Os
Expostos
Os expostos eram crianças a quem
os pais não podiam dar assistência nem tão pouco alimentação condigna e que por
isso eram depositados na roda dos expostos quase sempre de maneira incógnita.
Embora já anteriormente houvesse
expostos, a roda foi oficializada em 24 de Maio de 1783 no tempo de Pina
Manique, um dos melhores governantes de todos os tempos.
A Câmara, após a entrega,
procurava uma ama para alimentar a criança à qual pagava os serviços e outras
despesas.
O tempo normal de “criação” era
de sete anos, findos os quais as crianças ficavam por sua conta a menos que
fossem doentes ou inválidas e a Câmara prorrogasse o prazo de criação. Algumas
vezes, os pais ou simplesmente a Mãe, talvez devido a uma melhoria nas suas
condições económicas, pediam a devolução da criança, o que era autorizado.
A maioria das crianças provinha
de origem desconhecida e somente uma pequena parte, as provisórias, tinham
origem conhecida.
Porque na maioria dos documentos
apenas consta o primeiro nome da exposta é impossível saber a origem das
crianças, no entanto não é de excluir que algumas delas fossem do Soito.
Para se ter hoje uma ideia da
despesa feita com os expostos basta dizer que em 1857 de uma receita de
4.509.012 reis, eram destinados aos expostos 2.794.514 e somente 1.714.498 para
despesas municipais, isto em 57 freguesias que à altura integravam o concelho e
das quais o Soito pagava, só para os expostos, 116.260 reis logo a seguir a
Aldeia Velha que pagou 118.870, seguia-se Quadrazais com 109.480 e o Sabugal
com 106.070. Vila do Touro e Malhada Sorda foram as outras duas freguesias cuja
contribuição ultrapassou os 100.000 reis.
Durante muitos e muitos anos,
talvez décadas ou mesmo alguns séculos, a despesa com os expostos foi várias
vezes superior aos encargos com a educação.
No Soito houve várias amas
provisórias e também algumas permanentes.
Em 1867 Ana de Oliveira e Maria
Correia eram amas, havia 144 expostos no concelho.
No ano de 1874 os expostos
custaram; as amas 350.340 reis, as amas das crianças provisórias 56.930, filhos
de mães solteiras 98.240 e filhos de pessoas pobres 178.620 o que totalizava 684.130
reis, importância que continuava a representar uma larga fatia da receita da
Câmara.
Em 1868 também Joaquina Esteves
era ama, havia 170 expostos no concelho
Foram ainda amas: Maria Moreira,
Maria dos Santos, Joaquina Nunes, Isabel Dias, Ana Pires, Maria Pereira da
Paula, Isabel Nunes de Marcos e Maria Garcia Nabais.
Foi ama permanente e ainda o era
em Agosto de 1901: Maria Fernandes Farinha.
O salário de cada ama, ao
trimestre, era em 1867 de 2.700 reis e em 1900 de 3.000 mais despesas com
enxoval e outras e um suplemento de 600 reis quando a criança era “paralítica”.
No ano de 1917 foram gastos com
os expostos e outros subsídios de aleitação a crianças pobres 479$06.
Em 1918 ainda funcionava a roda
dos expostos para os quais existia um pelouro cujo responsável era o Vereador
Joaquim Gregório de Abreu e em 23 de Julho de 1927 ainda era contabilizada uma
despesa trimestral com os expostos e outros subsídios a crianças pobres no
valor de 109$80.
A partir de 1919 a Câmara passou
a subsidiar as crianças pobres, cujos pais requeriam oficialmente ajuda, sob
parecer ou informação da Junta da Paróquia e ou do Pároco da Freguesia à qual
pertenciam.
De salientar que de entre o vasto
número de crianças expostas, algumas tiveram um futuro digno entre as quais
destaco D. Clara Laura Freire Falcão que casou com o Dr. Manuel Nunes Garcia
(Bacharel em Direito que foi Presidente da Câmara do Sabugal) em 1 de Abril de
1890.
ticarlos
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