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Abastecimento de água

Abastecimento de água ao Soito

A água consumida pelos nossos antepassados não muito distantes, nem sempre era da melhor qualidade, principalmente no verão devido ao calor e às condutas, abertas e pouco cuidadas, que estavam sujeitas a todo o tipo de detritos.
Embora as nascentes dos arredores fossem límpidas, a povoação abastecia-se normalmente de poços, um no Vale frente ao fontanário, outro no Corro, outro na Rua do Poço, ou fontes de chafurdo das quais ainda existem duas; uma ao fundo do povo junto à ponte do antigo caminho, outra no Robalbo. Esta fonte e lavadouro terão mais de 300 anos, Também me lembro de uma mina no caminho hoje chamado Rua de Trás de Soito, logo atrás da casa do Sr. José Augusto Aristides e cuja nascente abastecia um antigo  lavadouro no Cruzamento da Avenida São Cristóvão com a Avenida de Santo António, outrora localizado na parte sudeste do Lameiro do Soito.
Em 23 de Setembro de 1907 foram contabilizados nas contas da Câmara 45.000 reis pagos a “João Martins Simão, pedreiro, do Soito, referentes a jornais empregues na exploração das águas no chafariz do Soito e purificação das mesmas” Este chafariz seria possivelmente o do fundo do lugar.
Em 28 de Julho de 1932 são pagos ao Presidente da Junta 4.750$00 para água e em 22 de Setembro do mesmo ano a Câmara paga à firma Herbert Cassels e Filhos no Porto, tubo galvanizado para a freguesia do Soito 3.667$00
Em acta de 6 de Outubro de 1932 são dadas ao Soito as verbas de 3.656$00 para canalização e 10.493$00 para águas, escola e calçadas, ficando a fiscalização a cargo do vogal João Baptista Carrilho.
Em 1938, há, nas contas da Câmara, uma verba de 15.000$00 para abastecimento de água ao Soito e em 1939 uma importância de 35.000$00 e outra de 70.000$00 com o mesmo fim.
Os projectos definitivos para o abastecimento de água ao Soito, Aldeia da Ponte e Espinhal foram elaborados pela Federação dos Municípios da Beira Serra em 1940 e estavam concluídos em 1941.
É de salientar que esta Federação foi a primeira do género no país, criada em 1937 por iniciativa do então Governador Civil da Guarda; Capitão Carlos Augusto de Arronchela Lobo.
O abastecimento de água ao Soito só foi inserido no plano para 1946 em sessão de 1 de Setembro de 1945 sendo dotado no orçamento com a importância de 375.000$00. 
Em 26 de Janeiro de 1946 a Câmara informa a Urbanização que as obras das águas no Soito já começaram e estão incluídas no plano trienal 1946/49.
A 15 de Fevereiro de 1946: pagamento do projecto de abastecimento de água no valor de 17.323$00.
A vala que acolheria a tubagem desde a nascente até ao depósito e seguinte até ao povo foi aberta, á pá e picareta, pelos moradores do Soito, pois todos tinham que ir ou mandar alguém em seu lugar.
Em 1947 o povo foi dotado com algumas fontes e chafarizes públicos, nomeadamente os da Praça, da Macieira, da Carreira, do Forte, de Santo Amaro e do Fundo do Lugar.
Em 10 de Setembro de 1949 é decidido canalizar a água para as escolas do Soito.
As primeiras ligações de água a casas particulares aconteceram devido a uma decisão da Junta tomada em sessão de 17 de Julho de 1955 e em 18 de Dezembro do mesmo ano foi aprovada a compra de contadores para esses ramais.
Em 10 de Fevereiro de 1957, a Junta autoriza Manuel de Oliveira Ruço a fazer a ligação da água até à fábrica de refrigerantes, desde que a expensas suas e sujeito ao pagamento de uma mensalidade de 30$00 mais 1$50 de imposto de selo.
Em 27 de Abril de 1958 e porque as águas sobrantes do chafariz de Santo Amaro corriam pelas ruas, foram vendidas por 500$00, ao único licitante; Joaquim Simão Palinhos que devia custear a ligação até à sua propriedade.
A 30 de Março de 1961 é lido um ofício da Junta à Câmara sobre o facto de os tubos da canalização de água (então feitos de ferro) estarem já deteriorados e em 26 de Junho do mesmo ano, o Vereador José Martins Garcia pede à Câmara que faça uma exposição ao Ministro acerca do problema das águas do Soito ao qual aquela responde que deve ser a Junta de Freguesia a faze-lo.
Na acta de 8 de Julho de 1963 consta a informação que o Estado comparticipa o abastecimento de água com 502.650$00 conforme oficio 2317.
O abastecimento de água foi autorizado em sessão de 10 de Setembro de 1963, tendo o projecto custado 17.323$00 conforme acta da sessão de 15 de Fevereiro de 1964 e mandado adjudicar em acta de 25 de Fevereiro de 1964 pelo preço de 619.400$00, mas as obras desenvolveram-se durante vários anos já que em sessão de 13 de Fevereiro de 1965 é mencionada a verba extraordinária de 323.176$00 gasta no ano anterior. Em 15 de Fevereiro de 1966 a quantia gasta cifra-se em 197.396$00 e em 15 de Fevereiro de 1967 segundo as contas do ano findo são contabilizados mais 136.660$00 para esse fim.
No orçamento para 1968 elaborado na sessão de 13 de Setembro de 1967 há uma verba de 90.393$00 para abastecimento de água.
Em sessão de 9 de Janeiro de 1968, a Câmara é informada pelos seus serviços que no Soito, os proprietários fazem a ligação dos ramais de água sem a devida autorização e contracto, e intima as pessoas nestas condições a “regularizar a situação até ao fim do mês, sob pena de responderem civilmente pelas perdas e danos verificados”
Em continuação e acerca do problema das águas em acta de 27 de Maio de 1969 foi dito que o “extravio da água se deve ao facto de terem sido feitas ligações ilegais e em material sem qualidade o que provocou a perda de água com nascentes na via publica e ligações antes do contador e para quintais privado. 
Foi decidido reparar a canalização e tornar extensivas as disposições regulamentares aprovadas superiormente, à povoação do Souto”
Em 23 de Setembro de 1969 e porque a verba atribuída pelo Estado não foi investida na totalidade, é lido um ofício da Urbanização a informar da existencia de um saldo de 11.820$00, mas que expirado o prazo para o seu levantamento se torna necessário requerer ao Ministério das Obras Públicas a anulação da multa a que se encontra sujeita esta verba por não ter sido utilizada.
A Direcção de urbanização comparticipa o abastecimento de água em mais 52.500$00, conforme se pode ler na acta de 11 de Novembro de 1969
A propósito das águas do Soito extraímos da acta de 17 de Janeiro de 1975 o seguinte texto: Foi presente uma exposição subscrita por João Pereira Nabais, Eugénio dos Santos Barreto (seria Duarte) e Manuel Joaquim Fogeiro de Carvalho, informando o seguinte; O povo da freguesia do Soito, consciente das responsabilidades que lhe cabem perante o actual momento político do País, reunido em Assembleia-Geral deliberou o seguinte; Foi decidido por aclamação geral, que o pagamento do consumo de água desta freguesia será feito na própria freguesia, ficando a quantia correspondente na posse de uma comissão até à reestruturação da Câmara Municipal do Sabugal, para nessa altura se proceder à discussão do problema entre as duas partes interessadas. Apresentando-se nesta Câmara Municipal os senhores João Pereira Nabais e Manuel Joaquim Fogeiro de Carvalho e não se chegando a um completo entendimento ficou o assunto para ser resolvido muito em breve.
Porque a canalização, feita em ferro era de curta duração e já se encontrava de novo deteriorada, em 26 de Novembro de 1979 o então Vereador José Fernandes Oliveira, pede melhoramentos no abastecimento de água ao Soito, mas só em 1983 essas obras foram feitas e renovada toda a rede de canalização.
Pela acta de 18 de Janeiro de 1983 ficamos a saber que houve uma única proposta para esse trabalho no valor de 5.710.450$00 da firma Serras e Contente a que a Câmara contrapôs o valor de 4.500.000$00
Em 17 de Maio de 1983 foram pagos pela Câmara 1.231.940$50, em 23 de Janeiro do ano seguinte para 228 ramais de água e 43 de saneamento no valor de 1.440.440$00 e em 14 de Fevereiro mais a importância de 1.508.930$00.
Em 19 de Setembro de 1983 foi autorizado o pagamento de mais 2.002.220$00.
Em 6 de Fevereiro de 1992 é aberto concurso para reforço de abastecimento de água com a base de licitação de 20.150.000$00
A 16 de Julho de 1992 e face à falta desse precioso líquido, a Câmara decidiu reforçar o abastecimento a partir de um poço do Sr. José Augusto de Carvalho, comprometendo-se a pagar a energia eléctrica consumida.

Em 2004 e 2005, durante uma das maiores secas dos últimos trinta anos, o Soito forneceu, por intermédio dos Bombeiros, água para numerosos povos da região e milhões de litros foram sugados do antigo poço da Cristalina, situado no Ribeiro do Bispo, e transportados para outras povoações ou industrias aí sediadas.
ticarlos 

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