Situação e espaço geográfico
Situada no Planalto Central
Raiano, a uma altitude média de 900 metros, na margem direita do rio Côa, do
qual dista pouco mais de quatro quilómetros e aproximadamente uma dezena da
sede de concelho, a vila do Soito era até há pouco tempo a maior aldeia do
concelho do Sabugal a que pertence desde tempos imemoriais. Hoje é uma vila das
mais novas deste país já que a sua elevação a essa categoria ocorreu no dia 13
de Maio de 1999 por aprovação da Assembleia da República.
Com uma superfície um pouco
superior a 30 quilómetros quadrados, (30,380) o Soito não é aquela pequena
freguesia, em tamanho, que alguns conterrâneos admitem, o Soito é (entre 40) a
nona maior freguesia do concelho logo depois do Casteleiro, Sortelha,
Quadrazais, Vale de Espinho, Bendada, Aldeia da Ponte, Sabugal e Aldeia de
Santo António.
Dentro do seu espaço geográfico
caberiam duas freguesias como a Bismula e Águas Belas ou Lageosa e Aldeia do
Bispo.
As fronteiras territoriais das
freguesias estão delimitadas oficialmente e não podem ser alteradas, caso
contrário o Soito seria hoje umas das três primeiras, já que alguns dos seus
proprietários têm vindo a adquirir a congéneres seus de outros povos vizinhos,
alguns prédios rústicos com os quais partilham extremas e que assim avolumariam
significativamente a actual superfície da freguesia.
A maior mancha verde contínua do
concelho localiza-se no círculo Soito, Quadrazais, Vale de Espinho, Foios,
Aldeia do Bispo, Aldeia Velha e Alfaiates, povoações que a rodeiam.
A Serra do Homem de Pedra, que se
planta ao alto de sentinela a nascente da povoação, tem uma altitude de 1.135
metros, e é um dos locais mais altos do concelho donde se pode ter uma ampla
visão das Serras que o circundam desde a Malcata à Estrela, passando pela
Marofa e pela Gata e que só se esfuma no horizonte travada pela penumbra que o
envolve nos dias menos claros.
A meio do declive e sensivelmente
a Noroeste da Serra, está o Cabeço da Granja que dá ou recebeu o nome da ermida
de Nossa Senhora dos Prazeres ou da Granja.
No seu território nascem três
ribeiras que são como que as três veias principais: Ribeira da Granja que
desliza da vertente da Serra rumo a Alfaiates e na qual ainda há poucos anos
havia abundância de peixe, principalmente bordalos, bogas, etc,,e onde foi
construída a Barragem de Alfaiates, a Ribeira da Nave nascida nos terrenos das
Alagoas em direcção à Nave, ambas correndo para Norte e o Ribeiro do Bispo que
brotando no Cabeço da Vaca no sentido Noroeste, acorre à Murganheira, limite de
Vila Boa correndo já a Poente.
Todas as ribeiras vão desaguar,
directa ou indirectamente, ao rio Côa.
As águas são abundantes e
generosas, tornam férteis os seus vales, e apesar da seca que se verifica
noutras regiões é raro verificarem-se situações de carência e as regas são
executadas em tempo oportuno.
Porque a povoação está situada
como que no sopé dos montes e porque a montante não existe qualquer outro povo,
todas as nascentes têm origem nos terrenos da freguesia e o Soito não recebe
água poluída por ninguém o que é um privilegio que devia ser mais aproveitado e
rentabilizado.
Os seus terrenos, apesar do clima
agreste, são férteis e de fácil amanho face à suavidade do declive e se o Soito
tem hoje cerca de 100 tractores agrícolas com os quais os seus agricultores
cultivam a terra, esse trabalho era, até meados dos anos sessenta, feito por
centenas de juntas de vacas que lentamente, com a charrua ou o arado,
desbravavam e sulcavam os campos desde o nascer ao pôr – do -Sol, dia a pós
dia, ano após ano.
Considerada a Ceres do Distrito,
as duas extensas searas, qual tapete ondulante a perder de vista, verdejantes
na Primavera douradas no Verão, dão-nos a abundância do pão e ainda nos
oferecem uma paisagem encantadora num deslumbramento de grandeza, que nós,
distraídos, não sabemos contemplar nem apreciar devidamente.
Os extensos prados verdejantes e
floridos na Primavera, são também uma riqueza acrescida onde os gados pastam
mansamente ou quando se colhe o feno destinado à sua alimentação durante as
épocas do gelo ou de neve que se prolongam por vários meses e dificultam ou
põem mesmo em risco a sua sobrevivência.
Embora hoje as vinhas sejam quase
inexistentes nos limites da freguesia, ainda há poucos anos elas ocupavam uma
boa fatia do terreno, já que mais de uma dúzia de agricultores produziam centenas
de milhares de litros de vinho quantidade suficiente para consumo interno e
alguns anos até, quando a produção era excedentária, vendido para fora, à
semelhança do que acontecia com o trigo, centeio, batata, castanha, feijão e
outros artigos agrícolas.
A extinção das vinhas deveu-se em
parte à falta de braços para o seu cultivo já que a emigração levou mais de
metade dos nossos jovens reduzindo fortemente a oferta de mão-de-obra tão
necessária a este tipo de cultura, mas também à verificação de alterações
irregulares no clima, que tornou inviável e desinteressante, do ponto de vista
económico, o prosseguimento da actividade neste sector produtivo.
Os castanheiros seculares e até
alguns milenares, que há apenas três décadas vestiam a terra e imprimiam pela
sua grandeza, uma paisagem ímpar, foram desaparecendo, deixando a descoberto
grande parte dos terrenos.
As doenças que afectaram esta
espécie e o abate intenso para madeira, nos anos setenta e oitenta, foram as
causas primeiras que deram lugar ao quase desaparecimento da espécie, em apenas
duas décadas desapareceram mais de 99,9% destas seculares árvores.
Frondosas e de grande porte, estas
arvores foram em épocas não muito distantes, sobrevalorizadas graças ao valor
do seu fruto que contribuía em grande parte para a alimentação deste povo, hoje
podemos dar conta de um avanço significativo na reflorestação harmónica dos
soutos, mas terão que decorrer varias décadas ou mesmo alguns séculos, até que
a paisagem se assemelhe ao que foi e da qual ainda hoje muitos se lembram.
ticarlos
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