Esta capela é, possivelmente, a
mais antiga e a que sofreu menos danos ou as menores alterações arquitectónicas
à traça original, pelo menos no seu exterior.
Não é fácil provar que terá sido,
porventura, uma das primeiras a ser construída e que terá eventualmente
albergado a Matriz desta povoação em tempos mais remotos, mas isso permanecerá
uma incógnita até que alguém o possa provar documentalmente.
À semelhança de outras capelas
que temos referido, também esta teve um papel histórico na fé do povo do Soito
e nela repousam dezenas de Soitenses que na ausência de cemitério e por falta
de espaço na Igreja Matriz, aqui lhes foi dada a última morada.
Com festa no próprio dia do
Espírito Santo e desde tempos antigos da responsabilidade dos rapazes solteiros,
que serviam como mordomos, raramente faltava a Banda de música e foguetes para
animar os festejos e as pessoas que participavam.
Devido à emigração e porque a
maioria dos rapazes rumou a outras terras em busca de uma vida melhor, a festa
perdeu algum do seu brilho, continua porém a realizar-se de acordo com a fé e
as capacidades dos devotos que são muitos.
O sino, que durante alguns séculos dali transmitia os seus sons típicos, desapareceu, tendo sido ali colocado um novo por ocasião das festas de 2005, era mordomo Manuel Augusto Rito Pereira
Desde o dia 1 de Julho até ao dia
21 de Outubro de 1811 foram ali sepultados 19 corpos das seguintes pessoas: 1
de Julho: António Gonçalves, com 73 anos, morreu sacramentado e era viúvo de
Maria Martins, dia 3: Maria, inocente de 3 meses, filha de José Carrilho e
Maria Correia, dia 4: Catharina Lourenço,
viúva de José de Mattos, dia 5:
Manuel, solteiro de 18 anos, filho de Manuel Nunes e de Maria Martins, morreu
sacramentado dia 8: José da Fonseca de 18 anos, filho de Bernardo da Fonseca e
de Rosária Seguro, no mesmo dia faleceu também Maria, solteira de 24 anos,
sacramentada apenas com a Santa Unção, filha de José de Mattos e Catharina
Lourenço, dia 10: “inocente”, filho
de José Fernandes Russo e Maria Carrilha,
Dia 22: Catharina Nunes, de 73
anos, viúva de Manuel
Gonçalves ,
No mesmo dia: Isabel Gonçalves de
44 anos, casada com José Martins Ferrador,
Dia 27: Maria Gonçalves de 60 anos,
viúva de Domingos Lopes. No dia 28 de Agosto: Rosa Ambrósio, solteira, de 40
anos. No dia 10 de Setembro: Luísa Jorge, com 50 anos, viúva de José Lourenço,
dia 18: Maria Gonçalves de 35 anos, casada com José Pires, no mesmo dia:
Manuel, de 2 anos, filho Francisco Jorge Barroso e Isabel Gonçalves. Em 9 de
Outubro: Elena Gonçalves de 35 anos,
viúva de Manuel
Gonçalves , dia 21: Isabel Ambrósia de 53 anos, viúva de João
Luís, dia 22: Domingos Fernandes de 44 anos, casado com Paula Gonçalves , dia 14
de Novembro: Manuel Nunes Triste, viúvo de Thereza
Gonçalves e dia 26: Miguel Martins, solteiro.
A causa da morte foi, em quase
todos os casos, registada como malina
ou malária “doenças” trazidas
provavelmente pelas tropas invasoras.
Desde 29 de Janeiro a
29 de Abril de 1835 foram ali sepultados 11 corpos: No dia 29 de Janeiro: Maria
da Clara, casada que foi com Manuel?, 14 de Fevereiro: Maria Monteira, de 40,
casada com António da Neta, 16 de Fevereiro, Isabel Pires, de 58 casada com
Miguel Vinagre, 22 de Fevereiro: Manuel Lopes casado com Isabel Mansa, 24 de
Fevereiro: Luísa, solteira, de 40 anos, filha de Manuel de Matos e de Ana Vaz,
25 de Fevereiro: Bernarda Fernandes, de 68, viúva., 2 de Março: Ana Vaz, de 40,
casada com Manuel de Matos, 26 de Março: Maria Gomes, de 54, casada com Manuel
Nunes Dias, 28 de Março: Teresa João de 40, casada com António Mendes, 24 de
Abril: Maria Ramos de 70 anos, viúva e no dia 29 de Abril: Maria Nunes de 68 anos, viúva.
Embora não esteja relacionado com
a capela do Espírito Santo, recordo o seguinte facto: em 17 de Junho de 1882, Manuel Gonçalves
Garrido Passave registou uma “mina de
cobre e outros minerais, nas Quelhas do Espírito Santo, cinquenta metros a sul
da capela, cujo terreno pertencia a João Antunes Lousa e José Alexandre Jorge
Perlouro”
Ti Carlos
Obrigado pela narrativa histórica, bem detalhada e documentada. É a história da nossa terra.
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