O Soito, anexo da Nave?
O
significado: anexa, não tinha no
século XVII o significado que hoje se lhe atribui, pois segundo alguns
historiadores, o termo anexa entendia-se como “uma freguesia de alguma sorte dependente de outra considerada como
principal pela apresentação, rendimentos, etc. mas com administração espiritual
separada” .
A 27 de
Julho de 1656 era Cura deste lugar do Souto o Padre Domingos de Faria, o mesmo
que em 25 de Março de 1659 concedeu licença ao Padre João Dias, da Nave, para
celebrar um baptismo no Soito. (casos como este são frequentes, o que demonstra
a independência e autoridade do pároco em relação aos outros, mesmo ao da Nave)
É verdade
que a Igreja do Soito esteve durante alguns anos hierarquicamente dependente do
Prior da Nave mas não como anexa no sentido actual do termo já que era
freguesia e tinha os seus órgãos administrativos próprios; para além do pároco
estavam constituídos os “juízes do povo”
que já eram referidos em 1630.
Diz (1758) o Padre Hipólito Tavares que o parocho desta freguesia do Souto hé Cura annual da apresentação do
Vigário da Nave do Sabugal, o que ao contrário do que muitos
afirmam, não quer dizer que a freguesia do Soito dependesse da freguesia da
Nave no aspecto administrativo, pois nenhuma freguesia pode pertencer a outra,
mas sim à sede de concelho.
A verdade é que o pároco do Soito:
um Cura, (nome em que se notava ainda a presença Castelha) responderia
anualmente perante o Pároco da Nave, (Vigário) como respondeu posteriormente a
outros que assinavam a abertura e o fecho dos livros de assentos dos
baptizados, casamentos e óbitos, mas sempre indicando que pertencia ao
Arciprestado do Sabugal ou ao distrito eclesiástico de Alfaiates: Em 1856 e até
1870 era o Arcipreste Manuel Marques da Cª. Galhano que em Vila Boa assinava e
numerava todas as paginas dos livros de registo, não só do Soito mas também da
Nave, (ver livro de assentos paroquiais da Nave datado de 2 de Janeiro de1863)
e de outros povos.
Em 1 de Janeiro de 1874 foi o
Arcipreste da Nave António Gomes Costa (que havia sido pároco no Soito entre
1838 e 1843) quem assinou o livro e igualmente em 31 de Dezembro de 1878 onde
escreveu: “Este livro hade servir para no
mesmo se lançarem os assentos de batismos occurridos no presente anno de 1879
na freguesia do Soito, Arciprestado do Sabugal o qual por commissão do Exmo Snr
Vigário Geral do Bispado de Pinhel por mim vai ser numerado e rubricado com o
nome a abreviatura que uso de AG-C. Leva no fim o competente termo de
incerramento. Nave 31 de Dezembro de 1878. O Reitor Arcipreste António Gomes
Costa”. Em 31 de Dezembro de 1883 era o Arcipreste Francisco Quelho de Vila
Boa quem assinava os livros e pouco depois (1891-1912) era o reitor Bernardo
Nunes natural do Soito mas a exercer na Nave.
Em 1914/1915 foi o Arcipreste
Vital Augusto Lourenço de Almeida, de Rendo.
Entre 1916 e 1925 foi o Arcipreste
José Gonçalves
Leitão de Aldeia da Ponte.
Em 1926/27 volta a ser o
Arcipreste Vital Lourenço de Almeida.
Em 1942/44 os livros estão
assinados pelo padre Domingos Manso Pires do Rochoso
Entre 1944 e 1950 foi o Padre José
Luís Antunes da Ruvina.
Em 1964 era ainda o pároco da
Ruvina quem assinava a abertura e fecho dos livros de registo o que em 1982 era
feito pelo Padre António Teixeira Souta do Sabugal sem que o Soito fosse anexo
de qualquer destas povoações.
É contudo interessante saber, que
na época em que o Cura do Soito dependia do Prior da Nave, o que parece ser
confirmado pelo Padre do Soito, Thome Joam, em 30 de Janeiro de 1630 quando
escreve: … o Reverendo Prior Monteiro de
Távora, reytor da igreja da Nave e suas anexas de que esta igreja he uma dellas,
eram também Curas da apresentação do Vigário da Nave os párocos de Foios,
Lageosa da Raia, Ruivós, Ruvina, Vale de Espinho, Vale das Éguas e Vila Boa, povoações
que como freguesias tinham administração independente e nas quais o reitor da Nave só podia celebrar sob
licença do respectivo Cura.
Todos estes párocos pagavam ao
Vigário da Nave, como representante do Vigário Geral e pelo simples facto de
este assinar os livros de registo, uma renda anual em dinheiro, centeio, trigo
ou vinho de que posteriormente daria contas ao Bispado conforme o número de
registos feitos em cada lugar, cujo valor era mencionado em cada registo,
principalmente nos dos óbitos.
Não encontramos, nas memórias
paroquiais da época, qual o valor da contribuição do Soito, sabemos porém que
em 1758 Ruivós pagava 68 alqueires de centeio, outros tantos de trigo e 600
reis, Vila Boa pagava 40.000 reis, Vale de Espinho 50 alqueires de trigo, 50 de
centeio e 3.000 reis e os Foios 120 alqueires de centeio e 6.000 reis.
Efectivamente, em 3 de Janeiro de
1660 já o Padre Domingos de Faria refere Freguesia
de Nossa Senhora da Conceiçam do Lugar do Souto Sima Côa.
Nas Memórias Paroquiais de 1758, o
Reytor da Nave padre Luís Tavares diz no item 6: “A parrochia Igreja Matriz está fora do lugar hum tiro de mosquete e nam
comprehende mais lugares nem aldeãs que a ella sejam obrigadas, senam a
referida Aldea das Donas”
ticarlos
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