José Manuel Jorge Perlouro (Moiteira)
Herdou o apelido por parte da mãe, nome que vem de 22 de
Maio de 1766: Casamento de Francisco Martins Moiteiro, filho de Francisco
Martins e de Maria Esteves, com Anna Martins, filha de Manuel Pires e de Josefa
Martins. Nasce José Manuel às 16 horas do dia 10 de Janeiro de 1918. Filho de
Manuel Jorge Perloiro e de Maria Gonçalves Filipe, sobrinho do “irmão
missionário” Manuel José, irmão da mãe, que segundo testemunhos de pessoas mais
velhas, fez bastantes milagres e morreu em missão longe do seu país.
Seis anos depois de José, a 28 de Dezembro de 1924, nascia
Isabel Gregório Capelo, filha de António Sousa Capelo, de Penamacor e de
Ludovina Gregório, desta freguesia, neta paterna de Filipe de Sousa Capelo e de
Ana Clemente, de Penamacor, e materna de Manuel Gregório, pedreiro, de Castro
Laboreiro, Melgaço e de Isabel João desta freguesia. Foi por esta moça que o
José se apaixonou e com quem esteve para casar, não fora o facto de os pais e
ela terem emigrado para Angola.
Podemos ver nesta foto, de 1942, chegada até hoje, o José Manuel,
a Maria e a mãe Ludovina numa relação que não deixa dúvidas.
Certamente que se escreveriam, já que o pai da moça, mandou
ir o nosso personagem para junto deles no intuito de constituírem família,
porém quando José chegou o pai não gostou dele e impediu que a filha casasse,
escolhendo-lhe outro noivo, a seu gosto e com quem ela veio a casar. Ficou
destroçado o nosso José, mas isso não impediu que o desejado sogro lhe pagasse
a viagem de volta para Portugal onde José jamais seria a mesma pessoa, afectado
que ficou com a perda da sua desejada. (Isabel casou em Nova Lisboa no dia 25
de Dezembro de 1950)
Inteligente acima da média, José passou a sofrer de
alterações pontuais de personalidade, não deixando contudo de mostrar o seu
saber: era alfaiate, artesão, pintor e hábil em todos os projectos em que, por
sua própria iniciativa, se envolvia. Foi-me contado por uma senhora, que teria
hoje 108 anos, logo, 12 anos mais velha que ele, que uma tarde, pelo escurecer
lançou, a partir das eiras, um papagaio iluminado com uma pilha, levando a
maioria das pessoas a olhar e ver tal “fenómeno” como um sinal divino,
refugiando-se na oração.
Pessoalmente lembro um dia de 1963, em que eu pintava um
reposteiro de sanguinho peça a peça. Ele chegou, pois morava perto, parou,
olhou para mim e disse: não é assim que se pinta, agarras com a mão esquerda as
peças que puderes e com o pincel pintas e a mão também pinta, no fim lavas as
mãos. E deu resultado: um trabalho que levaria 4 horas, levou apenas 10
minutos.
Era também um perito a domesticar Corvos a quem chamava
Vicente: estivesse onde estivesse, chamava por ele e imediatamente vinha
pousar-se-lhe no ombro.
Como orador, era capaz de pregar um sermão sobre qualquer
santo. Um dia chega a casa da minha sogra, entra e diz: quer que lhe pregue um
sermão sobre Santo António? A minha
sogra, desejosa de o ouvir disse que sim e ele falou largos minutos sobre a
vida do Santo. A certa altura “descarrilou” e começou a dizer: venham os diabos
todos….. Aí a minha sogra mandou-o sair e ficou muito zangada com ele.
Em finais da década de 1960, José foi internado alguns algum
tempo no Júlio de Matos. Após o 25 de Abril veio de novo para o Soito e quando
o encontrei, perguntei-lhe: então Zé Manel, já vieste e ele respondeu-me: já
vim mas parece que cá fora ainda há mais tontos do que há onde eu estive.
Morreu no dia 18 de Fevereiro de 1980
ticarlos
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