave
Maria Emilia Carrilho Grencho Soito
Amélia Pereira Russo Soito
Maria Teresa Augusto Soito
Felisbela Antunes Ruvina
Acordos
A Santa Casa da Misericórdia do Soito aderiu á união
das Misericórdias em 12 de Janeiro de 1985 e foi registada como pessoa
colectiva religiosa em 10 de Outubro de 1986 com o numero 501725650.
O acordo de cooperação com a ARS da Guarda foi
celebrado em 4 de Setembro de 1987
Com a Segurança Social foi efectuado em 16 de
Setembro de 1988.
Regista-se que a Câmara Municipal, no mandato do Dr.
José Joaquim Nunes Portas, atendendo aos serviços prestados por esta
Instituição, decidiu atribuir uma verba de 1.000.000$00 para a compra de uma
viatura de passageiros, valor que, face a um maior custo da carrinha, seria
aumentado em mais 500.000$00.
Concedeu ainda 56.515$00 para a compra de bancos
para o jardim e 690.000$00 para calcetamento de parte da zona envolvente.
A Câmara Municipal do Sabugal em despacho de 2 de
Dezembro de 1987 decidiu atribuir um subsidio de 1.000$00 mensais ao Lar por cada interno, e 500$00 mensais por
cada utente em regime de centro de dia.
Doadores e Beneméritos
Sem duvida que existiram muitos durante a longa
existência da SCMS, e entre eles é de salientar como já atrás ficou dito,
Baltazar da Costa e sua esposa Dona Leonor que legaram todos os seus bens á
Misericórdia e muito embora não tenhamos documentos que atestem a sua
quantidade e valor, o certo é que a Santa Casa, agradecida, e durante mais de
um século, mandou celebrar Missas em sua memória, das quais as ultimas de que
tenhamos conhecimento documentado datem de Dezembro de 1936: uma, cantada,
celebrada pelo Padre Francisco Pereira da Cruz acompanhado por dois
concelebrantes e mais 50 pagas ao padre Manuel Joaquim Carvalho Dias no valor
de 250$00. Em 22 de Outubro de 1937 ainda constava no orçamento para o ano
seguinte a verba de 25$00 destinada a Missas por alma destes dois benfeitores,
o que era feito em cumprimento do artigo 50 dos Estatutos, o que face ao menor
numero de artigos dos Compromissos encontrados, revela a existência de outros
anteriores possivelmente desaparecidos ou destruídos.
Na era moderna da Santa Casa, também se destacam
alguns beneméritos ou doadores e aqui deixamos
os seus nomes para que constem e
a história os não esqueça:
Alberto Fernandes, do Cardeal, com uma oferta de 1.000.000$00 para as obras do
Lar e seis televisores.
António Fernandes Oliveira que ofereceu as colchas e
os lençóis para as camas.
Maria Antónia Alves Corceira, doou uma terra
centeeira, no valor aproximado de 250.000$00 que vendida em 8/7/1987, satisfez
o seu desejo de contribuir para a Santa Casa.
Maria Antunes Costa em 8/12/1987 legou por
testamento á Misericórdia, uma casa sita em Alfaiates, com um valor estimativo superior a 200.000$00.
Feliciana Amaral, natural de Alfaiates, em
29/12/1988 legou uma terra de regadio no valor calculado de 200.000$00.
Maria da Natividade natural de Vale Mourisco: uma
casa que foi vendida á Firma Lactibar por 300.000$00, mais um depósito na CGD
do Sabugal no valor de 1.200.000$00.
José Ramos Sanches da Silva, legou em documento
notarial, os seus bens em Aldeia Velha e um terreno em Alfaiates.
Emilia de Jesus: uma casa no Azevo que foi vendida
pela importância de 80.000$00.
Felisbela Pina, da Nave: 300.000$00
Maria Ilda de Oliveira Notório, da Guarda, legou em
dinheiro a quantia de 13.350 euros, conforme consta em acta de reunião da Mesa
em 20 de Maio de 2002
Aumento do património após 1979
Construção do imóvel onde funciona o Lar
Construção da Creche e Jardim Infantil
Aquisição de um terreno em 26 de Novembro de 1996
com 11.950 m2 e casa de habitação pertença do Sr Messias da Josefa Russo, junto
ao pertencente á Santa Casa e onde está implantado o primeiro edifício pelo
valor de 21.000.000$00. ( mais de cem mil euros)
Em 1994, (projecto de 18 de Fevereiro) no local onde
em tempos funcionou o hospital, foi construída a casa mortuária no r/chão e um
espaço para Museu, Biblioteca ou exposições no 1º andar.
Em 6 de Julho de 1998, conforme acta n.º 107: compra
de um terreno, anexo e confinante aos dois prédios da Santa Casa com a área
aproximada de 4.900 m2, á Sra. D. Ana Garcia Fogeiro e herdeiros, pela quantia
de 4.000.000$00.( 20 mil euros)
Com esta aquisição, o terreno onde está implantado o
complexo da Misericórdia e o espaço circundante ronda os 30.000 m2
Construção de um imóvel composto por cave, r/chão e
primeiro andar, com cerca de 1.300 m2 por piso destinado á ampliação do Lar e
no sentido de uma melhoria na qualidade das instalações e dos serviços
prestados e cujo custo se estima em mais de um milhão de euros.
A 12 de Dezembro de 1999 foi decidido adquirir aos
herdeiros do Sr. António Morais a casa
que foi sua habitação, dois palheiros contíguos e logradouro, sitos junto ao
Salão Paroquial pelo valor de 4.000.000$00 (vinte mil euros) cujo fim é a
instalação do Museu Etnográfico.
A escritura pública destes imóveis, por culpa da
excessiva burocracia, só foi assinada em 27 de Dezembro de 2004.
Em 3 de Maio de 2005, por necessidade de captação de
um maior caudal de água, face ao crescente consumo, foi adquirido no Robalbo,
ao Sr. Messias da Josefa Russo, um lameiro destinado à construção de um poço.
Custou 2.500 Euros.
Podemos dizer sem errar, que desde1979 até 2002, o
património da Santa Casa da Misericórdia do Soito cresceu valores a rondar os
três milhões de euros, e que esses valores são do povo do Soito e estão aqui implantados
não só como riqueza mas ainda como geradores de riqueza e de bem-fazer.
Alienação de património:
Em 26 de Novembro de 1996 e porque o fim a que se
destinava era de utilidade para a freguesia, decidiu a Mesa Administrativa,
ceder á Junta de Freguesia pelo valor de 8.000.000$00 ( quarenta mil euros) um
prédio rústico junto aos castanheiros de João D, Amores.
Neste espaço encontra-se em fase final a construção do Centro Cultural e Desportivo
do Soito.
Em 2/2/1999 foi vendida a casa que era pertença do
Sr Messias da Josefa Russo pelo valor de 10.000.000$00.(cinquenta mil euros)
Em 15/7/1999
foi decidido vender uma casa com 12 m2, na Rua do Meio, por 350.000$00 (
mil setecentos e cinquenta euros)
Em 25/10/1999 foi aprovada a venda de um terreno no
Molriso pela quantia de 250.000$00 ( mil cento e vinte e cinco euros) no
seguimento de uma orientação da Assembleia Geral, de poderem ser alienados os
pequenos prédios encravados entre outros, sob pena da sua perca total face á
inexistência de marcos e cuja superfície dependia apenas da palavra dos
arrendatários, já que era inexistente a
documentação a favor da Santa Casa.
Como já ficou dito, foi decidido salvaguardar e
conservar os prédios de artigo único e fazer a sua demarcação conveniente, para
que de futuro não se venham a repetir os atentados e desleixos do passado.
A Creche e Jardim Infantil
Á falta de uma instituição de apoio á primeira
infância, já que as mães trabalhadoras viam a sua vida dificultada pela
necessidade de cuidar dos filhos, respondeu a Santa Casa com um ambicioso
projecto para a construção de um edifício destinado a albergar a creche e o jardim onde as nossas crianças
pudessem ter uma existência mais humanizada e as mães livres de preocupações.
O projecto entrou na Segurança Social em 20 de
Dezembro de 1988 ainda na Provedoria do Sr João dos Santos Oliveira, para
apreciação, e o lançamento da primeira pedra teve lugar no próprio dia da
inauguração do Lar, 11 de Março de 1989, já estando em funções o actual
Provedor Manuel Joaquim Fogeiro Rito.
Após quatro anos, tempo que levou a sua construção,
este complexo abriu as portas em 30 de Agosto de 1993.
Com um custo total aproximado de 60.000.000$00,
(trezentos mil euros) foi comparticipado pelo Estado com apenas 25.000.000$00,
ficando a cargo da Misericórdia o
suporte do diferencial.
Estava construído o jardim; espaço físico, para que pudesse
vir a ser o jardim onde a vida floresce e cresce, e isso tem sido conseguido
graças ao esforço de todos: dirigentes, pais,
educadoras e pessoal auxiliar.
Estas instalações são compostas de várias salas, onde o Sol entra assim que nasce, como
que a dar bons dias ás crianças, e são
elas, 60 em Creche e em Jardim Infantil
e 32 em regime de ATL.
Devido á transferencia do Jardim Infantil n.º 1, da
vizinhança do lugar das escolas, para as instalações da Santa Casa, foi
decidido proceder á ampliação do actual espaço com vista a acolher os novos
utentes e a dar-lhe as condições que eles merecem. Foi remodelado todo o 1º
andar onde se encontrava o salão nobre,
e mais algumas alterações no andar inferior.
Directoras do Lar
Ana Isabel Cardoso Escada, Assistente Social, que
exerceu o cargo de Directora desde 15 de Outubro de 1987 até 31 de Dezembro de
1988, após pedido de demissão apresentado por carta com data de 16 de Dezembro
do mesmo ano.
Maria da Conceição Nabais Teixeira Dinis, Educadora
Social, assumiu as funções de Directora em 1 de Janeiro de 1989, não só por
parecer favorável da anterior Directora ,
mas porque já
havia demonstrado competência e capacidade para a gestão deste Lar que bem
conhecia desde a sua abertura. Hoje continua a exercer o cargo após mais de
vinte e sete anos em exercício.
Os Capelães
Poucos nomes constam nos registos da Santa Casa
embora saibamos que nem sempre os párocos da freguesia eram em simultâneo
párocos e capelães.
Entre 1804 e 1826 foi capelão da Santa Casa o Padre
Manuel Martins Vasco de Aldeia da Dona
Em 1858 era capelão o padre João Carvalho e em 1868
o Padre Bernardo Garcia de Carvalho ambos do Soito mas que nunca paroquiaram a
sua terra
Em 1880/1881 era capelão o padre Félix Gonçalves
Neves, natural da Malhada Sorda.
Durante o século XX e até hoje, o lugar de Capelão
tem sido exercido pelo pároco da freguesia.
Nossa Senhora da Conceição
Em 8 de Dezembro de 1987, dia da Padroeira, foi
colocada no jardim á entrada do edifício e sobre um pedestal, a imagem de Nossa Senhora da Conceição,
Padroeira do Lar a quem deu o nome.
A benção, realizada numa singela cerimónia
religiosa, foi efectuada pelo Capelão de então, Padre João Domingos, saudoso
pároco da freguesia, falecido em 12 de Maio de 1996. .
Ali está desde então de sentinela, a abençoar o Lar,
a perpetuar a fé dos nossos antepassados, e a recordá-la aos actuais e aos
vindouros.
Datas Importantes
Visita do Sr. Ministro Luís Barbosa às obras que
decorriam do Lar em
25 de Março de 1987; o Dr. Carlos Andrade, director
do Centro Regional da Guarda visita o Lar, com alguns dos s eus colaboradores e
almoça nas instalações bem como alguns membros da Associação Regional de
Solidariedade e Progresso do Alto Zêzere.
Em 31 de Outubro de 1987 foi realizada nas
instalações do Lar uma reunião das Misericórdias do Distrito da Guarda
presidida pelo Sr. Provedor da Misericórdia da Guarda Dr. Francisco Bigotte
A 13 de Dezembro de 1988 fez visita ás instalações
do Lar o Presidente do CRSS da Guarda
Dr. Rui Proença Correia Dias.
Em 11/3/1989 dia da inauguração do Lar estiveram
presentes entre outros o Sr. Ministro Silva Peneda, a Sra. Dra. Marilia
Raimundo, Governadora Civil do Distrito e o Sr Dr. José Joaquim Nunes Portas,
Presidente da Câmara Municipal do Sabugal.
Em 30 de Agosto de 1993 é aberta a Creche e o Jardim
Infantil.
Em 5 de Maio de 1995, o edifício da Creche e Jardim
Infantil foi inaugurado pelo Secretário de Estado da Segurança Social Dr. José
Cid.
Em 8 de Junho de 1997 o Lar foi visitado pelo Sr.
Bispo da Guarda D. António dos Santos, conforme consta no livro de ouro.
A 13 de Julho de 2003 o Lar Nossa Senhora da Conceição recebeu a visita do Sr. Governador Civil da
Guarda, do Sr. Presidente do CRSS e dos deputados à Assembleia da Republica Ana
Manso e Fernando Lopes acompanhados pelo Presidente da Câmara Municipal do
Sabugal e demais individualidades.
No dia 24 de Julho de 2004 foi benzida a nova Capela
do Lar pelo Sr. Vigário Geral da Diocese, em representação do Sr. Bispo, e do
Capelão da Santa Casa, Sr. Padre António Domingos.
Em 26 de Julho de 2004 foi inaugurado o novo
edifiçio do Lar pelo Sr Ministro Fernando Negrão com a presença dos Srs.
Governador Civil, Presidente do CRSS, Vice Presidente da Câmara e outras altas
entidades oficiais.
Ampliação e modernização do Lar
A ideia de ampliação do Lar foi apresentada á Mesa,
pelo Sr. Provedor Manuel Joaquim Fogeiro Rito em 1 de Dezembro de 1996, passados que foram
cerca de dez anos sobre a data da sua
abertura.
Ciente da insuficiência da resposta a dar a todos os
pedidos de acolhimento e atento á evolução das exigências dos utentes, face aos
novos tempos em que cada vez mais o conforto e a qualidade, não só dos serviços
mas também das instalações, são uma
opção de escolha a ter em conta e um direito que aos candidatos assiste,
decidiu o Sr Provedor, com o apoio dos restantes Mesários, mandar elaborar um
projecto para a ampliação do Lar, diga-se um projecto ambicioso, concebido a
pensar não só no presente mas também no futuro.
A necessidade de oferecer melhores condições de
estadia á gente maior, como dizem os
nossos vizinhos de além fronteira, justificam a melhoria e ampliação do Lar,
mas também a apertada fiscalização que o Estado tem vindo a levar a cabo e da qual
já resultou o encerramento de algumas centenas de Lares em todo o País num
espaço de tempo de apenas cinco anos.
Hoje, mais do que no passado, é preciso estar
actualizado e responder às exigências da Sociedade, daí o empenho desta
Direcção em efectivar esta obra.
Em reunião de 15 de Outubro de 1998 foi decidido
pela Mesa Administrativa da Santa Casa, adjudicar a construção em grosso,
estruturas e divisões, na parte de mão de obra do novo imóvel, ao Sr João Rito
de Marcos pelo valor de trinta milhões de escudos, ficando por conta da
Misericórdia o fornecimento de todos os materiais.
O novo imóvel ocupa uma área aproximada de mil e
trezentos metros quadrados por piso e é composto de cave, r/chão e primeiro
andar; terá na cave umampla garagem para os utentes e para serviço da
Instituição, salão de festas e conferencias, duas salas polivalentes para
actividades sociais, formação profissional ou outras.
No r/chão vai ficar instalada uma espaçosa Capela
com cerca de 260 m2, um terraço com cerca de 150m2, salas de espera, de
convívio, enfermaria, sala de acamados, nove quartos duplos e quatro normais.
No 1º andar, mais uma sala de acamados, salas de
estar e de apoio, seis quartos duplos e sete normais.
Todos os quartos agora construídos, são providos de
casa de banho e obedecem aos mais modernos requisitos técnicos essenciais a uma
boa estadia, como sejam a canalização de oxigénio e sistema de aspiração
pulmonar, etc.
O valor total do imóvel, á excepção do mobiliário,
todo construído a expensas da Santa Casa da Misericórdia do Soito, estimou-se
em cerca de um milhão de Euros.
Todos os antigos quartos estão hoje dotados de casa
de banho privativa.
Criação do Museu Etnográfico
A ideia já tem alguns anos e a Santa Casa propôs-se
a instalar um museu no 1º andar do edifício que alberga a Casa da Ascenção no
r/chão e que fora outrora o chamado Hospital da Misericórdia, porém a ideia não
foi avante talvez por insuficiência de espaço, talvez por escassez de apoios
materiais e humanos.
Posteriormente a Santa Casa aceitou a proposta da
Soito ACD sediada em Lisboa, tendo as duas Instituições assinado um protocolo a
fim de levar a ideia por diante e logo foi decidido adquirir a casa que fora do
Tio António Morais, atrás do Salão Paroquial e que se compõe de três
edifícios geminados e logradouro.
Encarregou-se o Sr Vereador Manuel Rito de proceder
a elaboração do levantamento topográfico e posterior projecto a fim de poder
ser candidatado a um subsídio Estatal, sem o qual se tornaria difícil levar por
diante tal objectivo.
Esteve em curso a recolha de peças e utensílios do
passado a fim de dotar o futuro museu com o máximo de objectos que possam
testemunhar de algum modo o nosso passado e a nossa história e para que através
deles possamos viajar até aos nossos antepassados e recordar o seu modo de
vivência, porém por causas que desconheço o projecto não avançou.
Bandeira e distintivo
Em reunião de 9 de Setembro de 2002 foi decidido
proceder á elaboração de uma bandeira e de um dístico representativos da
Irmandade.
A composição do dístico foi obra de João José
Meirinho de Carvalho e passou a identificar a Santa Casa a partir de 2004.
Agradecimentos
Aos funcionários e
funcionárias
Louvo e agradeço, a titulo pessoal, o empenho e a
entrega dos cerca de 50 colaboradores desta Casa a começar pela sua Directora.
Que estas minhas palavras não se quedem no elogio do
passado ou do presente mas sirvam de incentivo a um trabalho futuro que se
pretende mais comprometido e a uma continuidade que se deseja sempre melhorada
até aos limites do humanamente possível.
A Santa Casa, neste caso o Lar Nossa Senhora da
Conceição, deve muito do seu prestigio ao vosso trabalho e á dedicação com que
tendes desempenhado as vossas tarefas, fazei do Lar a vossa casa e cuidai dele
como se fosse vossa pertença que é o mesmo que dizer: amai os idosos como a
vossos pais sempre cientes de que, por parte de todos os cidadãos responsáveis,
sereis dignas de partilhar dos louros que esta casa tem vindo a acumular ao
longo dos seus anos de vida e, que em
certa medida, disso sois também beneficiadas através da manutenção dos vossos
postos de trabalho e de uma valorização social e moral que todos nós devemos
sem favor reconhecer, elogio ainda o exemplo abnegado e altruísta que
demonstrais no dia a dia, e que nem
sempre é bem entendido por aqueles ou aquelas que nunca cuidaram de um idoso e
que são simplesmente ignorantes nesta causa.
Aos Dirigentes
Por uma questão de justiça não devo esquecer os
longevos e anónimos fundadores que deram forma
há mais de três séculos a esta então Irmandade da Santa Casa da
Misericórdia do Soito, a todos os que se seguiram até 1978 e aqueles que são
responsáveis pela actual vitalidade da S.C.M.S. e que desde o começo daquilo a
que justamente podemos chamar de nova era da Misericórdia do Soito, deram muito
de si em favor de uma causa que adivinhavam urgente e indispensável ao povo
desta freguesia: a começar pelo Provedor Sr. João dos Santos Oliveira que é de
algum modo o responsável pela revitalização
da Misericórdia do Soito e como que o fundador do Lar que tanto se esforçou por construir.
Deixo também um voto de agradecimento a todos os
restantes Mesários, que o acompanharam durante quase uma década, neste difícil
mas áureo momento da vida da Misericórdia.
A história também não pode ignorar o seu digno
sucessor: Provedor Sr Manuel Joaquim
Fogeiro Rito que há mais de uma dúzia de anos dirige a SCMS e que tem vindo a
desenvolver um trabalho a todos os títulos notável e meritório, e que está em
vias de quase duplicar a superfície e a qualidade das instalações do Lar
através da construção de um novo imóvel anexo como já atrás referimos e ao
actual Provedor Rui Carrilho.
Notas finais:
Este trabalho
só foi possível graças á colaboração do Sr Padre António Domingos, que
facilitou o acesso ao Arquivo Paroquial.
Também devo um agradecimento especial á Sra.
Directora e ás funcionarias do Arquivo Distrital da Guarda pela atenção e
simpatia com que me facultaram o acesso aos seus arquivos.
Outras fontes: História da Diocese da Guarda de
Pinharanda Gomes
História da Diocese de Lamego por M. Gonçalves
Pereira
Memórias sobre o Concelho do Sabugal de Joaquim
Manuel Correia
Dicionário Corográfico de Portugal de Américo Costa
Uma Estimativa da População Portuguesa em 1640 do
Professor Joaquim Veríssimo Serrão
A População de Portugal em 1798. Censo de Pina
Manique, edição da Fundação Calouste Gulbenkian (1970)
Instituto dos Arquivos Nacionais (Torre do Tombo) na
pessoa da Sra. Dra. Maria de Lurdes Henriques e do Dr. Luís Filipe Marques da
Gama
Arquivo da Santa Casa da Misericórdia do Soito
Biblioteca Municipal do Sabugal
Outras fontes da tradição oral.
Epilogo
Tentei, o mais fielmente possível, transmitir e
deixar neste pequeno volume, os factos ou acontecimentos mais significativos da
SCMS que me foram confiados por cidadãos desta vila, provenientes de buscas em arquivos ou ainda
por mim vividos ou conhecidos.
Creio que será apenas o primeiro passo para que
alguém mais habilitado venha, num futuro não muito distante, desenvolver com
mais qualidade e quantidade uma história
que fica ainda por escrever no seu mais profundo sentido.
Espero ter dado o meu contributo, ainda que modesto,
para um maior conhecimento da verdade face ás injustas afirmações de menoridade que muitos teimam em querer
atribuir ao Soito, e peço desculpa aqueles que não concordarem com algumas
afirmações de caracter opinativo, mas são minhas e, como tal, assumo a
responsabilidade que decorre de tal acto, ciente de que como sempre, não alinho
em pressupostos alheios sem uma averiguação cuidada dos factos, o que
obviamente também não posso reprovar nos
leitores.
Ticarlos Maio de 2016
Comentários
Enviar um comentário