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A Misericórdia do Soito

Fundação da Misericórdia do Soito

Porque as fontes de informação acerca da SCMS eram escassas ou se encontravam dispersas por locais inacessíveis, vários historiadores situaram a sua fundação por alturas de fins do século dezanove o que não passa de um acto de puro metacronismo.
O reconhecido historiador Pinharanda Gomes, em História da Diocese da Guarda página 387 diz, citando Origens e Formação das Misericórdias Portuguesas de Fernando da Silva Correia, que a Misericórdia do Soito seria de fundação posterior a 1897.

Também Costa Goodolphim no seu livro As Misericórdias, editado nesse mesmo ano de 1897, não se refere à Misericórdia do Soito, embora mencione outras com menor valor de receita e de capital mutuado na Junta de Crédito Publico, como as de Melo e Gouveia. Não queremos retirar mérito a estes grandes historiadores, altamente conceituados, que escreveram certamente baseados nos dados que possuíam, o certo é que a história faz-se todos os dias, nunca está completa, há sempre novas verdades que surgem e que trazem luz a situações até então obscuras.
Até hoje, que se saiba, essas informações não foram contestadas, por falta de argumentos validos e credíveis, porém aconteceu que recentemente, alguém, ao abrir uma velha arca a que pouca atenção era prestada, verificou que no seu interior se encontravam vários livros já bastante deteriorados e que estiveram quase em risco de serem queimados, valeu a chamada de atenção ao Sr Padre António Domingos para o achado, este verificou a sua origem, a qualidade do seu conteúdo, e tentou recuperar e conservar o possível deste espólio.
Estes documentos agora encontrados, que despoletaram o meu interesse por saber mais acerca do Soito e da sua Misericórdia, podem não ser para a maioria dos cidadãos, mais que simples papel, mas a verdade é que neles podemos recordar muitos nomes dos nossos antepassados, talvez até saber quais as funções que em determinada época, da vida exerceram, como viveram, como escreveram, e qual o contributo pessoal que deram á Sociedade do seu tempo, muito em especial á causa da Misericórdia.
Foram também esses documentos que despoletaram a minha vontade de recuar no tempo e investigar o possível do existente sobre o Soito e a sua Misericórdia, quer ao nível do Arquivo Paroquial, do Arquivo Distrital e do próprio Instituto dos Arquivos Nacionais.
Também podemos apreciar, em tais documentos, vários tipos de caligrafia, como se fossem desenhos, tal a maneira primorosa, talvez artística com que foram executados o que nos deixa na incerteza de saber se acaso os seus autores não teriam frequentado alguma escola semelhante ou precursora das Escolas das Belas Artes de hoje. Estes exemplos devem servir de lição a todos nós, hoje, que apenas usamos as maquinas e caminhamos para o esquecimento da escrita pessoal.  
Entre estes documentos encontram-se Actas, Compromissos e Contas da SCMS, estávamos perante um pedaço da história do Soito que embora relativamente recente, pode trazer um pouco de luz a todo este processo.
Tenho em meu poder a cópia de um Alvará régio escrito por Miguel Vieira e mandado escrever por Luís Sanches de Baena, datado de 4 de Maio de 1671, em que refere que a Casa da Misericórdia do Lugar do Souto, termo da villa do Sabugal, comarca de Castelo Branco, já existia. (Livro XLV da Chancelaria, folha 178)
Os documentos mais antigos existentes no Arquivo Paroquial datam de 1846, é nesta data: 15 de Julho de 1847 que, referentes a 1846/47, Manuel Vaz de Carvalho dá contas a Manuel Martins Furriel, ambos tesoureiros, um que sai e outro que entra em funções, num total de 37.490 e 36.500 reis, respectivamente receita e despesa.
Também existem documentos comprovando que o edifício do Hospital sofreu reparações consecutivas desde 1856 que foi no valor de1400 reis, 1861 6.440 em 1867 4.240 em 1873 20.000 mas nesta data refere-se “à compostura da casa onde vivem os pobres denominada hospital” o que significa que à época já não existia como tal. Que o Calvário, os Nichos, a capela da Misericórdia e porventura outras obras de vulto eram sua propriedade, e se tanto quanto sabemos o Calvário e a capela da Misericórdia já existiam em meados do século XVIII, pois já nesta data o Padre Hipólito Tavares referia que a Misericórdia do Soito tinha capela própria e como renda a quantia de 20.000 reis, enquanto à do Sabugal, na mesma altura, eram atribuídos 100.000 reis e estava sediada na Igreja de São Miguel.
Sabemos por consulta nos documentos paroquiais da época, existentes no Arquivo Distrital da Guarda, que os mortos eram sepultados dentro das Igrejas, Capelas e respectivos adros e havia corpos sepultados na Igreja Matriz, na capela de Santa Barbara, na Capela de Santo Amaro e na do Espirito Santo, também a Capela, ou Igreja, como varias vezes é referida, da Santa Casa da Misericórdia, acolhia os restos mortais dos Soitenses.
O registo do primeiro enterro nessa capela, de que tenhamos documentos, data de 14 de Fevereiro de 1695, o que não quer dizer que os não haja anteriores, porém, devido a um vazio documental referente a algumas décadas anteriores, é impossível saber qual a data exacta em que tal pratica terá sido iniciada.
Os cemitérios foram criados pelos Decretos de 21 de Setembro e 8 de Outubro de 1835, embora já em 1787 o Intendente Pina Manique tivesse projectado a sua construção o que esbarrou na oposição do governo, tendo o do Soito começado a funcionar dois anos e meio depois, já que o primeiro funeral ali realizado data de 5 de Fevereiro de 1838, (mais de seis anos antes da entrada em vigor da lei que proibia a realização de funerais nas Igrejas; 29 de Setembro de 1844) a falecida era Maria e foi oficiante o Padre António Gomes Costa e considerado um dos melhores párocos da Diocese.
O facto de entre 18 de Maio e 18 de Junho de 1858 terem sido feitos 38 funerais na Capela de Santa Barbara, (certamente capela e adro) já depois da proibição governamental, só pode ser entendido pela razão de falta de espaço na Igreja e no cemitério que não seria grande, face ao elevado número de óbitos que se verificavam, basta dizer que no mês de Maio de 1858 morreram no Soito 80 pessoas dum total anual de 154, houve mais mortes neste mês do que nos restantes 11.
Sabemos também que o Soito foi durante alguns séculos, a única aldeia da região a ter, implantada e a funcionar, uma Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, pois o Sabugal, Sortelha, Alfaiates, Vilar Maior, Vila do Touro, Alverca da Beira, Linhares e Melo, são ou já foram vilas e sedes de concelho.
É de realçar ainda o facto de a Misericórdia ser em 1846 já possuidora de um Património razoável, visto ter recebido nesse ano, rendas de centeio, (cento e catorze alqueires) de castanheiros e de palheiros num total de 37.490 reis, como se refere acima, e ainda porque tinha á sua responsabilidade a conservação do Hospital, então situado no local onde hoje se encontra a Casa Mortuária..
Não se adquire um património assim valioso de um dia para o outro, e se beneméritos tão importantes como Baltazar da Costa e sua esposa Dona Leonor se dignavam legar-lhe os seus avultados bens em finais do século XVII, princípios do século XVIII, é porque a SCMS estava já bem assente, enraizada, considerada e respeitada, tanto a nível local como regional.
A propósito, sabemos por transmissão verbal de geração para geração, que Dona Leonor para além de abastada proprietária era uma senhora de extrema bondade, que para além de doar todos os seus bens á Santa Casa quis como sinal da sua humildade, que fosse sepultada junto ao altar da Igreja Matriz onde todos os fieis lhe passassem por cima.
Dizem ainda os mais velhos que sabedora da miséria da amante do marido lhe mandou entregar lençóis, cobertores e outra roupa indispensável.

Compromisso de 1858

Este Compromisso, que seria certamente uma reformulação do anterior, foi manuscrito num Livro destinado a esse fim e aberto pelo Administrador do concelho do Sabugal, Cassiano Maximino da Silva Azevedo em 29 de Junho de 1858 e a sua aprovação foi efectuada em reunião da Mesa presidida pelo Provedor Padre João Carvalho em 30 de Julho do mesmo ano.
Para além do referido administrador, ainda encontramos na aprovação dos relatórios de contas as assinaturas dos seguintes: anterior aquele, Francisco Ignaçio da Costa Quintella, sucessores; Simão da Rocha Fortunato, Cavaleiro da Ordem de Cristo e Bacharel formado em Direito, António Vicente Bigotte, Joaquim Carvalhido de Faria e Vasconcelos, Joaquim António de Almeida e  Albertino Carlos da Costa. 
A titulo de curiosidade refira-se que nesse mesmo dia (29 de Junho de 1858) tomava posse como Bispo da Guarda D. Manuel Martins Manso após um vazio da cadeira episcopal de cerca de 25 anos em que a Diocese foi administrada por 11 cónegos ou governadores interinos, resultado da fuga do anterior Bispo D. Joaquim José Pacheco e Sousa simpatizante com a causa espanhola. 
Por julgarmos interessantes e úteis alguns Capítulos deste Compromisso, passamos a referir alguns artigos onde se expressam as obrigações, deveres e direitos conferidos aos irmãos, assim:


                            Capitulo 2º (Admissão de Irmãos)

 As pessoas que buscarem ser admitidas á nossa Irmandade, depois de o Secretário lhes ler o Capitulo 3º deste Compromisso, devem comparecer perante o Irmão Provedor, que lhes dirá para se retirarem e reflectirem muito seriamente se lhes convém observar as obrigações que o tal capitulo prescreve e que se a Mesa os quiser admitidos os mandará chamar pelo Andador quando se reunir outra vez. A Mesa em voto secreto, para evitar queixas, decidirá a admissão por maioria sem atenção á qualidade do vogal. Decidindo-se a Mesa pela exclusão, a tal pessoa não poderá ser admitida, nem seu novo requerimento, se o fizer, será consultado naquele ano, se porém se decidir pela aceitação, o Andador lhe fará saber o dia em que há Cabido, para que se apresente nele a prestar o seu juramento, o qual será dado de mãos postas sobre o Missal. Quando porém aconteça que venha pedir sua admissão na Irmandade, alguma pessoa de probidade muito notória, poderá ser admitida e prestar juramento logo depois de se lhe ler o Capitulo terceiro.

Capitulo 3.º

No capitulo 3º.  diz: devem reunir-se todos os irmãos o dia da festa de Santa Isabel, assim como nas funções dos Passos, quando os houver. E ainda que todo o irmão pertencente a esta irmandade  tem obrigação restrita de rezar uma coroa por alma  dos Irmãos que forem morrendo.
Capitulo 4º 

(Obrigações da Mesa anual)

Primeira obrigação:  Zelar com todo o cuidado o bem espiritual e temporal da Santa Casa, e verificar se se disseram  as trinta Missas por alma  se D. Balthazar da Costa e sua mulher Dona Leonor pela doação de seus bens que fizeram á Santa Casa, se se fez a função da Visitação de Santa Isabel, segundo o costume e a decência devida
Mas mais adiante no capitulo 11º. Diz; “ordenamos que daqui em diante se digam não trinta missas como já ficou dito no Capitulo quarto, mas sim cincoenta, como em tempos se disseram, estas aplicadas por alma de Balthazar da Costa e sua mulher Dona Leonor pela doação que fizeram de seus bens á Santa Casa, o que deverá constar por certidão”.
Ainda neste Capitulo ...  as contas devem ser tomadas infalivelmente até ao dia ultimo de Setembro, e será multado em dez tostões o Tesoureiro que no dito dia não as apresentar liquidas, ou que queira entregar roes de dividas, que ele devia ter cobrado como se prescreve no Capitulo 7º. 
Era ainda obrigação da Mesa anual assistir em pessoa a todo e qualquer enterro em que ouvir tocar o sino da Santa Casa, na ocasião da morte de qualquer Irmão, deixando mesmo de sair da terra quando souberem que têm de cumprir esta obra de misericórdia, em caso que a jornada seja forçosa por causa de interesse publico ou particular, primeiro darão parte ao Irmão Provedor, ou a quem as suas vezes fizer, afim de que este mande avisar outro irmão que supra as vezes do ausente, isto mesmo deverá fazer o Irmão do ano que tiver qualquer impedimento, ou se achar fora, devendo a família dar parte, não o fazendo ficará sujeito á multa de 200 reis.
Nas procissões dos defuntos e outras fúnebres, devem os dez Irmãos do ano levar a cabeça coberta com os capuzes.

Capitulo 4º
Continua e conclui com a sexta obrigação: A Mesa reunirá pelo menos uma vez por mês e este Compromisso estará sobre a mesa até ao fim da sessão e o Irmão Secretário á ordem do Irmão Provedor lerá alguns capítulos pondo registo onde o Irmão Provedor lhe mandar fazer pausa, para continuar da hi por diante na outra secção. Nenhum Irmão se levantará se não no fim do auto capitular, e o sinal de que este está findo é levantar-se o Irmão Provedor e dizer: rezemos um Pai Nosso e uma Avé Maria pelos nossos defuntos, rezado isto por todos em pé, poderão retirar-se aonde lhes convier.


Capitulo 5.º
Atribuições do Provedor

O Provedor desta Santa Casa será sempre uma pessoa de virtude, prudência, autoridade e reputação tal, que os demais Irmãos muito facilmente o possam conhecer como superior.
Deve ter de idade de trinta anos para cima, excepto se for formado em qualquer faculdade ou que tenha ordens sacras, e  tenha pelo menos um ano de Irmão nesta Santa Casa, para que aprenda a obedecer antes de mandar, e saiba perfeitamente aquilo que tem de ensinar aos outros com exemplos e palavras.
A este Irmão, sendo eleito como se dispõe no capitulo duodécimo, avisado pelo Andador, virá á Santa Casa na tarde do dia em que se fizer a festa da vizitação, ou noutro dia se nesse houver impedimento, e ali se lhe dirá como ele foi eleito, e logo prestará juramento sobre o Missal nas mãos do seu antecessor pela maneira seguinte: Eu.... juro por estes Santos Evangelhos de cumprir bem e fielmente os deveres que se me prescrevem neste Compromisso e de fazer observar a cada um dos Irmãos o que prometeram no seu juramento para serviço de Deus e de Nossa Senhora da Misericórdia. Dado este juramento, o novo Provedor se assentará ao lado direito  do antigo e  o Irmão Secretario lerá todo este capitulo, e em se lendo, sem tratar de algum outro negocio, o Provedor antigo  levantará a sessão como das mais vezes, e logo todos os Mesários juntamente com ele, irão acompanhar a casa o novo Provedor e ao mesmo tempo se dará um repique no sino as Santa Casa.

A primeira função do novo Provedor é tomar o juramento dos irmãos que formam a Mesa do ano, o que ele os mandará avisar pelo Andador, e logo que estiverem juntos na Santa Casa, ou Sacristia da mesma, lhes dirá como foram eleitos, depois de ser-lhe  lido no capitulo 4º a Sexta e sétima obrigação segue-se o juramento começando pelo Secretário, Tesoureiro e depois seguindo a ordem de maior idade que sobre o Missal é feito da seguinte forma.  Eu.....  juro por estes Santos Evangelhos de guardar com a maior pontualidade que me for possível os deveres do meu ofício em todo o ano para serviço de Deus e de Nossa Senhora da Misericórdia. Se tiver lugar algum enterro de um nosso Irmão, nesses dias que só está juramentado o novo Provedor, este irá com todos os mesários antigos.
Também pertence ao Provedor, mandar que se dê a esmola que for possível aos passageiros que trazem carta de guia das Misericórdias do Reino, sem ser preciso para isto consultar a mesa, se porém mandar fazer mais alguma coisa além da do Capelão, Andador e pobres que trazem guia, o Tesoureiro não cumprirá tal ordem, e se a cumprir não se lhe levará em conta pela Mesa,  e ambos serão obrigados a repor o que tiverem despendido contra esta ordenação.
Fica ainda incumbido o Provedor de levar a vara nas Procissões, e caso por qualquer impedimento não o poder fazer, será substituído nessa função pelo Irmão do mês.
Se o lugar do Provedor vagar até ao fim do ano, a Mesa mandará nova nomeação ao Irmão que foi o ultimo Provedor, se ele não aceitar, irá a Mesa retrocedendo até achar alguém que aceite o cargo, quando porém nenhum dos que já foram Provedores aceitar a Mesa promoverá nova eleição e o Irmão eleito será obrigado a aceitar o cargo. 

Capitulo 7.º
Do Tesoureiro


É-lhe exigido, faça todas as cobranças devidas desse ano e é-lhe impedido apresentar rois de dividas que ele devera cobrar dentro do seu ano, estes não lhe serão aceites no ajuste de contas, antes será logo obrigado a pagar tudo aquilo que não recebeu ainda, ou por seu descuido, ou por fazer favor ás partes, daquilo que não era seu, outrossim ficará também sujeito á multa de dez tostões.
Tendo satisfeito a norma, poderá da hi em diante recair nele a eleição para Provedor, assim como também ordenamos que os eleitores não o tornem a eleger para Tesoureiro sem que se passem pelo menos cinco anos, nem mesmo depois será reeleito se houver outros Irmãos hábeis para o desempenho deste importante ofício.
É de antiquíssimo costume, levar o Irmão Tesoureiro a bandeira nos enterros,  na Procissão de Sexta feira Santa e na dos Passos, ou querendo ele cede-la a outro também será admissível.


Do capitulo 8º

Do Irmão do Mês:  Cada vez que o Irmão Provedor esteja impossibilitado de presidir ao Cabido ou qualquer outra função em que se juntam os Mesários, presidirá este Irmão e todos lhe obedecerão como ao mesmo Provedor. Também é sua obrigação, convocar a Irmandade para o enterro de qualquer dos nosso Irmãos e das mais pessoas que têm o privilegio de Irmãos sem o serem , os quais são a mulher e os filhos se ainda estiverem debaixo do pátrio poder, é ainda de sua obrigação, logo que ouça  dar o sinal nos sinos da freguesia, dirigir-se a casa do Irmão Secretário a informar-se se o defunto é Irmão, e se for tem obrigação de mandar dar sinal no sino da Santa Casa para que deste modo a Irmandade fique de prevenção.


Do capitulo 9º
Do Capelão

Este Capelão dirá sempre Missa na Santa Casa e deverá ser um Clérigo probo, sério e sem nota que deslustre a pureza do seu estado, também deverá ser morador nesta terra e convém que seja Irmão da Santa Casa para melhor zelar por ela,
É também de nossa vontade, que o mesmo Capelão diga mais três Missas  por qualquer que morrer no espaço de um ano nesta terra,  em tal miséria que nenhum bem de alma tenha.



Do capitulo 18º

retiramos o seguinte:

Dos Imprazamentos
Como na nossa Santa Casa existem alguns prédios imprazados, estes, a maior parte deles feitos em antiquíssimos tempos e como deles não existe documento algum para a sua legalidade, havemos por bem o aprová-los e os damos por bem feitos de hoje em diante; assim como alguns mais que há pouco se fizeram e todos aqueles que de hoje em diante se fizerem, logo que a Mesa o julgue conveniente, isto é, de utilidade para a Santa Casa.
Soito 30 de Julho de 1858

Termina com a assinatura de todos os dez membros da Mesa que foram os seguintes:
Padre João Carvalho
Manuel Nunes de Marcos
Manuel Fernandes Ruço
Manuel Nunes Dias
José Nunes de Gabriel (Sénior)  nascido em 1816 e falecido em 25/8/1897
Bernardo Gomes
Paulino Roballo
João Garcia Marques
Bernardo Antunes
José Martins Nicolau




  Compromisso de 1868

Encontrámos um outro Compromisso composto por 49 artigos, manuscrito em papel selado de 30 e 60 reis com data de 12 de Dezembro de 1868, o que nos leva a crer que  seja mais uma  actualização para substituir o anterior, á semelhança do que aconteceu com outras Misericórdias.
Nas contas referentes a 1869/70 aparece uma parcela nas despesas com a quantia de “14.400 reis, gastos com a aprovação dos Estatutos.”

Transcrevemos, alguns artigos, os possíveis, já que o estado degradado dos documentos originais não permite a sua transcrição total:
Escusado será lembrar que para melhor entendermos estas e outras obrigações, devemos transportar-nos a esse tempo, que é o mesmo que recuar século e meio.


Artigo 12º.  A mesa terá uma secção por semana.

Artigo 13º.  É nula qualquer deliberação tomada pela Mesa sem que esteja presente metade e mais um dos Mesários.

Artigo 15º. Na falta ou impedimento do Provedor, presidirá ás secções e fará as suas vezes o Secretário, e na falta de ambos será chamado para os substituir o Provedor do ano anterior.

Artigo 17º:  A Mesa

Pertence à Mesa
1º:  Tomar contas ao Provedor e Tesoureiro.
2º:  Assistir pessoalmente aos enterros.
3º:  Nomear o Capelão e mais empregados necessários ao serviço da Santa Casa.
4º:  Arbitrar a esmola que devem dar os herdeiros dos defuntos  que não pertenceram a esta Irmandade e queiram as honras fúnebres dela, não podendo ser superior  a dois mil  reis nem inferior a quinhentos reis.
5º:  Arbitrar e pagar ordenados a todos os empregados da Santa Casa.
6º:  Fazer o orçamento da receita e despesa da Irmandade anualmente sob proposta do Provedor.
7º:  Mandar celebrar duas Missas semanais por alma dos Irmãos, vivos e defuntos.

Artigo 42º: Todas as transações sobre propriedades de imóveis carecem de autorização régia para poderem levar-se a efeito.

Artigo 43º: A Mesa da Irmandade de que trata o presente Compromisso fica sendo a única administradora de todos os bens moveis ou imóveis que pertenciam á antiga Santa Casa e á Irmandade da Misericórdia deste lugar do Soito.

Artigo 44º: O presente Compromisso só poderá ser alterado por proposta de qualquer dos Irmãos, discutida em Assembleia Geral sendo presentes pelo menos metade e mais um dos Irmãos e com a competente aprovação.

Artigo 45º: Os Irmãos que por mais de uma vez deixarem de observar alguma das disposições do presente Compromisso serão riscados por um ano e pagarão de multa mil reis.

Artigo 46º: Os Irmãos Mesários que deixarem de satisfazer suas obrigações pagarão de multa dois mil e quatrocentos reis e se se mostrarem contumazes serão riscados perpetuamente.

Artigo 47º: O Irmão que sem causa legítima recusar o cargo para que foi eleito, será riscado por dois anos e pagará de multa mil e duzentos reis. Na mesma pena incorrem os que abandonarem o seu cargo.

Artigo 48º: Os Irmãos que não concorrerem nas ocasiões e para os fins marcados no artigo 6º pagarão unicamente um Quilograma de cera amarela fabricada ou o seu valor. 

Artigo 49º: Nenhuma das penas estabelecidas terá aplicação se as faltas provierem de justa causa devidamente comprovadas.
Único. As penas estabelecidas nos artigos 45º, 46º e 47º só podem ser impostas pela Mesa ouvido o arguido e com recurso para a Assembleia Geral.
Soito 12 de Dezembro de 1868
Assinado:
Bernardo Garcia de Carvalho
José Robalo
Bernardo Pereira
José Fernandes Sancho
Bernardo Antunes
Manuel Martins
Manuel Gomes
Manuel Fernandes Ruço
Luís Pereira
José Nunes de Gabriel



Compromisso de 1914

Este Compromisso, ou melhor, Reforma dos Estatutos como diz a capa do texto, foi assinado em 12 de Julho de 1914, era Provedor Narciso Martins Nicolau, Secretário: José Alfredo Garcia da Fonseca e Tesoureiro: Manuel Cesário.
A propósito destes Estatutos compostos por 12 capítulos e 54 artigos, lembro que o processo foi iniciado em 5 de Setembro de 1911 por força do Decreto de 20 de Abril o qual determinava no seu artigo 38 que as Irmandades não podiam gastar com despesas de culto mais do que um terço do valor das receitas, o que não estava a acontecer.
O texto em triplicado é enviado ao Governador Civil em 9 de Novembro de 1912 pelo Administrador do Sabugal, de novo reenviado em 6 de Abril de 1914, era Administrador David Mendes Leitão Serra, de novo reenviado em 5 de Maio do mesmo ano e de novo, porventura com mais alterações impostas por lei, em 8 de Junho de 1914 sendo Administrador do Concelho o Dr. António Manuel Garcia da Fonseca, natural do Soito e que viria a ser Conselheiro do Tribunal de Contas, tendo falecido no dia 18 de Dezembro de 1974.
Destacamos nestes Estatutos e no artigo 50 número 2, a renovação da imposição de mandar dizer anualmente 50 missas por alma de Baltazar da Costa e sua esposa Dona Leonor, visto que fizeram doação de seus bens a esta Irmandade.
A aprovação data de 26 de Agosto de 1914, alvará numero 67.


É suposto ter havido um outro Compromisso com data de 18 de Abril de 1916, aprovado por D. José Alves Mattoso, Bispo da Guarda, porém, o manuscrito não se acha entre os poucos documentos que sobreviveram e chegaram até aos nossos dias.



Compromisso de 1982:

Foi aprovado em Assembleia Geral efectuada em 28 de Fevereiro de 1982 e superiormente confirmado por D. António dos Santos, Bispo da Guarda em 6 de Maio de 1982.
Composto por 67 artigos, deles salientamos apenas a alínea b) do artigo 13.º que diz expressamente que na sua Igreja ou Capela se realizará, sempre que possível, a festa anual da Visitação em honra da Padroeira da Misericórdia.
Esta sugestão do Compromisso, reforça a postura que vem do Compromisso de 30 de Julho de 1858 e que diz no Capitulo 4.º, (Obrigações da Mesa) Primeira obrigação: verificar se se fez a função da Visitação da Padroeira da Misericórdia, segundo o costume e a decência devida, indicações que emanam do Compromisso primitivo da Misericórdia de Lisboa
De referir também do artigo 25, alínea 2: Todos os corpos gerentes são eleitos por período de três anos civis e no artigo 26 diz que podem ser eleitos consecutivamente mais que uma vez, legislação bastante diferente dos Compromissos anteriores que proibia a reeleição consecutiva, principalmente do Tesoureiro.



Festas de Santa Isabel ou da Vizitação


É impossível datar com exactidão o começo das festas a Santa Isabel, mas sabemos  que a sua realização era imposta pelo Compromisso que obrigava: “ a procissão de Nossa Senhora da Visitação, de cuja invocação é a confraria, e por seu dia se soleniza a dita festa por todos estes reinos com procissão solene que fazem os oficiais da dita confraria.” e que tinha uma importância considerável na vida da Instituição, já que era na tarde desse dia, habitualmente o primeiro Domingo de Julho, e anualmente, que se reuniam os irmãos para a eleição da Mesa do ano seguinte: “dia de nosa Señora da Visytaçam pera se elegerem os oficiaes que ajam de servir e governar aquelle anno as obras de misericórdia na maneira que será dito”
Também Cristóvão de Oliveira em 1551 no Sumário de Lisboa refere que “ a Raynha especialmente ordenou a procissão de Nossa Senhora da Visitação, de cuja invocação é a confraria”
Segundo documentação existente, a SCMS gastou na festa de Santa Isabel ou da Visitação de 1848 a importância de 13.200 reis, o que numa receita anual de 37.490 reis, era bastante significativo, em 1852 a festa custou 10.510 reis, em 1853 subiu a 14.600 reis, em 1855 a despesa foi de 13.540 reis, mais 27.910 em dois vestidos para Santa Isabel, um de chita outro de seda, dois mantos, feitio e utensílios para a sua confecção. Em 1857 subiu a 25.190, mais 6.380 para a compostura de vesteas e duas novas, em 1873 a missa da festa de Santa Isabel foi concelebrada por cinco sacerdotes: o Padre Joaquim Monteiro que cobrou 550 reis, o Padre da Rebolosa Manuel Garcia o Padre Vasco da Bismula, o Padre António de Aldeia Velha e o Padre Bernardo de Vilar Maior que cobraram 200 reis para cada um, em 1890 a despesa total da festa foi de 30.490 reis, em 1903 foram gastos 32.000 e mais 11.250 num vestido, no ano de 1910 foi igualmente de 32.000 reis, em 1922 a despesa somou 10 escudos e cinquenta centavos, e aqui terminam as referências acerca desta festa, ignorando-se se a sua extinção foi livre e expontânea por vontade do povo, se por desleixo dos Mesários, ou se foi extinta por pressão e força do Poder vigente.
A cargo da Misericórdia, e de acordo com as suas capacidades financeiras, esta festa  teve, algumas vezes,  direito a banda de musica; em 1860 os honorários despendidos na sua contratação foram 4.640 reis, em 1862 a actuação de 4 musicos custou 4.800 reis:1.200 a cada, em 1909 o custo subiu a 9.000 reis. Noutros anos de maior contenção orçamental apenas desfilavam os tambores; em 1855 estes custaram 400 reis á Misericórdia conforme referido no resumo das contas que em documentos da época.
Também não faltava o fogo de artificio, e a titulo de curiosidade refira-se que na festa de 1860  foram gastos 2.600 reis em fogo e em1885 2.100 reis.
A imagem desta Santa, a quem a Misericórdia prestou tantos louvores ainda existe, em madeira talhada e propriedade de particulares que graciosamente a cederam para fotografar e da qual damos conta aos nossos leitores.
Seria conveniente e de elevado interesse histórico que a Santa Casa negociasse com os actuais proprietários a devolução dessa imagem e dar-lhe o lugar que merece conforme o relevo histórico que em tempos tiveram.


Igreja ou Capela da Misericórdia

Ao longo dos vários escritos a que acedemos, encontramos o designativo Igreja da Misericórdia com que era referida a Sede religiosa da Misericórdia do Soito, outros porém referem simplesmente Capela, de qualquer modo, um ou outro termo significa obviamente o mesmo edifício.
Não se sabe a data da construção da primeira Capela que já existia em 1695, sabe-se  sim que estava situada junto á entrada do actual cemitério, que a teria envolvido posteriormente aquando da sua construção por volta de 1830,  que um altar em madeira artisticamente trabalhada, óbviamente não o original, data de 1862 conforme peças existentes  e que posteriormente, talvez em 1944, foi demolida e  construída a actual,  do lado nascente, hoje quase ao centro devido a dois acrescentos feitos ao cemitério, um em 1934 outro em 1977,  por necessidade de mais espaço.
Devido á falta de espaço na Igreja Matriz e em algumas Capelas onde eram sepultados os corpos dos falecidos, foi a Capela da Santa Casa usada para esse fim, conforme registo datado de 1695 como já atrás dissemos, também existe documentação que atesta terem sido nela sepultados 198 corpos desde 15 de Setembro de 1824 até 10 de Agosto de 1831 para além de muitos outros, antes e depois dessa data.

Para além de outros que eventualmente ali pudessem ser realizados, sabemos que em 6 de Junho de 1814 foi nela celebrado o casamento de José Alves, de Alfaiates e Luísa Jorge do Soito, sendo padrinho o capitão-mór Narciso Fernandes Botelho.
Desde a construção da dita capela e até hoje que o toque do seu sino todas as manhãs pelo romper da aurora, vem chamando a atenção dos devotos para a oração pelos defuntos. Alguns fieis continuam ainda a manter esta tradição para que se possa transmitir aos vindouros. Era também pelo toque deste sino que se tomava conhecimento da morte de algum irmão da Misericórdia, hábito este hoje em desuso e que se chamava a atenção dos irmãos, no dia da festa de Santa Isabel, para a eleição da Mesa da Misericórdia e demais empregados. 
Em 2 de Março de 1991 e devido á degradação do edifício, a Mesa Administrativa, sob orientação do Provedor Sr. Manuel Rito, decide fazer importantes obras de reparação: cobertura nova, reboco, pintura e demais benefícios interiores, que foram realizadas de seguida.


Calvário e Nichos


São propriedade da Misericórdia que os terá mandado construir e reparar ao longo dos tempos.
O Calvário possivelmente em princípios do século XVIII, conforme a inscrição existente no Cruzeiro que se encontrava junto á coluna Noroeste, (agora ao centro) e os nichos no último quartel do mesmo século, destes apenas cerca de metade chegaram até nós, talvez devido a que os restantes fossem absorvidos pelas construções, numa época em que o respeito pelo património ou pelas coisas do passado, era bastante descurado ou mesmo inexistente.
O Calvário sofreu várias modificações desde a sua construção e tem sido objecto de variadas obras até chegar aos nossos dias,
Desde 1857, segundo a rubrica despesas que a Santa Casa vem fazendo sucessivas reparações: nesse ano gastou 5.180 reis em “composturas”.
Em 1856/57 “compostura do Calvário 5.180 reis” e em 1873 foram ali gastos 40.000 reis
Em 1874 e 1875 gastaram-se nesta obra mais 24.460 reis, em 1881 mais 20.000 e em 1882 mais 820 reis, em 1903  mais 49.500 reis e em 1939 foi gasta no Calvário, nos Nichos e no Cruzeiro de Santo António a importância de 2.433$71 referente a materiais e a mais de 111 dias de trabalho de pedreiros, serventes, carpinteiros, serradores, caiadores e ferreiros, para além de vinho, tabaco e comida aos lavradores do carreto, conforme atesta documento em que são discriminadas todas as despesas.
A cobertura original seria provavelmente de palha, revestida a barro, depois terá sido colocada telha clássica, posteriormente foi revestida de folhas de Zinco, e há poucos anos recebeu telha nova tipo capa e caleira, que diga-se, desvirtua um pouco o conjunto. Os sete nichos existentes, em pedra cinzelada, cujas imagens em pintura sobre madeira se deterioraram, (haviam sido pintadas por um membro da familia Garçia da Fonseca e restauradas quando era Provedor o Sr Dr. Alfredo Lopes, por um artista de arte sacra residente em Pousafoles) também sofreram obras de restauro em 199? e as pinturas, por impossibilidade de recuperação, foram substituídas por imagens em painéis de azulejo. A recuperação deste património foi decidida por reunião da Mesa efectuada em 18 de Dezembro de 1981.

 A participação dos Irmãos

Ontem e hoje



Até pouco depois de 1900 e aquando da eleição da Mesa, era eleito, ou nomeado,  um grupo de aproximadamente dez irmãos, para que levassem as insígnias nas procissões e funerais, e era também escalado um mesário para Irmão do Mês com atribuições especificas conforme o capitulo 8.º  do Compromisso de 1858 e  que elevava para cerca de três dezenas o numero total de membros.
Isto numa época em que a SCMS vivia os seus dias mais áureos, no que concerne á participação dos irmãos que eram mais diligentes, responsáveis, e se interessavam pelo seu bom funcionamento tomando vivamente parte nas tarefas que lhe eram distribuídas, outras houve porém de um quase vazio devido ao alheamento dos Irmãos que a deixaram à beira da extinção e não fosse o empenho de alguns Soitenses isso certamente teria acontecido.
Durante algumas décadas (1900-1979) a Instituição funcionou apenas como simples e vulgar Irmandade cuja missão era mais virada ao domínio espiritual através da celebração de Missas pelos Irmãos nas quais gastava quase metade do escasso orçamento obtido graças aos “assentos dos irmãos” e ao produto das inscrições na Junta de Crédito Publico que era como que um depósito bancário que levou sumiço, relegando para segundo plano ou mesmo ignorando o principio que levou à sua fundação que era o apoio aos mais pobres. Daí a razão que levou a maioria dos Irmãos ao afastamento progressivo e à quase extinção da Misericórdia.
No espaço que medeia entre 1971 e 1979 a Misericórdia funcionou de modo provisório, apenas com alguns elementos que asseguravam os serviços mínimos. Faziam parte desse elenco o Sr Padre João Domingos, João dos Santos Martins; Maximino da Josefa Russo e  João Carrilho Martins.
Nestas quase oito décadas, apenas na Provedoria do Dr. Alfredo Viriato Lopes (1935/41) se vislumbra um bom desempenho e actuação da Santa Casa quer a nível social quer a nível da recuperação do património e rigor para com os arrendatários que se abstraíam dos compromissos assumidos em tempos remotos e dos quais se julgavam já isentos.


As obras nascem, as Instituições formam-se, mas se é relativamente fácil dar-lhe início, já a sua manutenção e administração exige a participação de todos, e todos se devem sentir responsáveis pelo bom funcionamento das mesmas.
Os nossos antepassados legaram-nos, algumas das suas mais importantes criações, compete a cada um de nós zelar por esse legado e transmitir aos nossos descendentes, a mais-valia e a experiência crescente de que dispomos.
Gerir, ou colaborar na gerência de uma Instituição, neste caso a SCMS, é um dever a que nenhum cidadão responsável se pode furtar, pois a responsabilidade pela virtual decadência de qualquer Instituição será sempre colectiva, e todo um povo pode ser penalizado pela inércia de alguns dos seus cidadãos, assim, não devem ser cometidos os erros do passado assacando responsabilidades a outrem, mas sim aproveitar esses erros para aprender e não voltar a cair neles, aquilo que é nosso, deve ser gerido por nós, e não seria propriamente de elogiar deixar cair as instituições nas mãos de estranhos.
A história encarregar-se-á de julgar as nossas omissões e erros e fazer a respectiva condenação ou de valorizar o que de positivo possa ser feito e eternizá-lo.
A disponibilidade dos cidadãos para participar nas coisas colectivas nem sempre é a melhor, e a Santa Casa não fugiu á regra, ao confrontar-se em alguns espaços da sua história com o absentismo de grande parte dos Irmãos, houve durante alguns anos um alheamento ou desinteresse que prejudicou de algum modo a Santa Casa e por várias vezes os Irmãos foram advertidos para esse defeito. Ontem, mais do que hoje, eram necessários vários Irmãos para cumprirem as várias tarefas atribuídas à Irmandade, desde o transporte das insígnias da Misericórdia por ocasião dos enterros e de algumas procissões e aos nomeados (entre seis e dez elementos) devido à sua falta de comparência, diversas vezes lhes era lembrada tal obrigação e em 1945 foi mesmo emitido pela Mesa um Edital em que para além de nomear os Irmãos a quem cabia tal tarefa, lhe recordava que em caso de falta, pagariam a multa ou seriam riscados de Irmãos.
Hoje, a Instituição funciona, as Assembleias são efectuadas, mas os irmãos alheiam-se das suas responsabilidades, dos seus deveres dos seus direitos, e delegam nos órgãos dirigentes toda a pesada responsabilidade de decisão.
Raramente são presentes às Assembleias mais de 10% dos irmãos, quase só os irmãos que compõem os órgãos directivos e por vezes nem todos.
A Santa Casa da Misericórdia do Soito é sem dúvida a maior Instituição da Vila, é aquela que presta mais serviços á população, oferece mais postos de trabalho e tem um orçamento superior a qualquer das outras, para além da valorização crescente e efectiva do seu património
Se, e o se tem que ser dito, esta Casa estivesse sediada em uma outra qualquer aldeia vizinha, talvez os Soitenses a valorizassem mais do que o fazem sendo sua.
Faço votos para que os Soitenses não precisem no futuro de imposições de Administrações por nomeação superior, mas saibam gerir com responsabilidade e orgulho esta valiosa herança que é sua.




  Rendas de hoje e de outros tempos

Em 1847, a Santa Casa recebeu cento e catorze alqueires de centeio no valor de 27.360 reis pela renda dos prédios rústicos, recebeu ainda 2.180 reis de castanheiros e 6.250 reis referentes a rendas de palheiros.
Em 1858 recebeu de renda de um lameiro nas Alagoas o valor de 5.820 reis, tendo gasto no ano anterior a quantia de 13.980 com a sua vedação, recebia também a renda de um prédio que possuía em Quadrazais e que em 1858 se cifrou em 2.000 reis, essa renda deixa de aparecer contabilizada a partir de 1871 e no ano anterior o seu valor foi de apenas1.280 reis.
Em 1860 a SCMS recebeu 168 alqueires de centeio de rendas e distribuiu 41 pelos pobres, o que equivale a cerca de 25%.
Em 1874 a renda atingiu o máximo: 239,5 alqueires e o estranho é que passados quatro anos, em 1878, essas rendas desceram para níveis cinco a seis vezes menores, sem que para tal fosse dada qualquer justificação e jamais recuperaram da queda.
Hoje as rendas dos prédios são apenas de valor simbólico: umas poucas dezenas ou escassas centenas de euros.
 
Património
Inscrições

As inscrições seriam entendidas hoje como Títulos do Tesouro, artifícios de que o Estado se servia para sacar ao povo (ás Instituições) o capital que estas tinham obrigação de investir nos seus próprios limites de intevenção.
Foi por Lei de 22 de Junho de 1886, que o Governo aliciou as entidades publicas, ou de utilidade publica, a utilizar os seus recursos em títulos, cujo capital ele usaria em seu proveito próprio: Misericórdias, Juntas de Paróquia, Câmaras Municipais, todas se renderam à Lei e da mingua do povo tiravam para dar aos que já tinham.
Entendem-se, ou entendiam-se aqui por inscrições, os depósitos em capital, detidos pela SCMS numa entidade bancaria, concretamente a Junta de Crédito Publico. 
Em 15 de Junho de 1881 foi elaborado um inventario dos depósitos da Misericórdia, chamados inscrições e que rendiam ao juro de 3%.
Eram 16 inscrições numeradas e datadas, cujo valor totalizava 3.100.000 reis, (exactamente três contos e cem mil reis) o que para a época era já uma pequena fortuna.






Inscrições da SCMS na Junta de Crédito Publico em 15 de Junho de 1881


Inscrição N. 17.359 no valor de    100.000 reis ao juro de 3% ao ano
      “             17.360        “             100.000   “            “               “
      “             17.357        “             100.000   “            “               “
      “           172.715        “             100.000   “            “               “
      “           178.716        “             100.000   “            “               “
      “           178.935        “             100.000   “            “               “
      “           180.685        “             100.000   “            “               “
      “           180.686        “             100.000   “            “               “
      “           182.465        “             100.000   “            “               “
      “            46.324         “             500.000   “            “               “
      “            64.581         “             500.000   “            “               “
      “            81.497         “          1.000.000   “            “               “
      “              8.882         “               50.000   “            “               “
      “              9.976         “               50.000   “            “               “
      “            10.625         “               50.000   “            “               “
      “            10.923         “               50.000    “           “               “
Total…………………………   3.100.000 reis

Assinaram este inventário o Provedor José Fernandes Farinha e o Secretário Bernardo Robalo Nunes

Em 1891 os juros recebidos pela Santa Casa totalizavam 79.000 reis, tais juros aparecem contabilizados até 1917 no valor de 97$650.
Em 1947 aparece o valor de 41$01 nas receitas provenientes dos juros referentes ao 1º trimestre e correspondentes ao certificado de Renda Perpetua numero 873 da Junta de Credito Publico, em 1960 o juro das inscrições foi contabilizado em 164$00, não aparece contudo qualquer documento relativo á possível movimentação ou uso desse capital.

Por essa época e segundo Costa Goodolphim em As Misericórdias, o rendimento da Misericórdia do Sabugal situava-se nos 204.000 reis, Linhares 174.000, Gouveia 75.000 e Melo 44.000.
A Misericórdia do Soito, embora não conste na referida obra, teve: em 1857 um redimento de 156.000 reis, em 1875: 135.405, em 1886: 197.920 e em 1894: 105.100 reis.
Ainda e segundo o mesmo autor, a Misericórdia do Sabugal tinha um capital de 3.400.000 reis e Seia 3.750.000 no entanto a Misericórdia do Soito apesar de ter um capital de 3.100.000 reis é simplesmente ignorada


Prédios rústicos e arrendatários.

É difícil, senão totalmente impossível inventariar os bens que foram pertença da Misericórdia, uns talvez vendidos, outros absorvidos por terceiros ou votados ao desleixo, não deixaram rasto nem documentação que ateste a Misericórdia como proprietária. É de admitir que numa época em que a terra era a única fonte de sustento para o povo, não só do Soito mas de toda a região, esses terrenos fossem disputados e vendidos, ou mudassem de arrendatário sem o conhecimento da Santa Casa e hoje nem os hipotéticos proprietários, se é que existem, saberão a verdade, sabe-se sim que alguns arrendatários, sub arrendavam esses prédios como se seus fossem, deles faziam partilhas pelos filhos conforme o seu numero divivindo-os, isto porém aconteceu devido ao desinteresse de sucessivas direcções das Mesas da Misericórdia, principalmente após a implantação da Republica.
Segundo uma lista datada de 1921 eram 21 os prédios pertencentes á Santa Casa, e entre 1936 e 1945 os arrendatários eram, em media, cerca de quatro dezenas mas nem todos pagavam a renda que era devida pelo usufruto de terreno alheio, alguns, considerados abastados, julgavam-se autênticos proprietários, outros, pobres e carentes de recursos, viam-se impossibilitados de pagar devido à escassez das colheitas ou outras dificuldades insanáveis.
Por essa altura as rendas devidas de dois em dois anos rondavam os 100 alqueires, mas quase nunca eram recebidas na totalidade.
As rendas foram durante algumas décadas a maior e mais importante parcela das receitas; até 1877 as rendas em centeio e dos palheiros elevava-se a mais de metade do orçamento da Santa Casa, nesse ano o total arrecadado foi de 80.720 reis, o que num total de 100.635 de receita total, mostra bem o peso que significava para o equilíbrio das finanças da Misericórdia, no ano seguinte esse valor caiu para 11.350 e daí em diante foi decrescendo até hoje se tornar quase insignificante. 

Escritura Notarial dos prédios rusticos

O Provedor Sr. João dos Santos Oliveira foi incansável na elaboração do processo de legalização dos bens da Misericórdia junto da Repartição de Finanças e Registo Predial embora não tenha sido possível afirmá-la como verdadeira proprietária de todos os prédios que a voz popular lhe atribuía mas que nas mãos de arrendatários pouco escrupulosos há algumas décadas, se desconhecia até a sua exacta localização.
Por escritura notarial de 4 de Dezembro de 1980 a Misericórdia tornou-se legalmente proprietária de 15 prédios rústicos mas outros ficaram no desconhecido e jamais será possível reavê-los. Há, numa lista ou relação de cobrança referente a 1920/21, uma anotação a um arrendatário que pagava 3 alqueires por um prédio mas não declarava qual a localização, outro no limite de Quadrazais não dizia onde nem a quem estava arrendado, Porquê?
A actual Mesa presidida pelo Sr Manuel Joaquim Fogeiro Rito tem levado a cabo uma sensibilização geral no sentido de demarcar os prédios rústicos sua pertença, afim de no futuro não acontecer o que aconteceu no passado e se possa ter um conhecimento real do património, assim, delegou no Mesário Sr. Albano Neves da Conceição a tarefa do seu reconhecimento e demarcação o que tem vindo a ser feito. 


Evolução dos valores orçamentais

O primeiro de que há documentação refere-se a 1847/48 e atinge os valores de 37.490 e 36.500 reis respectivamente receita e despesa.
Um dos ultimos orçamentos conhecidos antes da renovação da Santa Casa, data de 1934/35 e o valor da receita da Misericórdia acendeu a 1.995$675 incluído um peditório que rendeu a quantia de 910$725.
O último orçamento data de 1938 e prevê uma receita de 564$04 para igual despesa.
O último relatório de contas data de 9 de Fevereiro de 1961 e refere-se ao exercício do ano anterior, cuja receita ascende a 4.032$30 e a despesa totaliza 3.996$50.
Um ano após a abertura do Lar (1988) o orçamento rondou os 20.000.000$00
Em 2003 a Santa Casa movimenta anualmente mais de 600 mil euros e despende em salários com o pessoal quase metade dessa verba (300 mil euros).
Em 2015 o orçamento previsto ronda o milhão e cem mil Euros.


Beneficência

A razão primeira que levou á criação das Misericórdias foi o combate á pobreza que reinava entre as classes mais desfavorecidas, embora o bem de alma pelos Irmãos, também constasse dos Compromissos, assim, podemos verificar que a SCMS, distribuía pelos pobres uma fatia significativa das receitas, ainda que esta ficasse muito aquém das necessidades reais da população.
Para além das quotas regulares e obrigatórias para a beneficência distrital, a Santa Casa distribuiu entre outros o seguinte:
Em 1862; pelos pobres 41 alqueires de centeio, em 1910 foi distribuída pelos pobres a importância de 10$875, em 1912 foram distribuídos 27$87 mais 5$00 para livros ás crianças pobres,  em 1922 e numa receita de 115$00 foram dados aos pobres donativos no valor de 45$00, em 1923 90$00, em 1924 125$00 o que correspondia a 1/3 da receita e em 1927 a Misericórdia distribuiu 142$67 pelos pobres e 50$00 para livros de crianças necessitadas.
Em 1938; esmolas aos pobres 150$00, material escolar ás crianças pobres; 50$00.
Em 1960, e numa receita de 4.032$30, forma despendidos 2.919$00 em esmolas a pobres, inválidos, doentes, e ainda remédios para quem não podia suportar esses encargos.
Estes números são bem a prova evidente de que a SCMS não era simplesmente uma Irmandade religiosa, tendo como objectivo apenas o bem espiritual dos Irmãos, mas que se preocupava também com a sua situação temporal e tentava dentro das limitações próprias do meio rural em que estava inserida, atender ás necessidades mais prementes dos cidadãos necessitados.
Actualmente, ainda que as necessidades dos habitantes do Soito não sejam notórias nem preocupantes há a referir que a Santa Casa distribui regularmente géneros alimentícios de primeira necessidade, os bastantes e suficientes, por cerca de uma dezena de famílias das mais carenciadas a residir na freguesia.




 Lista de Provedores e Tesoureiros

Por falta de dados não é possível fazer uma listagem completa de todos os cidadãos que exerceram estes dois cargos, os documentos mais antigos que consultamos datam de 1847 e é desde aí que os damos a conhecer: numa primeira lista que vai até ao início da  revitalização da Misericórdia por alturas de 1979.
No período que decorre desde 1846 a 1857 apenas dispomos dos nomes dos Tesoureiros de que damos conta a seguir:

1846/47         Manuel Carvalho

1847/48         Manuel Martins Furriel

1851/52         João Manuel Dias Antão

1852/53          João António Monteiro

1853/54         José Garcia de Carvalho

1854/55         José Carrilho Quinteiro

1856/57         Manuel Gomes Quicho     

Provedores e Tesoureiros

1857/58          Padre João Carvalho e Paulino Roballo

1858/59          Padre João Carvalho e Manuel Nunes de Marcos

1859/60          Padre João Carvalho e Manuel Nunes de Marcos

1860/61          Manuel Francisco Ruço e Augusto de Oliveira

1861/62          José Carrilho Quinteiro e Manuel Gonçalves Filipe

1862/63          José Carrilho Quinteiro e José Garcia

1863/64          Augusto de Oliveira e Luís Pereira

1864/65          Luís Pereira e  Manuel Nunes Grencho

1865/66          Luís Pereira e Bernardo Pereira Junior

1866/67          Manuel Gomes Quicho e Manuel Martins

1867/68          Bernardo Pereira e José Fernandes Sancho

1868/69          Padre Bernardo Garcia de Carvalho e José Roballo da Teresa

1869/70          Padre Bernardo Garçia de Carvalho e José Roballo da Teresa

1870/71          José Roballo da Teresa falecido a 5/2/1911 com 70 anos e Narciso Dias

1871/72          José Nunes de Gabriel  faleceu a 25/8/1897  com 81 anos
e Padre João Antunes
Refira-se, por curiosidade, que José Nunes de Gabriel  pertenceu á Mesa desde 1857 a 1873, num total de dezassete anos

1872/73          Padre João Antunes e Manuel Martins Corceiro

1873/74          Manuel Martins Corceiro e Manuel José de Carvalho

1874/75          Manuel José de Carvalho e José Viriato Sorried Pompeo

1875/76          Manuel José de Carvalho e Manuel Roballo

1876/77          Manuel Roballo e Manuel Carrilho Esteves

1877/78          Manuel Carrilho Esteves e Joaquim Faustino

1878/79          Joaquim Faustino falecido a 14/1/1915 e Manuel Gonçalves Filipe

1879/80          Manuel Gonçalves Filipe e José Fernandes Farinha

1880/81          José Fernandes Farinha falecido a 12/11/1915 e João Nunes Dias

1881/82          João Nunes Dias e António  Fernandes Monteiro

1882/83          António Fernandes Monteiro e José Martins Garcia

1883/84          José Martins Garcia e José Alves

1884/85          Manuel Marins Corceiro e  José Pereira Ferrador

1885/86          José Pereira Ferrador falecido a 8/5/1915 e Manuel Vaz da Furriela

1886/87          Manuel Vaz da Furriela e João Pereira

1887/88          João Pereira e João Dias Antão

1888/89          João Dias Antão e Manuel António da Fonseca falecido a 29/4/1933

1889/90          Manuel António da Fonseca e Manuel Garcia Pedro

1890/91          Manuel Garcia Pedro e Narciso Carrilho

1891/92          Narciso Carrilho e Manuel Fernandes Farinha

1892/93          Manuel Fernandes Farinha, falecido a 5/3/1908 com 64 anos
 e José de Carvalho

1893/94          José de Carvalho e Manuel Lopes Pereira

1894/95          Manuel Lopes Pereira e João Pereira Garcia

1895/96          João Pereira Garcia, falecido a 28/8/1910 com 59 anos
e Manuel Fernandes Monteiro

1896/97          Manuel Fernandes Monteiro e Manuel Alves

1897/98          Manuel Alves e Bernardo Martins Ferrador

1898/99          Bernardo Martins Ferrador, faleceu a 22/12/1917 e Manuel Gomes Ruço

1899/00          Bernardo Martins Ferrador e João Garcia da Roseira

1900/01         João Garcia da Roseira que faleceu a 25/4/1939 com 80 anos
e  José de Carvalho

1901/02          José de Carvalho e José Alves

1902/03          José Alves e Narciso Nunes Corracha

1903/04          Narciso Nunes Corracha e António José Gomes da Leonor

1904/05          António José Gomes da Leonor e José Carrilho falecido em16/12/1940 com 69 anos        

1905/06          José Carrilho e João Martins Garcia

1906/07          João Martins Garcia falecido a 28/11/1916 e Manuel António Martins

1907/08          Manuel António Martins falecido a 21/12/1956 com 81 anos e José Pereira Carrilho

1908/09          José Pereira Carrilho falecido a 27 de Fevereiro de 1931  com 73 anos e Manuel Martins André falecido a 31/10/1929 com 67 anos

1909/10          Manuel Martins André e José Nobre

1910/11          José Nobre e José Gomes de Carvalho falecido a 12/5/1960 com 83 anos

1911/12          José Gomes de Carvalho e Narciso Martins Nicolau falecido a 25/4/1956 com 79 anos 

1912/13          José Gomes de Carvalho e Narciso Martins Nicolau

1913/14          Narciso Martins Nicolau  e Manuel Cezario

1914/15          Manuel Cesario falecido a 16/12/1961 com 86 anos e Lourenço Antunes Lousa

1915/16          Lourenço Antunes Lousa e Manuel Lourenço da Inês (Vil) falecido em 7/5/1924    

1916/17        José Augusto Dias falecido a 25/9/1949 com 66 anos e  José Goncalves Gaião falecido a 13/3/1953 com 76 anos

1917/18          José Augusto Dias e José Gonçalves Gaião

1918/19          José Gonçalves Gaião e José Augusto de Carvalho

1919/20          José Augusto de Carvalho e Lourenço Robalo

1920/21          Lourenço Robalo e Manuel Martins Grencho

1921/22      Manuel Martins Grencho falecido a 7/11/1933 com 42 anos e Manuel Joaquim Pereira

1922/23      Manuel Joaquim Pereira falecido a 1/10/1943 com 64 anos e Luís Gonçalves Garrido

1923/24          Luís Gonçalves Garrido e Manuel Martins Grencho

1924/25          Manuel Martins Grencho e Carlos Carrilho

1924/25          Carlos Carrilho falecido a 4/9/1950 e João Maria Carrilho

1925/26          João Maria Carrilho, falecido a 15 de Setembro de 1967 e José Augusto Alves

1926/27          Manuel António Martins, falecido a 21 de Dezembro de 1956 e Manuel Nobre Martins, falecido em 20 de Dezembro de 1971

1927/28          Manuel Nobre Martins e Manuel Lourenço da Inês

1928/29          Manuel Nobre Martins e Manuel António Martins        

1932               João Baptista Carrilho (Julho a Setembro) falecido a 17 de Fevereiro de 1981 e Manuel Lourenço da Inês

1932/33          José Augusto Nunes de Carvalho, falecido a 21 de Outubro de 1939 e Manuel Lourenço da Inês (Vil)

1934/35          José Augusto Nunes de Carvalho e José Pereira

1935/41          Dr. Alfredo Viriato Lopes, faleceu a 27/9/1961 e João Maria Carrilho

1941/43          As actas são assinadas apenas pelo Secretário José Pereira Morgado

1943/44          Manuel Nobre Martins e João Maria Carrilho

1944/1958          José Martins Garcia, falecido a 29/3/79, e João Maria Carrilho

1948/58          João Maria Carrilho e Manuel Nobre Martins

1958/67          Manuel Nobre Martins e José Martins Garcia

1968/71          Manuel Nobre Martins, que nasceu a 24 de Janeiro de 1902, tendo falecido a 20/12/71



Corpos gerentes pós 1982



Na eleição verificada em 1982 foram eleitos os seguintes elementos para os órgãos directivos:
João dos Santos Oliveira
José Augusto Aristides
Luís Carlos Lousa Nicolau
João Maria de Marcos Gandaio
Amadeu Rito Alves
José Arnaldo Lousa Nicolaau
José Augusto da Teresa Dias
Maximino da Josefa Russo
Isabel Maria Lousa Nicolau
João Martins Carrilho
Jeremias Lousa Gomes
José Nabais Alfaiate   Falecido a 4 de Setembro de 1999
Artur Martelo Pereira  Falecido a 8 de Outubro de 2002
Manuel Joaquim Fogeiro Rito

A estes dirigentes, e por Acta lavrada em 4 de Maio de 1980, juntaram-se para efeitos de apoio e força jurídica, os membros da Junta de Freguesia ,
Amadeu Palinhos Pereira............Presidente
Fausto Carrilho Emidio................Secretário
João Martins Carrilho..................Tesoureiro, este ocupando em simultâneo o cargo de Mesário da Santa Casa.


Para o triénio 1986/88 foram eleitos os seguintes elementos


João dos Santos Oliveira
Luís Carlos Lousa Nicolau
Amadeu Rito Alves
José Augusto Tereza Dias
Isabel Maria Lousa Nicolau
Jeremias Lousa Gomes
Maximino da Josefa Russo
Artur Augusto Martelo Pereira
José Arnaldo Lousa Nicolau
João Martins Carrilho


Para 1989/91

Mesa Administrativa

Provedor:          Manuel Joaquim Fogeiro Rito

Vice Provedor: Amadeu Rito Alves
Secretário:        Rui Meirinho Monteiro
Tesoureiro:       José Manuel Nicolau Rito
Vogal:               José Augusto Teresa Dias

Suplentes:
Carlos Alberto da Conceição
António José Dias Lopes
Fernando Paulo da Fonseca   falecido a 3 de Setembro de 1995

Assembleia Geral:

João Maria de Marcos Gandaio
Amilcar Carrilho Pereira
Manuel Carlos Carrilho Rito
João Carlos Rito Alves   faleceu a 20 de Fevereiro de 1998
Manuel Adónis Barata
José Santo Freire


Conselho Fiscal

Maria Soares (a)  faleceu a 19 de Maio de 1991
João Manso Tolda (a) faleceu a 29 de Junho de 1991
Mário Martins Antunes

Suplentes          Manuel Neves da Conceição

Manuel José Lopes
José Manuel Alves Gomes

(a) Por ausência e impossibilidade de exercer o cargo, foram substituídos pelos suplentes Carlos Alberto da Conceição e Manuel Neves da Conceição, conforme acta n.º 16 de 28/3/ 1991.


Para o triénio 1992/94

Mesa Administrativa:

 

Provedor:          Manuel Joaquim Fogeiro Rito

Amadeu Rito Alves
Rui Meirinho Monteiro
José Manuel Nicolau Rito
José Augusto da Teresa Dias
António José Dias Lopes
Aurora da Conceição Leitão

Assembleia Geral:
João Maria de Marcos Gandaio
Amilcar Carrilho Pereira

Manuel Carlos Carrilho Rito

Manuel Augusto de Oliveira Perloiro

José Manuel Lopes Alfaiate
João Carlos Rito Alves


Conselho Fiscal:

Mário Martins Antunes
Manuel Antonio Lousa Martins
Manuel Pereira de Oliveira
José Manuel Alves Gomes
Manuel Adónis Barata
Rui Manuel Nicolau Carrilho


Para 1995/97

Mesa Administrativa

Provedor:           Manuel Joaquim Fogeiro Rito
Vice Provedor:  Rui Meirinho Monteiro
Secretario:         José Orlando da Carmo Roque
Tesoureiro:        Aurora da Conceição Teixeira Leitão (a)
Vogal:                Jaime Gomes Frade
Suplentes:          Ricardo Lopes Palinhos
                          Antonio José Dias Lopes
                          Artur Ventura Pereira

                        
(a) Devido a ausência por questões profissionais, pediu a suspensão do cargo por carta de 28/5/1996 e aceite pela Mesa em reunião de 1/7/1996 nomeando para sua substituição o mesário Ricardo Lopes Palinhos
                     

Assembleia Geral:
Amadeu Rito Alves
Manuel Neves da Conceição
Manuel Augusto de Oliveira Perloiro
José Manuel Lopes Alfaiate
Manuel Pereira Oliveira
Albano Neves da Conceição

Conselho Fiscal

José Manuel Nicolau Rito

João Maria de Marcos Gandaio
Mário Martins Antunes
José Manuel Alves Gomes
Manuel Adónis Barata

Rui Manuel Nicolau Carrilho


Para o triénio 1998/2000

Mesa Administrativa

Provedor:            Manuel Joaquim Fogeiro Rito
Vice Provedor:   Maria Rosa Gomes Furriel Portas
Tesoureiro:         Carlos Alberto da Conceição
Secretário:          Ricardo Palinhos Pereira
Vogal:                Albano Neves da Conceição
Suplentes:           José Orlando Carmo Roque
                            Manuel Augusto de Oliveira Perloiro
                           João Artur Robalo da Teresa

Assembleia Geral:

                           Amadeu Rito Alves
                           Rui Meirinho Monteiro
                           Manuel Neves da Conceição
                           Amilcar Carrilho Pereira
                           Jaime Gomes Frade
                           Artur Ventura Pereira


Conselho Fiscal:

                           José Manuel Nicolau Rito
                           João Maria de Marcos Gandaio
                           Mário Martins Antunes
                           Rui Manuel Nicolau Carrilho
                           Manuel Adónis Barata

                         
2001/2003

Mesa Administrativa

Provedor:           Manuel Joaquim Fogeiro Rito
Vice Provedor:  Maria Rosa Gomes Furriel Portas
Tesoureiro:        Carlos Alberto da Conceição
Secretário:         Ricardo Lopes Palinhos
Vogal:                Álvaro Neves da Conceição
Suplentes:          José Orlando Lousa do Carmo Roque
                          Manuel Augusto de Oliveira Perloiro

Assembleia Geral:

                        Amadeu Rito Alves
                        Rui Meirinho Monteiro
                        Manuel Neves da Conceição
                        Amilcar Carrilho Pereira
                        Jaime Gomes Frade
                        Artur Ventura Pereira


Conselho Fiscal

 José Manuel Nicolau Rito

                           João Maria de Marcos Gandaio
                           Mário Martins Antunes
                           Rui Manuel Nicolau Carrilho
                           Manuel Adónis Barata


2004-2006

Mesa Administrativa:
Manuel Joaquim Fogeiro Rito
Maria Rosa Gomes Furriel Portas
Carlos Alberto da Conceição
Ricardo Lopes Palinhos
Albano Neves da Conceição
José Orlando Carmo Roque
Manuel Augusto de Oliveira Perloiro.

Assembleia Geral:
Amadeu Rito Alves
Rui Meirinho Monteiro
Manuel Neves da Conceição
Amílcar Carrilho Pereira
Jaime Gomes Frade

Conselho Fiscal:
José Manuel Nicolau Rito
João Maria de Marcos Gandaio
Mário Martins Antunes
Rui Manuel Nicolau Carrilho
Manuel Adónis Barata

Triénio 2007-2009

Mesa administrativa:
Manuel Joaquim Fogeiro Rito
Rui Manuel Nicolau Carrilho
 Carlos Alberto da Conceição
Maria Rosa Gomes Furriel Portas
Ricardo Lopes Palinhos
José Orlando Lousa do Carmo Roque

Suplentes:
Amílcar Carrilho Pereira
Manuel Augusto de Oliveira Perloiro
Jaime Gomes Frade

Assembleia Geral:
Amadeu Rito Alves
Rui Meirinho Monteiro
Manuel Neves da Conceição
Albano Neves da Conceição

Conselho Fiscal:
José Manuel Nicolau Rito
João maria de Marcos Gandaio
Mário Martins Antunes
Manuel Adónis Barata

Triénio 2010-2012

Mesa Administrativa:
Rui Manuel Nicolau Carrilho
Maria Rosa Gomes Furriel Portas
Ricardo Lopes Palinhos
Rui José Rito Martins
Estela da Ascenção Alves Fogeiro
José Orlando Lousa do Carmo Roque
Teresa Maria Peres Monteiro

Assembleia Geral:
Manuel Joaquim Fogeiro Rito
Amadeu Rito Alves
Carlos Alberto da Conceição

Conselho Fiscal ou Definitório:
José Manuel Nicolau Rito
Manuel Adónis Barata
José Alberto Freire Martins

Suplentes:
Manuel Neves da Conceição
Albano Neves da Conceição
Jaime Gomes Frade

Triénio 2013-2015

Mesa Administrativa:
Rui Manuel Nicolau Carrilho
Maria Rosa Gomes Furriel Portas
Teresa Maria Peres Monteiro
Estela da Ascenção Alves Fogeiro
João José Garrido Furriel
José Orlando Lousa do Carmo Roque
Ricardo Lopes Palinhos

Assembleia Geral:
Manuel Joaquim Fogeiro Rito
Amadeu Rito Alves
Manuel Neves da Conceição

Conselho Fiscal:
José Manuel Nicolau Rito
Manuel Adónis Barata
José Alberto Freire
Albano Neves da Conceição

Quadriénio 2016-2019

Mesa Administrativa:
Rui Manuel Nicolau Carrilho
Maria Rosa Gomes Furriel Portas
João José Garrido Furriel
Estela da Ascensão Alves Fogeiro
Tiago José Carrilho Martins Pereira
Suplentes:
Ricardo Lopes Palinhos
Teresa Maria Peres Monteiro
José Orlando Lousa Carmo Roque

Assembleia Geral:
Manuel Joaquim Fogeiro Rito
Manuel Rito Alves (faleceu no dia 4 de Maio de 2016)
Amadeu Rito Alves

Conselho Fiscal:
José Manuel Nicolau Rito
José Alberto Freire
Manuel Adónis Barata

Suplentes: Manuel Neves da Conceição
Albano Neves da Conceição
Manuel Augusto Perloiro.



Comissões Administrativas


Nas épocas ou lapsos de tempo em que por desleixo dos Irmãos, a eleição da Mesa não se verificava normalmente, ou não se apresentavam candidatos, eram nomeadas pelo Governador Civil da Guarda as Comissões Administrativas encarregadas de guiar os destinos da Misericórdia, e em 1935, a 25 de Fevereiro no Alvará n.º 28 constam os seguintes nomes aos quais foi entregue a missão de zelar pela Santa Casa e que tomaram posse em 9 de Março de do mesmo ano:  Dr. Alfredo Lopes, médico, José Nobre, Diogo Lopes Gomes Freire, João Carrilho, José Augusto Nunes de Carvalho, Padre Francisco Pereira da Cruz, Manuel António Martins e José Pereira Morgado, que tomaram posse em 9 de Março seguinte.
Também em 1943 no dia 1 de Novembro, o Governo Civil pelo Alvará N.º 55 se viu obrigado a fazer nova nomeação  desta vez  recaindo sobre João Maria Carrilho, Manuel Nobre Martins, José Martins Garcia e José Pereira Morgado a responsabilidade  de dar continuidade á Misericórdia.
O nome do Secretário aparece somente em 1863, e foi Manoel Nunes Dias até ao ano de 1865. Desde 1865  a 1868 foi Antonio Antunes e a partir de 1868 é  Bernardo Robalo Nunes que exerce essas funções, talvez das mais distintas de toda a vida da SCMS, pois para além de possuir uma caligrafia que hoje pode ser considerada uma obra de arte, face ao estilo e desenvolvimento harmonioso,  este cidadão ocupou o lugar de Secretário durante quinze anos, porventura o mais longo da história da Misericórdia  já que se prolongou até 1/9/1884, data da sua morte, ás duas da tarde na casa Nº 326 da Rua do Curro, tinha 42 anos e estava casado com Maria Pereira, foi professor no Soito.


Foram ainda Secretários os seguintes Irmãos:

Manuel Roballo desde                 1885 até 1900
João Maria Robalo                       1901/1904
José Joaquim Tolda                     1905/ 1909 faleceu a 3/3/1962 com 77 anos
José Alfredo Garcia da Fonseca  1910/1920, falecido a 24 de Outubro de 1946 com 61 anos.
Manuel Fernandes Monteiro       1921 /1934
José Pereira Morgado                 1935/ 1948 
Joaquim Augusto da Inês           desde 15 de Fevereiro 1948/ 1958
Albano Neves da Conceição       1958/ 1960
José Augusto de Oliveira Rata    1966/
Maximino da Josefa Russo          1979     faleceu a 5/7/1990

É de salientar o nome de José Pereira Morgado, um dos Secretários mais activos deste período, que para além da inegável competência, assegurou, quase a titulo individual e durante alguns anos, o funcionamento da Misericórdia
Na época em que José Pereira Morgado foi Secretário a Mesa reunia invariavelmente todos os meses, o mesmo acontecendo quando foi substituído por Joaquim Pereira da Inês, conforme o atestam as actas existentes, pena que não existam os resumos das contas da sua época, pois que deviam ser interessantes, face á entrega e pontualidade com que exercia as suas  obrigações e ao modo ordenado com que escrevia.
Entre 1940  e 1943 houve como que um vazio administrativo, já que as actas aparecem apenas assinadas, ou só pelo Secretário José Pereira Morgado, ou por este e mais Manuel Antonio Martins,  José Nobre e João Augusto Dias.
 

Andadores


Felix Martinho                      1863/1890, faleceu em 21/10/1891 com 68 anos
Manuel Fernandes Russo      1896               
Narciso Corracha                  1902
Antonio Gomes                     1903
Manuel Antonio Carrilho      1905/1908
Manuel Nabais Junior           1909
José Augusto Vaz da Furriela 1925/27
José Augusto Aristides         1932/34
Narciso Fernandes Russo      1944/47
Maximino da Josefa Russo   1948/1971 faleceu em 5/7/1990



Salários
Porque os outros cargos desempenhados ao serviço da Santa Casa não eram remunerados, apresentamos os salários, ou prémios, atribuídos ao Secretario e ao Andador nas épocas ou anos seguintes:

Salários do Secretario                   


De  1860  a 1876                       1000 reis             
De  1877  a 1880                       4000           
De  1881  a 1886                       4100 
De  1887  a 1910                       4500
1922/1923                                15$00
1924/1925                                20$00
1926/1931                              100$00
1932/1935                              120$00
1960                                       240$00

Salário do Andador

O Andador recebia uma pequena remuneração anual que era a seguinte:

Em  1858  no valor de 1.440 reis
Em  1859                     1.500
       1872                      2.000
1883                                            2.500
1887                                            2.750
1922                                            3$00
1924                      5$00
1932                                          40$00
       1944                      80$00
       1960                      80$00

Aqui fica encerrado um capítulo da história da SCMS, que nos últimos tempos, ou devido á inércia dos dirigentes, ou a falta de credibilidade da Instituição, decaiu nos seus propósitos, não teve a projecção que devia, nem estava cumprindo cabalmente as atribuições que lhe estavam remetidas.

A Santa Casa da Misericórdia do Soito, dos novos tempos...


A partir de 1958 as funções administrativas da Misericórdia entraram em declínio e as reuniões demasiado espaçadas; um ano, ou por vezes um espaço ainda mais dilatado, não correspondiam ás exigências constantes nos Estatutos, nem ao bom funcionamento da Instituição.
 Não há, efectivamente, documentação referente ao espaço que medeia entre 1971 e 1979, altura em que o Sr. Padre João Domingos perante a ameaça de extinção da Misericórdia ou da eminente absorção por outra qualquer Misericórdia, face ao Decreto 618/75 que previa a nacionalização da Misericórdias com a possível  integração nos hospitais concelhios,  viu-se obrigado a convidar algumas pessoas desta terra capazes de lhe dar novo alento e vigor.
Assim, por ocasião da festa da criança, organizada no Soito, (Ano Internacional da Criança em 17 de Junho de 1979) um punhado de Soitenses, tendo á cabeça o industrial Sr. João dos Santos Oliveira, tomou a iniciativa de chamar a si a responsabilidade de dar um sopro de vida a esta Santa Casa quase moribunda  e sonhando mais alto, com os 81.000$00 de saldo positivo resultante dessas festas, decidiu-se pela construção de um Lar para idosos.
Porque a obra herdada, não podia ser simplesmente ignorada, foram estes homens, os percursores e o fermento da nova Misericórdia,  os co-responsáveis pela vitalidade que a Santa Casa tem no presente, e para que os vindouros os não esqueçam aqui deixamos os seus nomes por ordem alfabética:
Alberto Gomes de Carvalho  falecido a 23 de Novembro 1996
Amadeu Rito Alves
João Correia Cruz
João dos Santos Oliveira
João Manso Tolda  
João Maria de Marcos Gandaio
João Maria Gomes  faleceu a 17 de Novembro de 1989
João Martins Carrilho
José Aires Carvalho Meirinho
José Manuel Alves Gomes
José Arnaldo Lousa Nicolau
José Augusto da Tereza Dias
José Augusto Martins Nicolau
José Martins da Tereza
José Martins Gaião 
Manuel de Oliveira Russo  faleceu a 3 de Agosto de 1986
Maximino da Josefa Russo,  faleceu a 5 de Julho de 1990
A partir desta Comissão foram eleitos os corpos gerentes que iriam gerir a  Santa Casa,  e que movidos pelo amor á terra e ás suas Instituições, iniciaram uma serie de contactos com vista a obter apoios para a construção de um edifício onde pudessem instalar os nossos idosos e prestar-lhe as condições que os filhos emigrados estavam impossibilitados de prestar condignamente, pelas condicionantes próprias da distancia a que se encontravam em busca de um futuro melhor para si e para os seus filhos.
.

A nova Mesa da Misericórdia


Da Comissão que   promoveu o acto eleitoral, que se realizou no dia 30 de Dezembro de 1979  foram eleitos os dirigentes para os vários órgãos, que agora nomeamos e são os seguintes:

Provedor              João dos Santos Oliveira

Secretário            Luís Carlos Lousa Nicolau

Pró Secretário      Maximino da Josefa Russo
Tezoureiro           Amadeu Rito Alves
Vogais                 João Manso Tolda
                            José Aires Carvalho Meirinho
                            Antonio Manuel Soares Garcia da Fonseca
Mesários              João Maria de Marcos Gandaio
                            José Augusto Tereza Dias
                            Manuel Joaquim Fogeiro Rito
                            João Martins Carrilho
José Alfredo Inês Manso.

De entre os elementos da Mesa é de salientar o esforço do Provedor Sr. João dos Santos Oliveira, a quem podemos chamar de o revitalizador da Santa Casa e “o Pai do Lar”, pelo seu empenho na busca de contribuições oficiais que viabilizassem o projecto e daquele a quem podemos apelidar de seu braço direito o Sr. Luís Carlos Lousa Nicolau que foi incansável mais do que compreendido e reconhecido pelo seu trabalho, o certo é que cientes de que o apoio não faltaria, lançaram mãos á obra e eis que ela nasceu.                        

Encomendado o projecto á Firma Ensaio L.da., representada pelo Eng. António Manuel Garcia da Fonseca, foi aprovada em 18 de Janeiro de 1981 a forma de pagamento das suas várias fases num total de 60.000$00.
Depois dos inevitáveis atrasos na feitura do projecto e da sua aprovação oficial (25 de Maio de 1982), situações próprias da burocracia, a obra foi iniciada a 5 de Julho de 1982 mas a primeira pedra só foi assente no dia 20 de Setembro demorando a sua construção pouco mais de quatro anos até 31 de Dezembro de 1986.



O custo total da obra somou o valor de 53.525.252,10 escudos e teve o apoio do Ministro dos Assuntos Sociais Dr. Luís Barbosa e do Centro Regional da Guarda da SS, na Presidência do Dr. António Fernandes Louro e Dr. Carlos Andrade,
Câmara Municipal do Sabugal enquanto Presidente o nosso conterrâneo Jeremias Amaral Dias, falecido num trágico acidente de viação em 7 de Janeiro de 1988
Câmara Municipal do Sabugal na Presidência do Dr. Joaquim Portas, com máquinas de remoção de terras, transporte de materiais, uma carrinha para o transporte de utentes e varias verbas para calcetamento, bancos, iluminação, etc.
Fundação Gulbenkian com 1.500.000$00
Alberto Fernandes, do Cardeal com 1.000.000$00 e alguns televisores.
Povo do Soito, cujo peditório realizado em 19 e 20 de Agosto de 1979 rendeu a importância de 1.862.950$00
O subsídio total concedido pelo CRSS atingiu os 46.652.600$00.


Abertura do Lar

Com uma capacidade para receber cerca de setenta utentes, o Lar Nossa Senhora da Conceição, como passou a ser chamado, abriu as suas portas no dia 10 de Janeiro de 1987,  e nesse dia, para além da neve suave que quis tomar parte neste importante e histórico evento como que a querer dar o seu apoio, entraram os seguintes utentes que foram os primeiros:




Maria José Afonso Parada
João Vaz Lavrador
Luisa Martins de Paulo
João Maria Gomes
José Gomes de Carvalho
Isabel Augusta Antão Filipe
Manuel Afonso
Maria Luisa Afonso do Bréu
Manuel Pereira João
Nazaré da Glória Ruano
Fortunato Palinhos Castelhano
José Simão
Maria da Ascenção
António Luis Nascimento
José Joaquim Carvalhinha
Manuel José Nunes de Marcos

Inauguração

A inauguração oficial teve lugar em 11 de Março de 1989, e contou com a presença de altas individualidades com destaque para os Srs.
Ministro: Silva Peneda
Governador Civil: Marilia Raimundo
Presidente da Câmara: José Joaquim Nunes Portas
Outras individualidades e alguns órgãos de comunicação social.


Os utentes em 2004

Com dezassete utentes em regime interno, no dia da abertura, conta hoje passados que são quinze anos, com setenta e seis, sendo já 362 os que por aqui passaram e desfrutaram, ou desfrutam, dos seus prestimosos serviços.
A qualidade das instalações e dos serviços que este Lar presta aos seus utentes tem como resultado uma lista de espera sempre crescente raramente havendo vagas por preencher.
São estes os que hoje residem no Lar, sendo certo que a maioria são vindos de outras terras; quarenta e quatro, enquanto do Soito são apenas trinta e dois.

Maria Carmelinda Galhano            Nave
Florindo Salgueira Vinhas              Aldeia Velha
Luisa Corceira Lopes                      Soito
António José Antunes Marcos        Soito
Manuel Francisco Rei                     Ruivós
Maria da Felicidade Nunes              Soito
José Santos Alves                            Valongo
Domingos Marques Janela              Baraçal
Isabel Dias Jorge                             Soito       
Felisbela Pina                                  Nave
Isabel Augusta de Almeida             Nave
João Rito Parada                             Soito
Adélia Amaral Dias                         Soito
Antónia Lourenço Correia               Seixo do Côa
Maria das Dores                              Caminha
Encarnação de Jesus                        Moimentinha
José Manuel Dias Robalo                Soito
Maria Augusta de Jesus                   Covilhã
Leonor dos Anjos Borrega               Quadrazais
Maria Joaquina Alves                      Soito
Maria José Candeias                        Torre
Maria Silveira Jesus Santos             Guarda
Manuel dos Santos Gonçalvez         Ruivós
Josefina Vaz                                     Vale da Éguas
Ana Bernarda Afonso                       Torre
Maria Rosa Rodrigues                      Aldeia da Ribeira
Albertina Augusta Fernandes            Bismula
Maria Ribeiro da Cunha Carvalho    Guarda
Manuel Carreto Lages                       Rapoula do Côa
Joaquim Freire Jorge Capelo            Baraçal
Belmira Afonsa                                 Baraçal
Maria Luisa Fernandes                     Bismula
Maria Rosa Tomé                             Nave
Emilia Alves                                     Nave
Isabel Augusta Lourenço Inês            Soito
Isabel Augusta Pereira Grencho         Soito
Laurinda dos Anjos Malcato              Nave
Abel Afonso Alves                             Carvalhal
António Joaquim Sanches                  Bismula
Maria dos Anjos Corracha Filipe       Soito
Maria dos Prazeres Corracha Filipe     Soito
Bernardino Nunes Rodrigues             Soito
Justino Gonçalves                               Nave
Maria dos Anjos Fernandes de Paulo Soito
António Maria Pina                            Nave
Isabel Augusta Nunes Emidio            Soito
Margarida Maria Fernandes               Quintas de S. Bartolomeu
Natividade de Jesus Ramos                Quintas de S. Bartolomeu
Julieta Carvalho Soares                      Soito
Firmino Martins                                 Pouca Farinha
Adélia Quitéria Pinto                         Mirandela
Lisdalia dos Santos                            Pega
Maria Judite Antunes Pereira            Nave
Isabel Maria Martinho Garcia           Soito
Isabel Maria Gonçalves                     Soito
Jeremias Martelo Pereira                   Soito
Isabel Maria Martelo Pereira             Soito
Belmira Martelo Pereira                    Soito
Isabel Augusta Inês Lopes                 Soito
Manuel Martins Neves                      Soito
Isabel Augusta Pereira Feliçia           Soito
Maria Augusta Antunes Pereira        Soito
António Joaquim Fernandes             Rapoula do Côa
Isabel Augusta Pereira Russo           Soito
Ana Teresa Pirão                              Soito
Isabel Nobre Valente                        Vilar Maior
Conceição Martins Tomé                 Vila Boa
Laurentina Carvalhal                        Vila Boa
Maria dos Anjos Fortuna Garcia      Soito
Justina Pereira                                  Soito
Luisa Sousa Pires                             Rapoula do Côa
Elidoro Augusto Sanches                 Nave
Maria Emilia Carrilho Grencho        Soito
Amélia Pereira Russo                       Soito
Maria Teresa Augusto                      Soito
Felisbela Antunes                             Ruvina  


Acordos

A Santa Casa da Misericórdia do Soito aderiu á união das Misericórdias em 12 de Janeiro de 1985 e foi registada como pessoa colectiva religiosa em 10 de Outubro de 1986 com o numero 501725650.
O acordo de cooperação com a ARS da Guarda foi celebrado em 4 de Setembro de 1987

Com a Segurança Social foi efectuado em 16 de Setembro de 1988.
Regista-se que a Câmara Municipal, no mandato do Dr. José Joaquim Nunes Portas, atendendo aos serviços prestados por esta Instituição, decidiu atribuir uma verba de 1.000.000$00 para a compra de uma viatura de passageiros, valor que, face a um maior custo da carrinha, seria aumentado em mais 500.000$00.
Concedeu ainda 56.515$00 para a compra de bancos para o jardim e 690.000$00 para calcetamento de parte da zona envolvente.

A Câmara Municipal do Sabugal em despacho de 2 de Dezembro de 1987 decidiu atribuir um subsidio de 1.000$00 mensais  ao Lar por cada interno, e 500$00 mensais por cada  utente em regime de centro de dia.


Doadores e Beneméritos

Sem duvida que existiram muitos durante a longa existência da SCMS, e entre eles é de salientar como já atrás ficou dito, Baltazar da Costa e sua esposa Dona Leonor que legaram todos os seus bens á Misericórdia e muito embora não tenhamos documentos que atestem a sua quantidade e valor, o certo é que a Santa Casa, agradecida, e durante mais de um século, mandou celebrar Missas em sua memória, das quais as ultimas de que tenhamos conhecimento documentado datem de Dezembro de 1936: uma, cantada, celebrada pelo Padre Francisco Pereira da Cruz acompanhado por dois concelebrantes e mais 50 pagas ao padre Manuel Joaquim Carvalho Dias no valor de 250$00. Em 22 de Outubro de 1937 ainda constava no orçamento para o ano seguinte a verba de 25$00 destinada a Missas por alma destes dois benfeitores, o que era feito em cumprimento do artigo 50 dos Estatutos, o que face ao menor numero de artigos dos Compromissos encontrados, revela a existência de outros anteriores possivelmente desaparecidos ou destruídos.
Na era moderna da Santa Casa, também se destacam alguns beneméritos ou doadores e aqui deixamos  os  seus nomes para que constem e a história os não esqueça:
Alberto Fernandes, do Cardeal, com  uma oferta de 1.000.000$00 para as obras do Lar e seis televisores.
António Fernandes Oliveira que ofereceu as colchas e os lençóis para as camas.
Maria Antónia Alves Corceira, doou uma terra centeeira, no valor aproximado de 250.000$00 que vendida em 8/7/1987, satisfez o seu desejo de contribuir para a Santa Casa.
Maria Antunes Costa em 8/12/1987 legou por testamento á Misericórdia, uma casa sita em Alfaiates, com um  valor estimativo superior a 200.000$00.
Feliciana Amaral, natural de Alfaiates, em 29/12/1988 legou uma terra de regadio no valor calculado de 200.000$00.
Maria da Natividade natural de Vale Mourisco: uma casa que foi vendida á Firma Lactibar por 300.000$00, mais um depósito na CGD do Sabugal no valor de 1.200.000$00.
José Ramos Sanches da Silva, legou em documento notarial, os seus bens em Aldeia Velha e um terreno em Alfaiates.
Emilia de Jesus: uma casa no Azevo que foi vendida pela importância de 80.000$00.
Felisbela Pina, da Nave: 300.000$00
Maria Ilda de Oliveira Notório, da Guarda, legou em dinheiro a quantia de 13.350 euros, conforme consta em acta de reunião da Mesa em 20 de Maio de 2002


Aumento do património  após 1979

Construção do imóvel onde funciona o Lar
Construção da Creche e Jardim Infantil
Aquisição de um terreno em 26 de Novembro de 1996 com 11.950 m2 e casa de habitação pertença do Sr Messias da Josefa Russo, junto ao pertencente á Santa Casa e onde está implantado o primeiro edifício pelo valor de 21.000.000$00. ( mais de cem mil euros)
Em 1994, (projecto de 18 de Fevereiro) no local onde em tempos funcionou o hospital, foi construída a casa mortuária no r/chão e um espaço para Museu, Biblioteca ou exposições no 1º andar.
Em 6 de Julho de 1998, conforme acta n.º 107: compra de um terreno, anexo e confinante aos dois prédios da Santa Casa com a área aproximada de 4.900 m2, á Sra. D. Ana Garcia Fogeiro e herdeiros, pela quantia de 4.000.000$00.( 20 mil euros)
Com esta aquisição, o terreno onde está implantado o complexo da Misericórdia e o espaço circundante ronda os 30.000 m2
Construção de um imóvel composto por cave, r/chão e primeiro andar, com cerca de 1.300 m2 por piso destinado á ampliação do Lar e no sentido de uma melhoria na qualidade das instalações e dos serviços prestados e cujo custo se estima em mais de um milhão de euros.
A 12 de Dezembro de 1999 foi decidido adquirir aos herdeiros do Sr. António Morais  a casa que foi sua habitação, dois palheiros contíguos e logradouro, sitos junto ao Salão Paroquial pelo valor de 4.000.000$00 (vinte mil euros) cujo fim é a instalação do Museu Etnográfico.
A escritura pública destes imóveis, por culpa da excessiva burocracia, só foi assinada em 27 de Dezembro de 2004.
Em 3 de Maio de 2005, por necessidade de captação de um maior caudal de água, face ao crescente consumo, foi adquirido no Robalbo, ao Sr. Messias da Josefa Russo, um lameiro destinado à construção de um poço. Custou 2.500 Euros.
Podemos dizer sem errar, que desde1979 até 2002, o património da Santa Casa da Misericórdia do Soito cresceu valores a rondar os três milhões de euros, e que esses valores são do povo do Soito e estão aqui implantados não só como riqueza mas ainda como geradores de riqueza e de bem-fazer.

Alienação de património:

Em 26 de Novembro de 1996 e porque o fim a que se destinava era de utilidade para a freguesia, decidiu a Mesa Administrativa, ceder á Junta de Freguesia pelo valor de 8.000.000$00 ( quarenta mil euros) um prédio rústico junto aos castanheiros de João D, Amores.
Neste espaço encontra-se em fase final  a construção do Centro Cultural e Desportivo do Soito.
Em 2/2/1999 foi vendida a casa que era pertença do Sr Messias da Josefa Russo pelo valor de 10.000.000$00.(cinquenta mil euros)
Em 15/7/1999  foi decidido vender uma casa com 12 m2, na Rua do Meio, por 350.000$00 ( mil setecentos e cinquenta euros)
Em 25/10/1999 foi aprovada a venda de um terreno no Molriso pela quantia de 250.000$00 ( mil cento e vinte e cinco euros) no seguimento de uma orientação da Assembleia Geral, de poderem ser alienados os pequenos prédios encravados entre outros, sob pena da sua perca total face á inexistência de marcos e cuja superfície dependia apenas da palavra dos arrendatários, já que era inexistente a  documentação a favor da Santa Casa. 
Como já ficou dito, foi decidido salvaguardar e conservar os prédios de artigo único e fazer a sua demarcação conveniente, para que de futuro não se venham a repetir os atentados e desleixos do passado.


A Creche e Jardim Infantil



Á falta de uma instituição de apoio á primeira infância, já que as mães trabalhadoras viam a sua vida dificultada pela necessidade de cuidar dos filhos, respondeu a Santa Casa com um ambicioso projecto para a construção de um edifício destinado a albergar  a creche e o jardim onde as nossas crianças pudessem ter uma existência mais humanizada e as mães livres de preocupações.
O projecto entrou na Segurança Social em 20 de Dezembro de 1988 ainda na Provedoria do Sr João dos Santos Oliveira, para apreciação, e o lançamento da primeira pedra teve lugar no próprio dia da inauguração do Lar, 11 de Março de 1989, já estando em funções o actual Provedor Manuel Joaquim Fogeiro Rito.
Após quatro anos, tempo que levou a sua construção, este complexo abriu as portas em 30 de Agosto de 1993.
Com um custo total aproximado de 60.000.000$00, (trezentos mil euros) foi comparticipado pelo Estado com apenas 25.000.000$00, ficando a cargo da Misericórdia  o suporte do diferencial.
Estava construído o jardim; espaço físico, para que pudesse vir a ser o jardim onde a vida floresce e cresce, e isso tem sido conseguido graças ao esforço de todos: dirigentes, pais,  educadoras e pessoal auxiliar.
Estas instalações são compostas de várias  salas, onde o Sol entra assim que nasce, como que a dar bons dias ás crianças, e  são elas, 60  em Creche e em Jardim Infantil e 32 em regime de ATL.
Devido á transferencia do Jardim Infantil n.º 1, da vizinhança do lugar das escolas, para as instalações da Santa Casa, foi decidido proceder á ampliação do actual espaço com vista a acolher os novos utentes e a dar-lhe as condições que eles merecem. Foi remodelado todo o 1º andar onde se encontrava o salão nobre,  e mais algumas alterações no andar inferior.





Directoras do Lar

Ana Isabel Cardoso Escada, Assistente Social, que exerceu o cargo de Directora desde 15 de Outubro de 1987 até 31 de Dezembro de 1988, após pedido de demissão apresentado por carta com data de 16 de Dezembro do mesmo ano.
Maria da Conceição Nabais Teixeira Dinis, Educadora Social, assumiu as funções de Directora em 1 de Janeiro de 1989, não só por parecer favorável da anterior Directora ,
 mas porque já havia demonstrado competência e capacidade para a gestão deste Lar que bem conhecia desde a sua abertura. Hoje continua a exercer o cargo após mais de vinte e sete anos em exercício.

Os Capelães

Poucos nomes constam nos registos da Santa Casa embora saibamos que nem sempre os párocos da freguesia eram em simultâneo párocos e capelães.
Entre 1804 e 1826 foi capelão da Santa Casa o Padre Manuel Martins Vasco de Aldeia da Dona
Em 1858 era capelão o padre João Carvalho e em 1868 o Padre Bernardo Garcia de Carvalho ambos do Soito mas que nunca paroquiaram a sua terra
Em 1880/1881 era capelão o padre Félix Gonçalves Neves, natural da Malhada Sorda.
Durante o século XX e até hoje, o lugar de Capelão tem sido exercido pelo pároco da freguesia.

Nossa Senhora da Conceição

Em 8 de Dezembro de 1987, dia da Padroeira, foi colocada no jardim á entrada do edifício e sobre um pedestal,  a imagem de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira do Lar a quem deu o nome.
A benção, realizada numa singela cerimónia religiosa, foi efectuada pelo Capelão de então, Padre João Domingos, saudoso pároco da freguesia, falecido em 12 de Maio de 1996. .
Ali está desde então de sentinela, a abençoar o Lar, a perpetuar a fé dos nossos antepassados, e a recordá-la aos actuais e aos vindouros.

Datas Importantes

Visita do Sr. Ministro Luís Barbosa às obras que decorriam do Lar em
25 de Março de 1987; o Dr. Carlos Andrade, director do Centro Regional da Guarda visita o Lar, com alguns dos s eus colaboradores e almoça nas instalações bem como alguns membros da Associação Regional de Solidariedade e Progresso do Alto Zêzere. 
Em 31 de Outubro de 1987 foi realizada nas instalações do Lar uma reunião das Misericórdias do Distrito da Guarda presidida pelo Sr. Provedor da Misericórdia da Guarda Dr. Francisco Bigotte

A 13 de Dezembro de 1988 fez visita ás instalações do Lar o  Presidente do CRSS da Guarda Dr. Rui Proença Correia Dias.

Em 11/3/1989 dia da inauguração do Lar estiveram presentes entre outros o Sr. Ministro Silva Peneda, a Sra. Dra. Marilia Raimundo, Governadora Civil do Distrito e o Sr Dr. José Joaquim Nunes Portas, Presidente da Câmara Municipal do Sabugal. 

Em 30 de Agosto de 1993 é aberta a Creche e o Jardim Infantil.

Em 5 de Maio de 1995, o edifício da Creche e Jardim Infantil foi inaugurado pelo Secretário de Estado da Segurança Social Dr. José Cid.

Em 8 de Junho de 1997 o Lar foi visitado pelo Sr. Bispo da Guarda D. António dos Santos, conforme consta no livro de ouro.

A 13 de Julho de 2003  o Lar Nossa Senhora da Conceição  recebeu a visita do Sr. Governador Civil da Guarda, do Sr. Presidente do CRSS e dos deputados à Assembleia da Republica Ana Manso e Fernando Lopes acompanhados pelo Presidente da Câmara Municipal do Sabugal e demais individualidades.
No dia 24 de Julho de 2004 foi benzida a nova Capela do Lar pelo Sr. Vigário Geral da Diocese, em representação do Sr. Bispo, e do Capelão da Santa Casa, Sr. Padre António Domingos. 
Em 26 de Julho de 2004 foi inaugurado o novo edifiçio do Lar pelo Sr Ministro Fernando Negrão com a presença dos Srs. Governador Civil, Presidente do CRSS, Vice Presidente da Câmara e outras altas entidades oficiais.

Ampliação e modernização do Lar

A ideia de ampliação do Lar foi apresentada á Mesa, pelo Sr. Provedor Manuel Joaquim Fogeiro Rito em  1 de Dezembro de 1996, passados que foram cerca de dez  anos sobre a data da sua abertura. 
Ciente da insuficiência da resposta a dar a todos os pedidos de acolhimento e atento á evolução das exigências dos utentes, face aos novos tempos em que cada vez mais o conforto e a qualidade, não só dos serviços mas também das  instalações, são uma opção de escolha a ter em conta e um direito que aos candidatos assiste, decidiu o Sr Provedor, com o apoio dos restantes Mesários, mandar elaborar um projecto para a ampliação do Lar, diga-se um projecto ambicioso, concebido a pensar não só no presente mas também no futuro.
A necessidade de oferecer melhores condições de estadia á gente maior, como dizem os nossos vizinhos de além fronteira, justificam a melhoria e ampliação do Lar, mas também a apertada fiscalização que o Estado tem vindo a levar a cabo e da qual já resultou o encerramento de algumas centenas de Lares em todo o País num espaço de tempo de apenas cinco anos.
Hoje, mais do que no passado, é preciso estar actualizado e responder às exigências da Sociedade, daí o empenho desta Direcção em efectivar esta obra.
Em reunião de 15 de Outubro de 1998 foi decidido pela Mesa Administrativa da Santa Casa, adjudicar a construção em grosso, estruturas e divisões, na parte de mão de obra do novo imóvel, ao Sr João Rito de Marcos pelo valor de trinta milhões de escudos, ficando por conta da Misericórdia o fornecimento de todos os materiais.
O novo imóvel ocupa uma área aproximada de mil e trezentos metros quadrados por piso e é composto de cave, r/chão e primeiro andar; terá na cave umampla garagem para os utentes e para serviço da Instituição, salão de festas e conferencias, duas salas polivalentes para actividades sociais, formação profissional ou outras.
No r/chão vai ficar instalada uma espaçosa Capela com cerca de 260 m2, um terraço com cerca de 150m2, salas de espera, de convívio, enfermaria, sala de acamados, nove quartos duplos e quatro normais.
No 1º andar, mais uma sala de acamados, salas de estar e de apoio, seis quartos duplos e sete normais.
Todos os quartos agora construídos, são providos de casa de banho e obedecem aos mais modernos requisitos técnicos essenciais a uma boa estadia, como sejam a canalização de oxigénio e sistema de aspiração pulmonar, etc.
O valor total do imóvel, á excepção do mobiliário, todo construído a expensas da Santa Casa da Misericórdia do Soito, estimou-se em cerca de um milhão de Euros.
Todos os antigos quartos estão hoje dotados de casa de banho privativa.


Criação do Museu Etnográfico

A ideia já tem alguns anos e a Santa Casa propôs-se a instalar um museu no 1º andar do edifício que alberga a Casa da Ascenção no r/chão e que fora outrora o chamado Hospital da Misericórdia, porém a ideia não foi avante talvez por insuficiência de espaço, talvez por escassez de apoios materiais e humanos.
Posteriormente a Santa Casa aceitou a proposta da Soito ACD sediada em Lisboa, tendo as duas Instituições assinado um protocolo a fim de levar a ideia por diante e logo foi decidido adquirir a casa que fora do Tio António Morais, atrás do Salão Paroquial e que se compõe de três edifícios  geminados e logradouro.
Encarregou-se o Sr Vereador Manuel Rito de proceder a elaboração do levantamento topográfico e posterior projecto a fim de poder ser candidatado a um subsídio Estatal, sem o qual se tornaria difícil levar por diante tal objectivo.
Esteve em curso a recolha de peças e utensílios do passado a fim de dotar o futuro museu com o máximo de objectos que possam testemunhar de algum modo o nosso passado e a nossa história e para que através deles possamos viajar até aos nossos antepassados e recordar o seu modo de vivência, porém por causas que desconheço o projecto não avançou.



Bandeira e distintivo

Em reunião de 9 de Setembro de 2002 foi decidido proceder á elaboração de uma bandeira e de um dístico representativos da Irmandade.
A composição do dístico foi obra de João José Meirinho de Carvalho e passou a identificar a Santa Casa a partir de 2004.


Agradecimentos

Aos funcionários e funcionárias


Louvo e agradeço, a titulo pessoal, o empenho e a entrega dos cerca de 50 colaboradores desta Casa a começar pela sua Directora.
Que estas minhas palavras não se quedem no elogio do passado ou do presente mas sirvam de incentivo a um trabalho futuro que se pretende mais comprometido e a uma continuidade que se deseja sempre melhorada até aos limites do humanamente possível.
A Santa Casa, neste caso o Lar Nossa Senhora da Conceição, deve muito do seu prestigio ao vosso trabalho e á dedicação com que tendes desempenhado as vossas tarefas, fazei do Lar a vossa casa e cuidai dele como se fosse vossa pertença que é o mesmo que dizer: amai os idosos como a vossos pais sempre cientes de que, por parte de todos os cidadãos responsáveis, sereis dignas de partilhar dos louros que esta casa tem vindo a acumular ao longo dos seus anos de vida e,  que em certa medida, disso sois também beneficiadas através da manutenção dos vossos postos de trabalho e de uma valorização social e moral que todos nós devemos sem favor reconhecer, elogio ainda o exemplo abnegado e altruísta que demonstrais no dia a dia, e que  nem sempre é bem entendido por aqueles ou aquelas que nunca cuidaram de um idoso e que são simplesmente ignorantes nesta causa.


Aos Dirigentes

Por uma questão de justiça não devo esquecer os longevos e anónimos fundadores que deram forma  há mais de três séculos a esta então Irmandade da Santa Casa da Misericórdia do Soito, a todos os que se seguiram até 1978 e aqueles que são responsáveis pela actual vitalidade da S.C.M.S. e que desde o começo daquilo a que justamente podemos chamar de nova era da Misericórdia do Soito, deram muito de si em favor de uma causa que adivinhavam urgente e indispensável ao povo desta freguesia: a começar pelo Provedor Sr. João dos Santos Oliveira que é de algum modo o responsável pela revitalização  da Misericórdia do Soito e como que o fundador do Lar   que tanto se esforçou  por construir.
Deixo também um voto de agradecimento a todos os restantes Mesários, que o acompanharam durante quase uma década, neste difícil mas áureo momento da vida da Misericórdia.
A história também não pode ignorar o seu digno sucessor:  Provedor Sr Manuel Joaquim Fogeiro Rito que há mais de uma dúzia de anos dirige a SCMS e que tem vindo a desenvolver um trabalho a todos os títulos notável e meritório, e que está em vias de quase duplicar a superfície e a qualidade das instalações do Lar através da construção de um novo imóvel anexo como já atrás referimos e ao actual Provedor Rui Carrilho.

Notas finais:

Este trabalho  só foi possível graças á colaboração do Sr Padre António Domingos, que facilitou o acesso ao Arquivo Paroquial.
Também devo um agradecimento especial á Sra. Directora e ás funcionarias do Arquivo Distrital da Guarda pela atenção e simpatia com que me facultaram o acesso aos seus arquivos.
Outras fontes: História da Diocese da Guarda de Pinharanda Gomes
História da Diocese de Lamego por M. Gonçalves Pereira
Memórias sobre o Concelho do Sabugal de Joaquim Manuel Correia
Dicionário Corográfico de Portugal de Américo Costa
Uma Estimativa da População Portuguesa em 1640 do Professor Joaquim Veríssimo Serrão
A População de Portugal em 1798. Censo de Pina Manique, edição da Fundação Calouste Gulbenkian (1970)
Instituto dos Arquivos Nacionais (Torre do Tombo) na pessoa da Sra. Dra. Maria de Lurdes Henriques e do Dr. Luís Filipe Marques da Gama
Arquivo da Santa Casa da Misericórdia do Soito
Biblioteca Municipal do Sabugal
Outras fontes da tradição oral.


Epilogo
Tentei, o mais fielmente possível, transmitir e deixar neste pequeno volume, os factos ou acontecimentos mais significativos da SCMS que me foram confiados por cidadãos desta vila,  provenientes de buscas em arquivos ou ainda por mim vividos ou conhecidos.
Creio que será apenas o primeiro passo para que alguém mais habilitado venha, num futuro não muito distante, desenvolver com mais qualidade e quantidade uma história  que fica ainda por escrever no seu mais profundo sentido.
Espero ter dado o meu contributo, ainda que modesto, para um maior conhecimento da verdade face ás injustas afirmações  de menoridade que muitos teimam em querer atribuir ao Soito, e peço desculpa aqueles que não concordarem com algumas afirmações de caracter opinativo, mas são minhas e, como tal, assumo a responsabilidade que decorre de tal acto, ciente de que como sempre, não alinho em pressupostos alheios sem uma averiguação cuidada dos factos, o que obviamente também não posso  reprovar nos leitores.
Ticarlos Maio de 2016



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