Minas de volfrâmio, arsénio
e titânio, no Soito
Desde tempos imemoráveis que a atividade mineira se
desenvolveu um pouco por todo o país e o Soito também não se alheou desta fonte
de riqueza, tendo, dentro dos seus limites, inúmeras minas registadas.
As primeiras que constam em registos oficiais datam de
1874 e foi Diogo Lopes, natural de Vale de Espinho, casado e residente no Soito
a registar em 2 de Abril desse ano uma mina de cobre e outros, no limite de
Aldeia Velha.
Em 28 de Maio de 1880, várias minas, entre elas uma na
Malhada Alta, em terrenos pertencentes a Domingos Rodrigues da Calva, registada
pelo Padre Félix Gonçalves Neves, natural de Malhada Sorda e Capelão residente
no Soito.
O mesmo Padre, em 22 de Janeiro de 1881, registou ainda
outra mina de ferro, cobre e enchofre nos terrenos baldios a caminho do Cabeço
dos Friados.
Em 17 de Junho de 1882 foi Manuel Gonçalves Garrido
Passave quem registou uma mina de cobre e outros minerais, nas Quelhas do
Espírito Santo, cinquenta metros a sul da Capela, cujo terreno pertencia a João
Antunes Lousa e José Alexandre Jorge Perlouro.
Antes e durante parte da segunda guerra mundial, Portugal
exportava para os contendores, grandes quantidades de minério, porém Salazar
cedeu às pressões dos E.U.A. e da Inglaterra que pediram respetivamente em 28
de Fevereiro de 1944 e 24 de Março seguinte, o embargo à Alemanha.
Em 24 de Maio também o Brasil pressiona Portugal nesse
sentido e em 29 de Maio a Grã-Bretanha invoca a aliança Anglo-Lusa para o
pedido de suspensão das exportações.
Em 1 de Junho, Salazar decide suspender as exportações e
em 6 do mesmo mês informa o embaixador da Alemanha da decisão de suspender o
fornecimento de minério a todos os beligerantes.
No dia 8 é divulgada uma nota oficiosa em que se dá conta
da proibição de exportação de volfrâmio para todos os destinos.
É a partir daqui que se nasce um dos grandes negócios para
o Soito, para toda a região e para grande parte do país.
O contrabando de minério floresce a cada dia que passa;
primeiro, os homens às costas, depois em velozes cavalos transportavam para
Espanha o precioso metal que gerava riqueza para toda a população e que apesar
da proibição de exportação continuava a chegar ao seu destino.
Vindo das Minas da Panasqueira, de Moncorvo ou de outras
fontes, passaram por aqui milhares de toneladas.
Para evitar perseguições e terem provas de que a produção
era local, proliferaram por esta região e nessa época, centenas de minas
(oficialmente registadas) que mais não serviam do que de entreposto.
No Soito, embora não tanto como em outros povos, também
houve algumas minas que os proprietários registavam na Câmara do Sabugal: em 4
de Dezembro de 1941, às onze horas, foi registada no sítio da Quinta da Maria
Gandaia uma mina sob o número 182, de titânio, arsénio e outros minerais em
nome de Francisco Viriato Lopes, outra, 183 nas Carvalheiras no mesmo dia e
mesmo autor, outra, 184, no sitio da Capela de Nossa Senhora dos Prazeres,
freguesia de Aldeia Velha, também registada pela mesma pessoa, outra sob o
numero 185, também do mesmo, situada no limite de Aldeia Velha.
Com o número 188 em 9 de Dezembro do mesmo ano foi
registada por José Martins Garcia, solteiro, de 29 anos de idade uma mina
situada na Serra de Nossa Senhora dos Prazeres, outra com o número 189, pelo
mesmo, no sítio dos Malhões em propriedade dos herdeiros de Maria Martins e
outros.
Esta atividade (transporte de minério) durou cerca de 30
anos e trouxe ao Soito muito trabalho e sacrifício, mas também algum desafogo
financeiro proveniente das mais valias dela resultantes e que a todos
beneficiava, direta ou indiretamente.
Não se compreende que Américo Costa, no seu Diccionário
Corográfico, editado em 1948, volume X, no capítulo dedicado ao Sabugal
(paginas 467,468 e 469 refira largas dezenas de minas e tenha ignorado as do
Soito que estão devidamente registadas e cujos registos podem ser consultados
no Arquivo Municipal do Sabugal, aliás fonte de muita informação que torno
pública.
ticarlos
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